PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

ANIMA POÉTICA

A alma, uma peça de teatro, o fantasma
que serve ao último sinal, não se socorre
de seu próprio fogo, não desvia o pecado
que lhe clama a pecar, ferve em sua pena
esta água brava dos poemas no susto.

Risos espoucam sobre os faunos,
uma cor rubra fervilha nas rondas do poeta,
e os sorrisos lhe enervam as lágrimas.

Pois está dado seu campo e seu caminho,
tal a estrada de toda a vida porvir,
pois de lume vigor e fado,
pois está de destino e atração
a luta tresloucada,
com um poema brotando
de súbito.

A alma, esta estrangeira dos tempos modernos,
não se socorre desta alegria e nem do êxtase,
não desvia o pecado que lhe chama,
e qual fogo derrete o coração ao tiro da morte,

A alma não se evade deste termo capital:
seu luto e sua luz não são deste mundo.

21/09/2016 Gustavo Bastos

DOS MARES PARADISÍACOS

De uma expressão inteligente e bem-nascida,
o ópio culmina em aspergir seu lume.
E o broto que descortina, de uma ponta à outra,
seu caule dócil sob as estrelas recônditas,
traz deste lume o lápis-lazúli dos olhos.

Em que toda a constelação das naus foge,
qual bússola e o astrolábio que enlouquecem
na queda abrupta da rotação terrestre,
como um espasmo ou terremoto de latitude
forjada em brutos solilóquios do viajor.

Dantes o vinho clamava por estes mares,
e ia e ia, e voltava e voltava,
aos cantos d`além e d`aquém,
ia e ia, voltava e voltava,
como um pássaro roto na fuga destes mares.

De todo o corpo bronzeado sobre a enseada,
um aedo inventava, um rapsodo repetia,
e o veneno destes bruxos de mansardas
eclodia o coração marítimo dos odres cheios,
e os atletas sugestionados se afogavam.

Como tal, as ondinas chamavam este luto de Ulisses,
qual a morte terrífica que absorve a luz,
luzidio este campo de meu lume de ópio,
como um bravo guerreiro de poema,
como um gládio que me sustenta.

Este poema, que dá o hausto e o sopro ao viajor,
dá-se de todo ao coração mais amplo do caminho,
e julga o próprio cintilar com ombros sob o mundo,
um Atlas sorvendo os dias de pecado,
um Sísifo ou Prometeu da dor fundada.

Pois, do brilho inteligente do universo,
este tens o começo como um homem imortal,
e que de sua queda se perde na correnteza,
e fala ao coração dos dias este terror de se perder,
e anuncia qual farol o lume que lhe chama.

Do prazer mudo deste ópio do sol,
mesmo as sombras ficam esparsas,
e o lume, luzidio, como um farol,
grita por sobre Vênus na hora dos argonautas,
com o velho do mar e seu cajado na fronte da espuma.

Já está o mar indócil em sua tempestade,
e suas espumas beijando a praia,
e o viajor, a vítima de seu sopro,
num último ato ao sabor deste vento intempestivo,
com as lacerações de seu peito inconteste.

Este poema, com o livro registrado sob bruma,
cruza os oceanos sob a luz convertida em fogo,
cruza o infinito com o brilho subindo a fúria,
e o rico emblema de poesia como o ópio dos sonhos
de paraíso que se perdeu no tempo da vida.

21/09/2016 Gustavo Bastos

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

GAY TALESE, EM VIDA DE ESCRITOR, É UM REPÓRTER - PARTE II

"''Escrever é como dirigir um caminhão de noite, sem faróis, errando o caminho e passando uma década numa vala''

