PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

O COMBATE AOS CRIMES VIRTUAIS

“temos a iniciativa recente do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que convocou 30 países para combater esta ameaça virtual”

No que se refere aos ataques feitos virtualmente como os ransomware, vírus, malware etc, de uma forma genérica, podemos falar sobre estes vetores de ataque, e o que está relacionado do que se quer atingir, se são dados que podem ser excluídos ou publicados. A forma de prevenção, por incrível que pareça, é simples, pois envolve medidas manuais de backup de dados, seja em nuvem ou num armazenamento físico em HD externo. Também inclui o uso adequado de softwares de segurança.

A gama de dados que são explorados por vetores de ataque podem passar por informações confidenciais, de identificação pessoal e demais conteúdos sensíveis que podem expor o usuário que é vítima deste ataque. Dentre estes vetores de ataque temos os malwares, vírus, anexos de e-mail, webpages, pop-ups, mensagens instantâneas, mensagens de texto e engenharia social.

Ainda podemos enumerar dois grupos de vetores de ataque, que são os passivos e ativos. Dentre os vetores passivos temos ataques que se utilizam de dados, porém sem afetar ou danificar os recursos do sistema, que são os casos de phishing, typosquatting, e demais ataques que usam engenharia social. Dentre os vetores ativos temos um ataque que altera ou danifica a operação de um sistema, que exploram vulnerabilidades, podem falsificar e-mails, e sequestrar dados. 

O trabalho do hacker para preparar o seu ataque consiste em reunir informações sobre seu alvo, e isto pode incluir engenharia social, malware, phishing, OPSEC (operações de segurança) e verificação automatizada de vulnerabilidades. O hacker vai analisando o seu alvo e usa essas informações para escolher a forma como vai atacá-lo, e ele pode então obter acesso ao sistema do usuário, roubar dados e instalar códigos maliciosos, podendo monitorar o computador invadido ou sua rede.

No caso de ataques de ransomware, que atualmente estão bem disseminados, temos a iniciativa recente do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que convocou 30 países para combater esta ameaça virtual. Tal anúncio vem depois de diversos ataques de ransomware contra empresas norte-americanas nos últimos tempos.

Um dos objetivos é combater os crimes virtuais com o intuito de fiscalizar e punir o uso ilícito de criptomoedas e a ameaça dos ransomware à segurança econômica e nacional. Tal iniciativa visa acelerar a cooperação internacional para prevenir, fiscalizar e punir, envolvendo as forças de segurança, e todo um esforço diplomático. 

As empresas de infraestrutura norte-americanas ficaram bem ameaçadas nos últimos tempos, e a reação agora será por uma cooperação internacional para debelar o problema. Outra orientação dada é a de cortar as receitas destes grupos de ransomware e criar formas de perseguição a estes criminosos virtuais.      

O ceticismo de Moscou, por outro lado, com Vladimir Putin, em um país que é um celeiro de criminosos virtuais, pode dificultar, contudo, as iniciativas de combater este problema, e o governo norte-americano e as autoridades dos Estados Unidos buscam, então, maneiras de combate destes criminosos sem precisar da cooperação russa.

O governo norte-americano já fez movimentos recentes antes deste último em relação aos ransomware, uma vez que em setembro os Estados Unidos já preparavam sanções para combater o uso ilícito de criptomoedas em crimes virtuais, e um funcionário do Departamento de Justiça disse à Reuters, ainda em junho, que estes crimes passariam a ser tratados com o mesmo rigor que se dá aos casos de terrorismo. Biden falou do perigo de uma guerra real e o papel leniente ou de dar cobertura a estes criminosos por países como a Rússia e a China.

No chamado caso Wolverine, que envolveu o Wolverine Solutions Group, que é um provedor de serviços de saúde, este acabou sendo alvo de ataque de ransomware em setembro de 2018, em que se criptografou um grande volume de arquivos da empresa, e vários funcionários ficaram impossibilitados de abrir tais arquivos. No dia 3 de outubro daquele ano especialistas da justiça conseguiram descriptografar os dados e restaurá-los, mas tiveram dados que foram danificados, inúmeras informações confidenciais foram para as mãos de criminosos virtuais.

(continua)

Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Link da Século Diário : https://www.seculodiario.com.br/colunas/iniciativas-de-combate-aos-crimes-virtuais

 




terça-feira, 12 de outubro de 2021

LORDS OF CHAOS – A SANGRENTA HISTÓRIA DO METAL SATÂNICO UNDERGROUND – PARTE XII

“temos a noção exata da personalidade de Varg, ele era alguém que vivia da polêmica para entrar na pauta midiática”


Os acontecimentos macabros de queima de igrejas, acrescentados o suicídio do Dead e o homicídio cometido por Bard Eithung, ainda estavam repercurtindo quando o fato mais fatídico da cena black metal norueguesa ainda estava por vir. Toda uma conjunção estava se formando e a polêmica em torno da cena agora seria gerada em seu centro nervoso, que era a relação entre Euronymous, do Mayhem, e Varg Vikernes, do Burzum.

