Sentimento é palavra esparsa,
que designa muitas coisas,
e que a maioria associa
com amor ou paixão.
O que sentimos de tudo que urge
neste mundo de contradições
pode ser ditoso ou fúnebre.
Cada coisa que fazemos,
as escolhas e os acontecimentos,
os dias e as noites que
se sucedem ...
não há território seguro neste mundo
para o que passa no coração.
Sentimento é palavra vaga,
designa coisas que amamos
ou tememos,
suscita miragens e delírios
perigosos, anuncia
um vazio que quer ser
preenchido ...
que seja de rosas,
que seja de violetas,
que seja de orquídeas,
num jardim de paz
em que a alma se refaz
e o poeta já não chora ...
Sentimento é palavra gasta,
mas que nunca se esgota.
09/12/2011 A Lírica do Caos
(Gustavo Bastos)
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
A CHAVE DO MISTÉRIO
A chave do céu no compasso
das estrelas cansa o sonho
Diuturno o véu se rasga
e o poeta se esfacela
Todos os vis delírios da bruma
doloridos temerários insurgentes
no fóssil descavado
o soluço na penumbra
e o caos
do horror das métricas
sem medidas
Corro muito rápido
parece que quase morro
mas o intenso de mim
é um sopro
Naufraguei em velas de tempestades
o sorriso se espantou desperto
eu estive perto
da ruína do esquecimento
Lembrei que sobrou sentimento
sentido de toda lida
quando o sol acorda
no coração de quem
sonha
09/12/2011 A Lírica do Caos
(Gustavo Bastos)
das estrelas cansa o sonho
Diuturno o véu se rasga
e o poeta se esfacela
Todos os vis delírios da bruma
doloridos temerários insurgentes
no fóssil descavado
o soluço na penumbra
e o caos
do horror das métricas
sem medidas
Corro muito rápido
parece que quase morro
mas o intenso de mim
é um sopro
Naufraguei em velas de tempestades
o sorriso se espantou desperto
eu estive perto
da ruína do esquecimento
Lembrei que sobrou sentimento
sentido de toda lida
quando o sol acorda
no coração de quem
sonha
09/12/2011 A Lírica do Caos
(Gustavo Bastos)
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RESSOANDO ENIGMAS
Enfim a eternidade não chegou
Sou o que faço de mim
ou o que a vida faz de mim?
No girar do tempo
caio em claustro
suspiro no húmus da terra
e o horizonte
longe
circunspecto longevo
a eternizar no mármore
a imagem diluída
de toda poesia
Como um mergulho no âmago do meu ser
vejo espessa camada de memória
me atrevo e me acovardo
no mesmo balanço
do enigma das nuvens
De súbito uma música ...
o que fiz e de que fui feito
do que fizeram
nada resta
O sepulcro foi violado
e a verdade nua se fez luz
macabro é o espetáculo dos
meus tentáculos
buscando poesia ...
09/12/2011 A Lírica do Caos
(Gustavo Bastos)
Sou o que faço de mim
ou o que a vida faz de mim?
No girar do tempo
caio em claustro
suspiro no húmus da terra
e o horizonte
longe
circunspecto longevo
a eternizar no mármore
a imagem diluída
de toda poesia
Como um mergulho no âmago do meu ser
vejo espessa camada de memória
me atrevo e me acovardo
no mesmo balanço
do enigma das nuvens
De súbito uma música ...
o que fiz e de que fui feito
do que fizeram
nada resta
O sepulcro foi violado
e a verdade nua se fez luz
macabro é o espetáculo dos
meus tentáculos
buscando poesia ...
09/12/2011 A Lírica do Caos
(Gustavo Bastos)
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Poesia
domingo, 4 de dezembro de 2011
PLATEAU
Tudo rolou sem parar, quando da chegada do grande Homem.
O dilúvio se fez em cima dos facínoras,
Tempestades cruéis de sangue e lodo,
Firmou-se o fim das Eras, o fim que a Guerra não teme.
Mas, o grande Homem, o Todo Poderoso indignou-se ao sabê-lo,
Fez do barro um desgraçado ... o pavio estourou a bomba!
Quem nos fez ardilosamente? Quem nos sanou da Loucura?
Lodo e sangue! Música aos tímpanos, ludíbrio!