Gay Talese, quando se tornou um jornalista que também era escritor, teve no Times, o que não surpreende, a sua ideia original, e que lhe renderia bons frutos, reconhecimento e fama como escritor e um dos expoentes do novo jornalismo, como ele relata em Vida de Escritor: “As referências ao sr.Ochs nas conversas entre Garet Garrett e meu pai deram-me a ideia de focalizar, como tema de minha dissertação de fim de ano, o dono do Times, que falecera em 1935. Eu teria gostado de entrevistar Garrett a respeito de seu antigo patrão, mas meu pai foi contrário à ideia, talvez por temer que minha intrusão lhe custasse um freguês. Mas eu havia anotado algumas coisas que tinha escutado, e depois encontrei informações sobre Ochs na biblioteca da cidade. Buscando informações sobre o sr.Ochs em biografias e enciclopédias da biblioteca, vim a acreditar que eu estava predestinado a escrever sobre esse homem, que em minha dissertação de cinco páginas eu chamaria de “O Titã do The Times””.
E tal dissertação viraria livro, finalmente, quando Gay Talese nos relata, mais uma vez: “Vinte anos depois, em 1969, eu pensaria nesse trabalho escolar como a gênese de meu manuscrito de 698 páginas sobre Ochs e sua dinastia. O livro foi publicado por uma companhia especializada em imprimir e distribuir Bíblias. Os editores da empresa ficaram satisfeitos com o fato de eu ter dado ao livro o título de O reino e o poder, por julgarem que, além do interesse que o livro pudesse ter para o público geral, talvez conseguissem vender muitos exemplares para leitores religiosos erroneamente convencidos de que a obra transmitisse uma mensagem espiritual. O livro foi o mais vendido nos Estados Unidos em 1970.” Ou seja, sucesso, Gay Talese se consolida como um jornalista que é também escritor, e não é só o reconhecimento de seu nome, como também alguém que vendia bem seus livros, “O reino e o poder” lhe coloca praticamente no olimpo do mercado literário norte-americano. Mas, em Vida de Escritor, que é uma narrativa sobre fracassos, Gay Talese também retrata como alimentou algumas obsessões, tais como a sua ideia sobre restaurantes, no que segue em seu relato: “Em diversas oportunidades, durante o longo período em que fui cliente do Elaine´s, considerei a possibilidade de escrever um livro sobre Nicola Spagnolo, Elaine Kaufman e os grupos de literatos e outras personalidades que ali conviviam todas as noites. Cheguei a acreditar que seria capaz de produzir uma versão nova-iorquina de Paris é uma festa, de Ernest Hemingway, ou de Na pior em Paris e Londres, de George Orwell. (...) Se eu imaginava George Orwell como uma espécie de Dante a descrever um purgatório de panelas e frigideiras em seu livro Na pior em Paris e Londres, via a mim mesmo produzindo um Decameron de salões de jantar, banqueteando-me com histórias de clientes, de donos de restaurantes e seus funcionários, dando um jeito de fundir esse material numa narrativa coerente. Na década de 1970 comecei a escrever um diário sobre restaurantes, no qual anotava o que havia observado e escutado em minhas visitas noturnas ao Elaine´s e a outros restaurantes. Mantive esse hábito, de modo intermitente, durante os trinta anos seguintes. Na verdade, era sobre o mundo dos restaurantes que eu estava escrevendo durante o verão de 1999, quando assisti pela televisão à final da Copa do Mundo de futebol feminino entre China e os Estados Unidos.”
Gay Talese, a esta altura, tinha um problema de foco em seus trabalhos, pois se via envolvido com dois ou três projetos diferentes ao mesmo tempo, passando de um para outro quando um dos trabalhos empaca, achando mais sensato pôr de lado o que estava fazendo e reavaliando o material descartado em algum momento futuro. No que Gay Talese nos relata qual era a situação, então: “Em 1974 eu havia começado a descrever muitas cenas e situações por mim testemunhadas em restaurantes, mas elas pareciam demasiado fragmentárias e difusas. Por isso passei para outro projeto que já vinha acalentando, o qual eu finalmente consegui concluir em 1979. Esse livro foi Thy Neighbor`s Wife (A mulher do próximo) – um dos quatro que comecei e terminei entre 1965 e 1999. Mas durante esse período eu também havia começado vários outros livros, sem terminar nenhum deles. (...) Minha curiosidade me impele em várias direções, mas antes de ter investido muito tempo – meses, anos – não sei em absoluto se um assunto escolhido há de manter meu interesse. Às vezes jogo no lixo vários rascunhos que escrevi, mas em outras ocasiões ponho um trabalho de lado, arquivo-o, um ou dois anos depois releio o que fiz, às vezes reescrevo e volto a guardá-lo. Vez por outra, concluo que no fim das contas não vale a pena conservá-lo, e aí rasgo tudo e me liberto daquilo para sempre.”