Em Lords Of Chaos, podemos ler : “Oystein também havia conseguido, com ajuda financeira de Varg Vikernes, lançar o primeiro CD do Burzum pela DSP. A segunda empreitada do Burzum, Aske, foi lançada no início de 1993, alguns meses após a queima da igreja de Fantoft. Foi por volta dessa época, nos primeiros meses do ano, que um clima ruim começou a surgir entre Vikernes e Aarseth. Suas desavenças parecem ter surgido no mesmo período em que Aarseth também estava brigando com membros da cena sueca, o que fez surgir uma animosidade geral entre fãs de black metal dos dois países vizinhos.”

E segue o relato em Lords of Chaos : “Havia um certo grau de cooperação entre os dois grupos, mas as recentes fricções haviam sido fortes o bastante para que, quando Oystein Aarseth foi encontrado mutilado na escadaria de seu prédio em 10 de agosto de 1993, as suspeitas iniciais de muitos recaíssem sobre os suecos. A morte de “Euronymous” chacoalhou a cena black metal por inteiro. Até aquele momento, muitos sentiam que conseguiriam se safar incólumes das repercussões de seus feitos - feitos que a essa altura já constituíam uma verdadeira lista de compras que incluía incêndio em igrejas, homicídio, roubo, ameaças de morte, violação de túmulos e vandalismo.”

Portanto, aqui temos uma mudança radical de rumo para toda a cena black metal norueguesa e, em certa medida, também sueca, quanto aos crimes que ocorriam, pois agora algo mais sério estava eclodindo, uma ruptura no centro desta cena, envolvendo um dos principais investidores da cena na Noruega, que tinha contatos com bandas de outros países, e que empreendera pelo selo Deathlike Silence. Euronymous agora estava morto por assassinato. 

Quando se pensava que não faltava uma grande coisa para acontecer na cena, isto fora do universo da composição musical, havia agora algo que superava tudo e era sem precedentes, nada mais estava páreo ao que ocorrera, toda aquela esparrela folclórica da fotografia de Dead com a cabeça explodida era só a introdução macabra desta trama, seu clímax estava no assassinato de Euronymous, colocando a banda Mayhem em torno de uma aura sinistra. 

As investigações em torno do crime começaram e logo chegaram a Varg Vikernes. Em Lords of Chaos podemos ler : “Nos dias que sucederam o fatídico assassinato noturno em Oslo, a polícia iniciou uma investigação sobre a morte de Oystein Aarseth, entrevistando várias personalidades da cena black metal, que ele havia fundado praticamente sozinho. Vikernes supostamente falou para a polícia que o homicídio havia sido certamente o trabalho de pseudosatanistas suecos, que invejavam a ideologia mais hardcore do black metal norueguês.

E segue o relato em Lords of Chaos : “Não demorou muito para que a polícia juntasse as peças sobre o que de fato havia ocorrido. Muitos na cena sabiam que havia uma briga entre Vikernes e Aarseth,  mas não suspeitavam que podia ter atingido proporções tão intensas. Alguns eram mais cínicos, e presumiram que o assassino teria de ser alguém de “dentro” da cena, e havia algumas possibilidades sobre quem poderia ser. 

Ihsahn, do Emperor, ouviu sobre o assunto primeiramente no noticiário noturno : “Eu liguei a TV em casa, e ouvi as palavras “Oystein Aarseth”, e pensei - o que ele está fazendo na TV? Ô merda, o Grishnackh matou ele, eu pensei. Aí liguei pro Samoth e falei : “Eu acho que o Grishnackh matou o Euronymous”. A gente sabia que eles não eram mais amigos e que eles se odiavam, mas o Samoth não achou que era o caso. Eu fiquei meio chocado, porque eu conhecia ele até bem na época. Mas não mudou nada na minha vida, o Euronymous morrer.”

Alguns meses antes Aarseth havia fechado a lendária loja Helvete, pois a mídia e a polícia estavam com uma atenção especial sobre a cena depois dos eventos de queima de igrejas. Agora a polícia estava atrás do assassino dele. Em Lords of Chaos podemos ler : “Após apenas quatro dias de trabalho investigativo a partir da entrevista com Ilsa (uma garota sueca de 16 anos que havia vivido por um breve período com Aarseth), a polícia havia coletado provas e testemunhas o bastante para agir com confiança contra o assassino de Oystein Aarseth. Em 19 de agosto de 1993, eles prenderam Varg Vikernes em Bergen. No desenrolar do caso, eles conseguiriam acusá-lo de muito mais do que só o assassinato.