Morreu ontem um imbecil sarnento, um gigolô na esbórnia.
Desde o núncio fanfarrão, o Verbo se fez carne, uma carne podre deveras!
Os bois eram os homens, os párocos eram os sub-homens.
Pois o quê? Homem! Este ser estapafúrdio e desregrado,
Por mais aguilhoado e temerário que seja! Um dia só em minha vida ...
E o apocalipse, não ... era uma visão idiota.
Visionário, poeta, uma raça de infortunados, uma raça amaldiçoada,
Tal os peles-vermelhas, os negros.
Eu sou pernóstico, assíduo no pedantismo, colaborador da balbúrdia.
Vou aqui e ali, no profundo do desdém do mundo, iníquo.
Que é a Música? Que é o Dilúvio? Que é a minha máscara?
Basta de jogos! Um cego que vê! Assim mesmo, joguete.
Não saberei a pronúncia das línguas celestes,
Lá, eles são mudos e meditativos.
Mas aqui é treva, a treva sanguinolenta dos prazeres do corpo,
Eu o renego, mas em que porrete?
Lá vai, Profeta! Morra de uma vez!
Um livro, pois, que é a vida, mas a vida grandiosa!
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BAIXEZA
No trânsito escaldante arde a esperança do limbo
Quase como a quermesse e a caverna e o inferno
Que borbulhavam o asfalto asfixiante
No qual a boca sedenta se embriagava.
O mais inconsequente sonho
Possuía o meu tempo, eu saía pela madrugada
Debaixo do mundo estrondo do espaço sanguinolento
Das larvas que me roíam a alma por dentro.
Eu sentia que um milagre seria o maior susto
E o século que veio na caveira do novo milênio
Que subiu ao histérico relógio do tédio
Deixava-me fantasmagórico como o bruxo
Com suas carnes indecentes
No pavio do desespero.
Eu medi cada verme em minha roupa
E fiz um despacho na podre masmorra
Dos estéreis torturados,
Gozei no mistério da morte
Que os olhos amantes
Tomariam o melhor cálice de vinho
Para o pássaro que voou para um lado
Bem de lá da vida submersa.
Eis-me na poesia como um corvo
Um abutre um comedor de fezes.
Seria grande artilharia atrás dos funerais
O meu desdém.
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O SINISTRO
Leve-me daqui para sempre o infinito
Que destrói o mar de barco casco infernal,
Para que a memória se divirta como o sol mergulhará
Em toda entranha puxando do vácuo o tumor
A desdenhosa queimadura dos delírios e o mal
Silente ornato da flor crua do selvagem morto
Acidente em meu jardim de cemitério.
Quero ser o refém dos gritadores dos alcoólatras
Das mocreias dos vampiros das guilhotinas
Que serão toda a vítima, toda a metralhadora
Quando solto o soco nas caras vagabundas,
Sempre quem verá o verão indo por meu coração
Ao fascínio da onda arrebatada do altar negro
Que os demônios tateiam cegos.
Leve-me, ó Senhor, do veneno que adormece
No temporal das inspirações, contarei os suicidas
Os traumas as revelações dos doentes mentais,
Matarei os profetas,
Seriam os horríveis sábios assassinados
E a musa um passeio sob a noite do sinistro.
Leve-me, ó Diabo, demolindo mundos
Eu chorarei para beber sangue
Como o fogo que me dará vida nova,
Eu até o eterno o mar
Que é o amor que fugindo da miséria
Se saciará num banquete de ossos e devaneios.
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PRINCESA DO SUBMUNDO
À espera de quê? Se sirvo bem para nada
E com os seios flores cortei-as,
E como quem não é fada
Mataria a mulher das veias
Que é uma, e aqui eu pego
Os olhos magos do princípio filosófico.
Eu ante o tédio ferveria consciências
Varado por angústias prantos e ânsias
Que varrem o mar insólito
Que anteveio antevéspera do holocausto.
À espera dos sons fúnebres
Participei do vodu, da bruma
E da coisa finda na barca
Do prazer híbrido clamando
O meu espécime raro amando
Que foi um triste
Prazer
Fogo elementar
Com a pátria suada do corpo
Rezando tentações e o pó arriado
Da festança devorada.
Até logo, madame telepática,
Mostra a tua cara paralítica.
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