Ou seja, os dilemas de Gay Talese eram produto de um interesse tão grande que se perdia em foco, e suas escolhas agora viam mais do que se descartava como enfadonho do que por uma escolha pelo melhor trabalho a realizar, e seu relato ganha a sua dimensão de um problema de escritores, quando ele nos diz: “Muitas vezes, escrever é como dirigir um caminhão de noite, sem faróis, errando o caminho e passando uma década numa vala. As coisas eram muito mais simples quando eu trabalhava como jornalista. Naqueles dias de juventude, um editor me mandava escrever uma determinada matéria, eu dispunha de um certo tempo para terminá-la e, estivesse ou não inteiramente satisfeito com o resultado, era obrigado a entregá-la, antes do prazo final, ao editor, que a passava ao copidesque, depois do que ela ia para a linotipia, e a partir daí eu não tomava mais conhecimento dela, até que a via na próxima edição do Times. No dia seguinte, o processo se repetia.” Ou seja, para ele, no fim das contas, as coisas funcionavam no ritmo veloz do jornalismo padrão, em que a demanda e o tempo ignoram qualquer preciosismo de um escritor cuidadoso ou demasiado profundo em seus trabalhos, pois ter uma coluna ou uma resenha não dava tempo de respiro, e por sua vez dava fôlego, o que ia contra o esmero de um escritor que quer chegar no âmago de algo que o jornalismo convencional simplesmente ignora, pois o que importa é entregar o texto, e não uma obra-prima.
Gay Talese prossegue no seu relato em Vida de Escritor: “O livro que, por contrato, eu deveria concluir na década de 1990, mas que até então não havia entregue a meu paciente e ansioso editor, deveria ser a segunda parte de Unto the Sons. Esse livro tinha como foco meus pais e minha ascendência italiana; já sua continuação deveria ser minha história, um relato autobiográfico de minha vida de semiassimilado nos Estados Unidos, na segunda metade do século XX. Comecei esse livro em 1992, escrevi e reescrevi a abertura dezenas de vezes, mas nunca cheguei a ir muito longe. (...) O que me bloqueava, creio, era a imprecisão de minha persona e o fato de que eu não sabia onde ambientar minha história. Eu não fazia a menor ideia de qual era minha história. Nunca havia refletido muito sobre quem eu era. Sempre me havia definido através de meu trabalho, que sempre tratava de outras pessoas. No entanto, eu tinha um contrato para escrever um livro. Havia assinado o contrato para a continuação de Unto the Sons em 1992, e tinha também aceito do editor, na época, um adiantamento de seis dígitos, quantia que, presumivelmente, cobriria minhas despesas correntes durante o período de três anos, tido como suficiente para que eu pesquisasse, escrevesse e por fim entregasse à editora um manuscrito que merecesse ser publicado e se tornasse, oxalá, um best-seller.”
A condição criativa de Gay Talese, portanto, não era das melhores, no que ele nos dá a sua situação, que pode ser julgada, de vários ângulos, como impressionante, para o bem e para o mal: “No fim de 1995, não tendo entregado uma só palavra à editora – embora garantisse regularmente, em cartas e faxes, que estava avançando – eu me achava tecnicamente inadimplente em relação ao contrato. A editora poderia ter-me processado e exigido a devolução do adiantamento, mas eles nada me cobravam, nem mesmo quando meu atraso continuou ao longo de 1996 e entrou por 1997. O que me salvou de ser processado, creio, foi que a editora sabia que eu me atrasara quatro ou cinco anos para entregar Unto the Sons e A mulher do próximo, dois livros que foram best-sellers. Fosse como fosse, não me pediram que devolvesse o adiantamento, o que me deixou muito grato, pois no fim de 1997 eu já tinha gasto até o último dólar. Embora não se possa dizer que eu tenha ficado reduzido à miséria, pois podia recorrer a poupanças feitas com obras anteriores, sabia que não poderia continuar indefinidamente com meu método de passar de um projeto para outro.”
E Gay Talese, pressionado, tinha que tomar uma decisão, e ela veio, no meio de sua confusão de prazos e prioridades: “Assim motivado, decidi que a segunda parte de Unto the Sons seria ambientada num restaurante. Abri meu arquivo e tirei de lá uma pasta grossa, havia muito deixada de lado, com uma etiqueta que dizia “Restaurantes – obra em andamento”, que continha mais de noventa páginas datilografadas, que começara a se acumular na década de 1970, com notas esporádicas de 1980 e 1990. Depois que Unto the Sons foi publicado, em 1992, pensei em retomar minha investigação sobre o mundo dos restaurantes, mas me contive. Eu precisava de uma trégua na pesquisa, pensei; talvez devesse tentar escrever mais de memória e menos do ponto de vista de um observador e entrevistador. Em pouco tempo, estava esboçando um relato sobre minhas experiências na faculdade, entre os anos 1949 e 1953, na então branquíssima Universidade do Alabama, memórias que para mim prosseguiram em 1965, quando voltei, como jornalista do Times, para entrevistar a primeira formanda negra, e também para fazer reportagens sobre as manifestações pelos direitos civis na antiga comunidade algodoeira de Selma.” Ou seja, Gay Talese percebe que para ganhar em eficiência ele teria de passar de um documentarista obsessivo que não encontra um ponto final e nem inicial em seu trabalho, para o de um memorialista, coisa que ele tinha todas as condições de fazer, e foi fazer.