Há infinitas especulações sobre as motivações para o assassinato de Aarseth. Certamente as relações entre ele e Vikernes haviam azedado. Oystein devia a Varg uma soma significativa de royalties pelos lançamentos do Burzum pela Deathlike Silence, apesar de que, dada a incompetência na administração do selo, isso dificilmente era incomum ou inesperado. Vikernes nega que tenha havido qualquer motivação monetária por detrás de suas ações.” 

A partir deste assassinato, que muitos negaram que tivesse sido uma disputa pela liderança da cena na Noruega, pois Varg se projetava com os crimes de incêndio de igrejas, e Euronymous tinha a sua liderança com a loja e o selo e sua importância por ter praticamente fundado a cena, temos a descrição de suas consequências, em Lords of Chaos, pelas palavras de Samoth, da banda Emperor : “Não foi um choque, mesmo. Eu esperava que não tivesse sido o Vikernes o culpado, porque eu sabia que isso ia dar muita merda. Mas o Vikernes foi preso logo depois, e então foi ladeira abaixo. A polícia começou uma gigantesca investigação na cena inteira, tanto na Noruega quanto na Suécia. O fato de o Euronymous ter morrido não me afetou muito pessoalmente. Mas, por causa do assassinato dele, a coisa toda entrou em colapso, e nós todos fomos presos e acabamos na cadeia.”

Bard Eithun, também do Emperor, em Lords of Chaos, quanto à especulação de que Euronymous queria matar Varg, diz o seguinte : “Eu não sei porque eu estava na Inglaterra na época com a minha banda, o Emperor. Eu ouvi que o Oystein ligou pro Mortiis (baixista do Emperor na época) e estava falando sobre como ele queria matar o Vikernes, mas eu ouvi isso depois do assassinato.” Sobre a tese de legítima defesa, Bard diz : “Isso é besteira. Não tinha nenhum motivo pro Oystein atacar o Vikernes logo após acordar, ainda de cueca. Ele não faria isso. Mas eu consigo entender, porque o Vikernes queria se safar de uma sentença de 21 anos de cadeia por homicídio doloso premeditado. É o natural a se fazer - foi a mesma coisa comigo no tribunal, eu tentei me safar alegando legítima defesa. Mas não é fácil se safar desse tipo de coisa na Noruega.”

Sobre ter tido contato com Varg depois do assassinato, Bard dá um bom panorama da personalidade questionável de Varg : “Absolutamente nenhum. Ele foi preso após o assassinato e eu fui preso duas semanas depois. A gente estava em prisões diferentes e eu não tinha nenhum interesse em escrever pra ele porque ele tinha matado o Oystein, que era um cara que eu conhecia há seis anos e eu gostava mais dele do que do Vikernes na época. O Vikernes começou a ficar com o ego muito grande, depois que ele começou a aparecer no noticiário o tempo todo, e ele achava que ele era importante. O Oystein era mais pé-no-chão. O Vikernes sempre era cheio de planos para todo tipo de merda. Uma noite eram planos de matar diferentes pessoas, outra noite era de queimar coisas, e aí mudava de novo. Ele estava sempre falando sobre queimar igrejas. Não era muito realista.”

Aqui se segue a descrição da cena black metal e toda a repercussão do assassinato de Euronymous. Por este último relato, temos a noção exata da personalidade de Varg, ele era alguém que vivia da polêmica para entrar na pauta midiática, isto se torna evidente a cada relato de fatos e de seu ego. Sua perspectiva lunática, no entanto, não é a de alguém alienado num sanatório, mas de uma ideação perversa e onipotente, e que foi às vias de fato, como um terrorista e assassino, e no caso de Euronymous, o verdadeiro líder da cena, este fica para trás com a própria morte, com a cena se estendendo para além desta fonte, como diz Samoth, que era mestre de si mesmo, quanto ao questionamento sobre a influência de Euronymous na cena. A história toda continua, mas este crime é um marco macabro, superando tudo que já aconteceu em toda a cena, pois envolveu duas figuras de proa na cena da Noruega. Na próxima parte deste textos sobre o livro Lords of Chaos iniciarei com a versão do próprio Varg Vikernes sobre o crime.  


Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Link da Século Diário :

https://www.seculodiario.com.br/cultura/a-sangrenta-historia-do-metal-satanico-underground-parte-xii