Minha rosa celestial
Dos albatrozes rasantes,
À esquerda, à direita,
Dando voos sobre os temporais.
Quando eu bebia néctar
Sem o saber
Que era essência do tempo,
Sem bem saber
Que fui mãe outrora
Dos meus versos,
Sem tanto saber
O que dizia, sabendo-me
Oráculo e terror infantil.
Joguei a canastra real,
Deixei o tabuleiro de xadrez
Com ar de lírios ocultos,
Pude rever-me Faraó
Em longínquos sóis desertos,
De tudo em pranto
Pus-me na areia do infinito,
Quando era solteiro e virgem
Como um brilho sobre o funeral,
Como um vinho purpúreo,
Com as velas acesas há tempos
Nos ritos de passagem
Ao buscado cosmos
Dos préssocráticos,
Bebendo a essência do romance
Com o amor de todas as coisas vivas.
Com um órgão especial
Da alma, pus fim ao todo
Num recanto de ilusão,
Via Láctea em espiral
Para dentro do meu sexto sentido,
Assunção do êxtase
Como se dissesse adeus
Ao invés de boa tarde.
Tão longe da beberagem,
Dos conflitos interiores,
Desta mesma alma
Que vos fala
E desfalece em delírios
Astrais.
Com vinte séculos cristãos
Que se fazem
No limite mórbido
Completo e absurdo
Do novo prefácio
Ao novo século
Do milênio a que se dá
Um início turbulento.
Somos a mãe e o pai
Desta época abissal,
Poeira de infinito
Num raio de percepções.
Quem sou eu?
Há 13 horas