Por outro lado, na sua passagem no Times, as coisas se lhe tornam favoráveis, no sentido de que seu estilo literário de jornalismo poderia, enfim, ter um lugar dentro do universo do jornalismo padrão das redações: “O diretor de redação do Times, Turner Catledge tinha anunciado sua expectativa de que a redação de notícias se tornasse mais vigorosa, pois a época do jornalismo “só de fatos” estava superada, agora que a televisão era primeira a atingir o público com texto e imagens das notícias de último momento. Em 1958, por sugestão de Catledge, eu tinha sido transferido da editoria de esportes para a geral, como parte de seu plano de dar mais ênfase ao texto e também às reportagens da seção principal do jornal. Mas as mudanças no Times ocorrem devagar, Catledge sabia que seria necessário uma boa dose de treino, paciência e tempo para imprimir uma marca sobre a mentalidade tradicional que predominava no centro nervoso do jornal, que era sua vasta redação, do tamanho de um quarteirão, e embora o publisher da época, Sulzberger, apreciasse e apoiasse Catledge, a velha guarda da redação era partidária dos colecionadores de relíquias que acreditavam ser uma temeridade retocar a fórmula de Ochs (ir direto aos fatos, sem firulas) para estimular talentos estilísticos mais apropriados à redação de nosso concorrente, o New York Herald-Tribune, à beira da falência.”
Em relação ao concorrente do Times e ao próprio Times, Gay Talese nos diz: “Esse último era conhecido havia muito como um jornal de escritores, dirigido no início da década de 1960 por celebridades como Tom Wolfe e Jimmy Bresli. O Times tinha sido sempre um jornal de repórteres, um jornal de registros. Em sua longa história, o Times nunca contratou astros do jornalismo com uma popularidade tão excepcional que pudessem tornar-se indispensáveis, fosse para garantir a bilheteria ou por qualquer outro motivo. O Times era um conjunto. E os tradicionalistas, que envelheciam e não davam importância às preocupações de Catledge com o futuro impacto do jornalismo televisivo sobre os leitores do jornal, acreditavam que a prosperidade do jornal no longo prazo estaria assegurada sempre que seus altos executivos e seus proprietários permanecessem fiéis às máximas do sr. Ochs. Por fim, o Times era uma empresa familiar. Nenhuma decisão importante sobre as políticas ou as práticas do jornal podia ser posta em prática sem o imprimátur da facção Ochs-Sulzberger que estivesse no comando.”
E em relação aos anseios de Gay Talese e a realidade, ele nos diz como as coisas eram no universo conciso e rápido da vida de jornalista, e não de literato: “Mas nada do que se publicava era mais perecível do que o que escrevíamos. Isso me incomodou quando eu era novo na redação. Como católico, eu tinha sido condicionado a pensar em termos de vida no além. Uma vez, quando eu estava suando em cima de uma matéria, com medo de perder o prazo, ouvi um repórter veterano que me chamava do outro lado da sala: ‘Vamos, rapaz, termine logo com isso! Você sabe que não está escrevendo para a posteridade’. Eu não sabia. Eu me atrasava habitualmente para entregar matérias porque as reescrevia com frequência, acreditando que o que eu escrevia seria preservado eternamente em microfilme nos arquivos do confiável jornalão de Ochs. (...) Eu me imaginava como um monge desenhando as iluminuras do Livro de Kells, um orgulhoso escriba à espera de que minha elegante prosa causasse uma impressão duradoura. Nós, jornalistas, na minha opinião, éramos os supremos cronistas dos acontecimentos contemporâneos, a infantaria para os historiadores. Com o tempo, no entanto, admiti a contragosto que a observação de meu colega mais velho era correta. Não escrevíamos para a posteridade. Nós, jornalistas, às vezes parecíamos mancomunados à indústria de fast-food, como preparadores de lanches para consumidores de informações e ideias servidas quase sempre meio cruas. O que escrevíamos às pressas era frequentemente incompleto, confuso e inexato.”
E uma ponta de esperança surgia no horizonte, mas por pouco tempo, como Gay Talese nos relata em seu Vida de Escritor: “Antes de minha viagem ao Alabama para o encontro de ex-alunos, tive contatos frequentes com a nova editora da New Yorker, Tina Brown, uma britânica de quarenta anos, loura e formada em Oxford, e num dia de verão de 1993, fiquei feliz e honrado quando ela expressou o desejo de que eu me tornasse colaborador permanente de sua revista. Eu teria meu próprio gabinete na redação, disse ela, e seria identificado pelo título de “livre-escritor”, que ela conferia a Norman Mailer quando ele trabalhou na Vanity Fair. O que me atraiu na proposta de Tina foi o alívio que me proporcionaria, pelo menos durante o ano em que estaria contratado pela New Yorker, de minha ridícula vida de autor prolífico de manuscritos inacabados.”
