PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

domingo, 28 de junho de 2020

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ROUSSEAU : BIOGRAFIA E PENSAMENTO

Rousseau nasceu em Genebra, na Suíça, em 1712, numa família de refugiados franceses protestantes. Rousseau assinava as suas obras como “Cidadão de Genebra”. Ficou órfão ainda muito cedo, e levou uma vida errática, trabalhando como balconista, entalhador e professor particular. Rousseau saiu da obscuridade em 1749, ganhando um concurso de ensaios, e em 1755 publicou seu primeiro trabalho político importante, o Discurso sobre a desigualdade.
Em 1756, Rousseau passou um período no campo, até 1762, aonde produziu suas obras mais importantes, em que produziu Do Contrato Social, Emílio e o romance A Nova Heloísa, que despertaram a ira de monarquistas e religiosos, e as duas obras foram desprezadas por autoridades e intelectuais, sendo queimadas publicamente em Paris e Genebra. Foi perseguido e morreu em 1778.
Rousseau produziu um pensamento que contribuiu muito para a teoria política moderna e também para a prática da política concreta moderna, refletindo como o homem poderia viver com liberdade dentro da sociedade, numa concepção otimista da natureza humana, a qual teria, para ele, uma bondade inata. Rousseau dizia que os homens eram iguais socialmente, mas que os sistemas sociais que se fundavam na propriedade privada produziram a exploração e a desigualdade.
Rousseau defendia uma democracia direta, inspirado na cidade-Estado em que nasceu, Genebra, aonde esta poderia ser aplicada, e sua defesa da liberdade do homem em seu estado natural levou Rousseau a ter um importante papel para abrir caminho para os direitos humanos. Diante dos filósofos que o precederam, temos o jurista e filósofo holandês Hugo Grotius até o inglês Hobbes, que conceberam noções sobre direitos em termos de posse, poder ou de construções societárias legais. A noção de liberdade defendida por Rousseau se reflete muito nos documentos do século XX, como a Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. E seu nome foi uma inspiração para a Revolução Francesa de 1789, tendo um de seus líderes, Robespierre, grande admiração por ele.
Rousseau dizia que o homem era bom por natureza, mas que sofria influência da sociedade e se corrompia, e um dos sintomas que demonstrava a falha da civilização era a desigualdade, que seriam de dois tipos: a que se deve às características individuais de cada ser humano e aquela causada por circunstâncias sociais. A desigualdade social, muito ligada à propriedade privada, suprimiu a liberdade dos indivíduos, sendo substituída por convencionalismos sociais baseado nas aparências e na polidez. E o caminho, para Rousseau, que faria o homem recuperar a sua liberdade, seria o autoconhecimento. Mas isso não se dá por meio da razão, e sim da emoção, e traduz-se numa entrega sensorial à natureza.
A ideia do bom selvagem de Rousseau, por sua vez, era uma idealização teórica, que era a ideia do ser humano em seu estado natural, sem ter sofrido as convenções e constrangimentos sociais, era um modo de Rousseau apontar o caminho para a felicidade humana, portanto, não era uma ideia para decretar a falência da civilização, mas para propor um caminho melhor e mais autêntico. E a garantia para a liberdade de cada um em sociedade, por sua vez, seria feita pela democracia, num regime em que todos se submetem à lei, esta que foi elaborada de acordo com a vontade geral.
Rousseau, com a sua ideia de que havia uma bondade inata no homem natural e que a sociedade corrompia este seu estado de natureza, coloca que o surgimento do Estado na História representava um contrato social que os homens fazem para obter segurança e a defesa dos direitos, mas que acaba por se tornar um meio de concentração de poder.
Rousseau é um crítico de dois filósofos contratualistas, que são John Locke, com seu parlamentarismo, como solução para a organização social, e Thomas Hobbes, que defendia a monarquia. Rousseau entendia que os homens deveriam participar da criação das leis para ser verdadeiramente livre, numa proposta de democracia direta, dizendo que Hobbes e Locke tinham propostas em que as leis eram elaboradas por uma elite, que as faziam para defender seus interesses particulares e gerando a desigualdade.
Rousseau publica simultaneamente, em 1762, suas duas obras principais, Do Contrato Social, em que expõe sua concepção de ordem política, e Emílio, um tratado sobre educação, no qual prescreve o passo-a-passo da formação de um jovem fictício, do nascimento aos 25 anos. Rousseau queria formar tanto o homem como o cidadão, tendo a dimensão política como crucial em seus princípios de educação.
Rousseau, entre seus pares do Iluminismo, destoava em sua reflexão filosófica e ideias em relação com eles, pois, por exemplo, Voltaire e Denis Diderot, e todos os iluministas, elevavam a razão à primeira categoria do conhecimento e de entendimento da existência, valorizavam a cultura acumulada ao longo da história da humanidade, enquanto Rousseau defendia a primazia da emoção e afirmava que a civilização havia afastado o ser humano da felicidade.
Enquanto Diderot organizava a Enciclopédia, que pretendia sistematizar todo o saber do mundo segundo uma perspectiva iluminista, Rousseau pregava a experiência direta, a simplicidade e a intuição em lugar da erudição, e Rousseau também rejeitava o racionalismo ateu e recomendava a religião natural, pela qual cada um deve buscar Deus em si mesmo e na natureza. 
Sugestões de filmes e documentários :
Jean Jacques Rousseau - documentário Filósofos e a Educação : https://www.youtube.com/watch?v=aU-j6Y5-Sfw&t=6s

Gustavo Bastos, filósofo e escritor.




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