No entanto, a sua situação como escritor era a seguinte, segundo o próprio Gay Talese: “Apesar de todo o tempo que eu tinha dedicado a me familiarizar com personagens de restaurantes como Nicola Spagnolo, Elaine Kaufman e Robert Pascal, e não obstante meu mergulho na história da construção do azarado edifício Willy Loman no número 206 da rua 63 Leste – e de toda a minha pesquisa sobre os problemas do Alabama – eu não tinha nada que pudesse mostrar como um livro em andamento. (...) Se eu trabalhasse para Tina Brown não teria essa opção, nem teria muito tempo para ficar ruminando. Eu me tornaria parte de uma revista semanal de ritmo acelerado, dirigida pelos instintos infalíveis de Tina e por seu tirocínio a um só tempo jovial  experiente. No entanto, ela tinha direcionado a revista mais para atualidades e para o “agito”, e eu não estava certo de poder me enquadrar nesse esquema, principalmente se ela me escalasse para fazer perfis de pessoas que tinham acabado de ganhar fama ou, de qualquer outra forma, correspondessem ao conceito atual de celebridade. Em meados da década de 1960, um ano depois de sair do Times, gostei de trabalhar para o editor da Esquire, Harold Hayes, com contrato de um ano, mas a Esquire era uma revista mensal, e eu acreditava que com Hayes tinha tido mais espaço e tempo do que Tina Brown poderia me conceder agora, embora eu pudesse estar errado quanto a isso. Era certo, no entanto, que quando eu escrevia sobre gente famosa para a Esquire, essas pessoas já tinham passado de seu auge ou estavam descendo a ladeira do sucesso.”
E a face do fracasso logo levou Gay Talese de volta à realidade crua da rotina de jornalista, mais do que a dos devaneios de um escritor: “Na verdade, comecei a considerar escrever mais sobre o anonimato e o fracasso quando passei a me encontrar com Tina Brown. Todavia, achando que nada poderia ser menos interessante para ela, hesitei em falar sobre isso. Mas estava motivado pela ideia de que poderia sair do estado de indecisão e descontentamento em que me encontrava se escrevesse sobre os descontentamentos e a desesperança de outras pessoas, e achei que devia fazer isso imediatamente, e alegremente, num pequeno livro que poderia ser minha homenagem a Na pior em Paris e Londres, de George Orwell, ele trataria do fracasso, e não era um tema muito excitante para um publisher, mas eu achava que com tantos livros sobre o sucesso no mercado, seria interessante ler algo sobre pessoas que talvez tenham desenvolvido um talento singular para a derrota.”
Gay Talese, então, faz um apanhado geral de suas ciladas como escritor, quando nos relata sua situação concreta, no sentido do que ele tinha abarcado como material, de forma objetiva, para além de suas ideias e do que ansiava: “Passei a primavera e o começo do verão de 1999 voltando a meus arquivos de pesquisa, relendo minhas anotações e reescrevendo algumas das partes das várias obras em que tinha trabalhado mas nunca chegara perto de terminar. Havia 54,5 páginas sobre Frederick Schillinger e as origens do “edifício Willy Loman”. Havia uma introdução de quarenta páginas às minhas memórias, que começava com minha chegada à Universidade do Alabama em 1949. Havia sessenta páginas de um livro de viagens que contava minha primeira visita à Calábria, em 1955. Havia a sinopse de um livro e noventa páginas datilografadas de notas referentes aos problemas financeiros da empresa automobilística Chrysler, tema que eu tinha explorado em 1982, fazendo muitas entrevistas com executivos da Chrysler em Detroit e com seus sócios, da Mitsubishi, em Tóquio. Havia também em meu arquivo algumas pastas com a etiqueta “Os Bobbitt – Obra em andamento (1993-1994)”. Eu provavelmente teria jogado isso fora havia muito tempo se não fosse o conselho da editora da New Yorker, Tina Brown, para quem o tema poderia algum dia dar um livro curto.”
E a circularidade do livro Vida de Escritor finalmente se conclui, nas palavras de Gay Talese, pois é na dispersão que lhe vem mais uma ideia: “Em julho de 1999, quando estava em Nova York, tentando escrever e livrar-me do beco literário sem saída que havia feito minha vida profissional estagnar. Quando não estava lutando com palavras e parágrafos em minha mesa de trabalho, entregava-me a atividades tranquilizantes, dentre elas ver jogos de beisebol ou outros eventos esportivos em meu pequeno televisor. Para mim, aquele foi um verão de zapeamento. Foi quando pela primeira vez senti o impulso de voar para o outro lado do mundo a fim de entrevistar Liu Ying, a jovem chinesa que havia perdido o pênalti na final da Copa do Mundo feminina entre a China e os Estados Unidos, o que custara o título à sua equipe. Logo, eu estava num jato que ia para o Extremo Oriente. E cinco meses se passariam antes que eu voltasse para minha casa em Nova York.” E Gay Talese conclui o seu périplo, ele dá várias voltas e Vida de Escritor é um apanhado geral destas voltas e reviravoltas de seu trabalho como jornalista e escritor, de seus anseios e o conflito brutal entre o ideal e o real, que pode ser entendido como a fonte dos dilemas que perpassam todo o livro Vida de Escritor, e uma das razões da circularidade em que tal obra se consuma.

Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Link da Século Diário:  http://seculodiario.com.br/30624/17/gay-talese-em-vida-de-escritor-e-um-reporter-parte-2

domingo, 18 de setembro de 2016

LORD BYRON, UM DOS MAIORES POETAS INGLESES – PARTE I

“Os dois primeiros cantos de Childe Harold foram publicados em fevereiro de 1812”

ORIGENS
George Gordon Byron nasceu em Londres, em 22 janeiro de 1788, filho do capitão John Byron e de Catherine Gordon de Gight. O avô de Byron, o almirante John Byron, era conhecido como Jack Mau-Tempo, pois alguns diziam que ele vivia em perpétuas tempestades no mar. Seu irmão William, o 5º Lord Byron, que detinha a abadia de Newstead, era um homem de disposição excêntrica, que chegou a matar em duelo um vizinho, crime do qual foi em parte absolvido, e ocasião em que o lorde invocou seus privilégios e retirou-se para as suas propriedades. Também era conhecido como o “Lorde malvado”.
O pai do poeta foi antes casado com Lady Camarthen, Condessa Conyers, da qual teve uma filha, Augusta. Viúvo, John Byron casou-se com Catherine Gordon, que se orgulhava de descender de Jaime I da Escócia, Byron passou a infância na Escócia. E muito se tem falado do defeito de Byron, perceptível em seu andar, mas ele não tinha externamente nenhuma deformidade no pé, segundo o testemunho da Condessa Guiccioli, e sim, ao que parece, um defeito de articulação.
Por sua vez, a sorte para Lord Byron bateu a porta, pois como o neto do “Lorde malvado” tivesse sido morto, Byron passou a herdeiro de Newstead e do título, ao qual ascenderia aos 10 anos, por morte do tio-avô. Mudou-se com a mãe para Nottingham, depois de ter visitado Newstead, que estava arruinada e em desordem.
INÍCIO DE SUA OBRA
Em 1804, quando se mudou para Southwell, Byron, aos 16 anos, iniciou correspondência com sua meia-irmã Augusta. Em outubro seguinte ingressou no Trinity College, em Cambrigde. No outono de 1806 ausentou-se da universidade, para só voltar em 1807. Nadava, cavalgava e atirava bem. E suas amizades de Cambrigde foram duradouras. Em 1807 publicou seu livro de estreia, Hours of Idleness, que ainda não o revelava de todo. O livro teve duas edições, mas foi violentamente atacado em 1808, na Edinburgh Review (por Brougham). Byron enfureceu-se com a crítica, injusta e pesada, e isso deu origem, dois anos depois, a uma sátira, English Bards and Scotch Reviewers, e por causa desse poema, Southey e Byron se tornaram inimigos por toda a vida.
Em 1808 colou grau, e em 1809 sua maioridade foi celebrada em Newstead: no dia 13 de março tomou assento na Câmara dos Lordes. Data desse ano, também, o famoso encontro de Newstead, no qual se bebeu vinho numa taça feita de caveira encontrada no jardim da Abadia e que foi polida e montada: nessa reunião obtiveram-se por aluguel roupas de monges e objetos sagrados, sendo Byron, naturalmente, o abade. O moço escreveu um poema sobre a taça, poema esse que sugestionou nossos românticos, como Castro Alves, que o traduziu.
VIAGENS DE BYRON
Byron resolveu fazer uma viagem ao Oriente, tendo partido da Inglaterra em junho de 1809. Nascia, com esse Byron viajante, o Childe Burun, depois Harold, assim descrito no poema Childe Harold`s Pilgrimage, I, II: “Outrora na ilha de Álbion vivia um jovem/que não encontrava prazer nos caminhos da virtude;/mas passava os dias nas desordens mais estranhas/e importunava com alegria o sonolento ouvido da Noite./Ah! Em verdade ele era um personagem sem pudor,/muito dado à orgia e ao júbilo profano;/poucas coisas terrenas encontravam favor a seus olhos,/exceto concubinas e companhia carnal,/e libertinos ostentosos, de alta e baixa condição”. O tipo estaria na raiz do byronismo que contaminou quase todo o Ocidente em literatura. Provocaram-no não só o Childe Harold como suas repetições posteriores, com outros nomes, mas sempre figuras com a face imaginária e romântica do poeta.
Em março de 1810 estava com Hobhouse em Esmirna, onde continuou a composição do Childe Harold, depois de ter visto os campos de Troia, rumo a Constantinopla, atravessou a nado os Dardanelos, feito sobre o qual compôs um poema, tomando como paralelo o lendário feito de Leandro em busca de Tisbe, Byron já havia praticado façanhas semelhantes de nado no Tâmisa e no Tejo. Em Atenas compôs os Hints from Horace. A remoção dos mármores do Pártenon e outros por Lord Elgin provocou em Byron (março de 1811) “The Curse of Minerva”, poema em que o ato é condenado.
Estabeleceu duradoura amizade com o poeta Thomas Moore, já popular com sua poesia lírica na sociedade britânica. Os dois primeiros cantos de Childe Harold foram publicados em fevereiro de 1812, o êxito do livro foi imenso, segundo o próprio Byron – e isso aos 24 anos – “certa manhã acordei e descobri que estava famoso”. Tomava-se o poema como autobiográfico. Byron começou a frequentar a sociedade londrina dos whigs.
POEMAS:
AS ILHAS DA GRÉCIA, AS ILHAS DA GRÉCIA!: O poema começa exclamativo, hiperbólico: “As ilhas da Grécia, as ilhas da Grécia!/Onde a ardente Safo amou e cantou,/Onde a arte da guerra e a da paz cresceram,/E Delos surgiu, que a Apolo abrigou!” E logo as referências míticas e históricas da Hélade estouram, estes poetas românticos que evocam e invocam os deuses em seus poemas, tal é Byron, e tal era também, e não menos, Shelley, aqui segue o roteiro dos amantes da cultura originária deste grande Ocidente: “Nelas, a musa de Quios e de Teos,/A harpa do herói, o alaúde do amante,/A fama acharam que não dão agora;” (...) “E sonhei, uma hora lá sozinho,/Que livre a Grécia poderia estar;/Pois de pé sobre o túmulo dos persas,/Escravo eu não podia me julgar.” E a guerra contra a Pérsia, cantada pelos próprios gregos, agora são cantadas pelos poetas novos, e segue Lord Byron, em seu canto mítico e histórico, como a lamentar: “Em tuas praias já sem voz/O canto heroico não ressoa agora/E já não bate o peito dos heróis!/Tanto tempo divina, deve a lira/Em mãos como estas decair após?” (...) “Pois que deixou o poeta aqui? Aos gregos/Rubor, à Grécia a lágrima sagrada.” Seu choro cai sobre a antiga Hélade, da qual agora sumiram seus heróis e o poeta com sua lira, reflexo que se apagou na história posterior, aos vindouros, Byron apenas é nostálgico, ou ainda, se faz poeta por lamentar a idade de ouro, e neste caso a poesia romântica ganha este espírito de resgate cultural, que tem na Hélade a sua obsessão.
A THOMAS MOORE: O poema é simples, e se coloca como uma homenagem: “Está na praia o meu bote,/Meu navio está no mar:/Mas antes que eu vá, Tom Moore,/Quero em dobro te brindar!” (...) “Com esta água e com este vinho,/A libação que eu verter/Será – paz aos teus e aos meus/E a ti, Tom Moore, vou beber.” A beberagem tem seu dileto em Tom Moore, uma amizade de poesia e de copo, à taça brindar o poeta e a poesia, e com vinho este brinde se faz com mais charme, pois da beleza o vinho tem de poesia tanto quanto os poetas que dele bebem. 
A DESTRUIÇÃO DE SENAQUERIBE: O poema começa com este canto oriental, do berço da civilização, já em seu grau assírio: “Tendo ouro e tendo púrpura a brilhar em suas cortes,/Desceram os assírios – lobo em busca do redil:/Luziam suas lanças como estrelas pelo mar” (...) “Pois os Anjos da morte as asas na rajada abriram;/No rosto do inimigo, perpassando, eles sopraram;” (...) “E os ídolos quebraram-se nos templos de Baal,/E as viúvas de Assur em prantos erguem seu clamor,/E o poder do infiel, sem que o tocasse a espada ao menos,/Qual neve derreteu-se ao pôr-lhe os olhos o Senhor!”. É a queda dos ídolos, guerra entre a cultura bíblica e os deuses de antanho, a cair Baal, e subir a soberania do Senhor, e Lord Byron a ser o retratista de eras passadas, em sua poesia que era nova para seu tempo, os românticos mais uma vez como pequenos historiadores em versos, mas apontando para seu estilo novo de canto, poesia de qualidade no serviço cultural e erudito de fazer entender quem somos e de onde viemos.
POEMAS:
AS ILHAS DA GRÉCIA, AS ILHAS DA GRÉCIA!
(obs: Don Juan, canto III, LXXXVI.) (Consta de Don Juan, III, depois de LXXXVI. Este hino, escreve Byron, devia ou podia ser cantado assim pelo grego moderno, isto é, de antes da independência, em “tolerável verso”) (LXXXVII).
I
As ilhas da Grécia, as ilhas da Grécia!
Onde a ardente Safo amou e cantou,
Onde a arte da guerra e a da paz cresceram,
E Delos surgiu, que a Apolo abrigou!
Um eterno verão as doura ainda,
Mas tudo, exceto o sol, já descambou.
II
Nelas, a musa de Quios e de Teos,
A harpa do herói, o alaúde do amante,
A fama acharam que não dão agora;
A pátria deles muda está, perante
Sons que passam as “Ilhas dos Felizes”,
Para ecoar no oeste mais distante.
III
As montanhas contemplam Maratona
E Maratona olha para o mar;
E sonhei, uma hora lá sozinho,
Que livre a Grécia poderia estar;
Pois de pé sobre o túmulo dos persas,
Escravo eu não podia me julgar.
IV
Um rei sentou-se na rochosa borda
Que encara Salamina, dom do mar;
Naus, aos milhares, viam-se lá embaixo,
E nações, que eram dele, iam lutar!
Ele contou-as ao nascer do dia,
E ao pôr-do-sol quem as iria achar?
V
E onde estão eles? Minha pátria, onde
Estás? Em tuas praias já sem voz
O canto heroico não ressoa agora
E já não bate o peito dos heróis!
Tanto tempo divina, deve a lira
Em mãos como estas decair após?
VI
Na carência da fama, é alguma coisa,
Preso embora entre raça agrilhoada,
Sentir que uma vergonha patriótica,
Mesmo se eu canto, em minha face brada;
Pois que deixou o poeta aqui? Aos gregos
Rubor, à Grécia a lágrima sagrada.
VII
Só devemos chorar os belos dias?
Chorar? – Deram seu sangue os nossos pais.
Terra! devolve de teu seio uns poucos
Dos espartanos mortos – uns, não mais!
Para novas Termópilas fazermos,
Dá-nos três dos trezentos imortais!
(obs: o poema continua, aqui está sua primeira metade)
(obs2: Verso 4: “E Delos surgiu, que a Apolo abrigou!”: Em Delos nasceram Apolo e Ártemis: a ilha acolhera a errante e perseguida Leto, que lá os deu à luz no monte Cinto. Verso 7: “Nelas, a musa de Quios e de Teos”: Em Quios supunha-se ter nascido Homero; Teos, cidade marítima da Jônia, era a pátria de Anacreonte. Verso 11: “Sons que passam as “Ilhas dos Felizes””: Assinala Byron que as “nesoi macáron” (Ilhas dos Bem-aventurados) dos poetas gregos supõe-se que tenham sido as ilhas de Cabo Verde ou Canárias.)

A THOMAS MOORE
(obs: Este poema foi escrito em 1817. Thomas Moore (1779-1852), conhecido poeta, foi amigo de Byron.)
Está na praia o meu bote,
Meu navio está no mar:
Mas antes que eu vá, Tom Moore,
Quero em dobro te brindar!

Eis um suspiro aos que me amam,
Aos que odeiam, um sorriso;
Qualquer o céu que me cubra,
Enfrento o que for preciso.

Ruja o oceano em torno a mim,
Em suas águas irei;
Um deserto me rodeie,
Nele a fontes chegarei.

Só uma gota no meu poço,
E eu nas bordas a ofegar:
Antes de ir-se o meu espírito,
A ti é que a vou tomar.

Com esta água e com este vinho,
A libação que eu verter
Será – paz aos teus e aos meus
E a ti, Tom Moore, vou beber.

A DESTRUIÇÃO DE SENAQUERIBE
(obs: Originalmente de Hebrew Melodies (1815), o poema figura nas traduções dessas Melodias por Costa Meireles (1869) e Oliveira Silva (1875). O ritmo ternário do texto inglês desmereceria, por martelante demais em português, a equivalência que fosse mantida.)
Tendo ouro e tendo púrpura a brilhar em suas cortes,
Desceram os assírios – lobo em busca do redil:
Luziam suas lanças como estrelas pelo mar
Quando na Galileia, à noite, rola a onda anil.

Como as folhas no bosque quando o estio reverdeja,
Com bandeiras, ao pôr-do-sol, o exército surgia;
Como as folhas no bosque quando o outono se adianta,
Um dia após, sem viço e esparso, o exército jazia.

Pois os Anjos da morte as asas na rajada abriram;
No rosto do inimigo, perpassando, eles sopraram;
E os olhos dos dormidos se apagaram, regelados,
E, após arfar uma só vez, os corações pararam.

Lá jazia o corcel, jazia, ventas dilatadas,
Porém por elas não passava o alento de seu brio;
Branca na grama a espuma via-se de seu ofego,
Fria tal como a onda ao borrifar no penedio.

E lá jazia o cavaleiro contorcido e pálido,
Tendo orvalho na fronte, e com a armadura enferrujada;
E as tendas silenciosas, e as bandeiras já largadas,
As lanças não erguidas, a trombeta não tocada.

E os ídolos quebraram-se nos templos de Baal,
E as viúvas de Assur em prantos erguem seu clamor,
E o poder do infiel, sem que o tocasse a espada ao menos,
Qual neve derreteu-se ao pôr-lhe os olhos o Senhor!

Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Link da Século Diário:  http://seculodiario.com.br/30618/17/lord-byrn-um-dos-maiores-portas-ingleses-parte-1