Já vai acabando mais um ano, e logo vêm um mundo de projetos para o ano que está vindo. Parece um lugar comum aqueles desejos de paz e felicidade que se repetem toda vez que estamos às vésperas do réveillon, mas não há nada mais humano do que tais mensagens de esperança e amor. Todos nós, pessoas de bem, e , no fundo, também os que pecam na maldade, queremos o melhor. O que diferencia o bem do egoísmo, na verdade, é isto, querer o bem do outro como se quer o bem a si mesmo, não é uma virtude, é um dever, seja você cristão, budista, ateu etc.
Digo que o preceito de Cristo do "amai-vos uns aos outros" é uma lei de sobrevivência da sociedade, não se faz o mundo colecionando inimigos, esses acabam solitários e rancorosos, portanto, é tempo de semear o bem no meio de muitas incoerências presentes nesse nosso mundo tão maravilhoso e confuso ao mesmo tempo, é tempo de mente aberta para a prática da bondade.
Amar o próximo então é, antes de ser uma virtude desejável, uma condição de humanidade para o porvir, senão seríamos seres de natureza hobbesiana, assassinos em série, egoístas narcisistas, e não homens e mulheres. O que nos cabe é cumprir este dever de humanidade, que não é cristão ou budista, não foi criado por Cristo, mas é uma necessidade imposta pela natureza humana, devemos partilhar nossas experiências, nossas esperanças, nossos sonhos, evitar o isolamento, não querer do outro o que ele não pode te dar, mas dar ao outro o que você tem de melhor, compartilhar é o sentido da vida de fraternidade, a grande utopía do Bem, a salvação da humanidade, é o que o futuro humano quer que se torne presente, nós que somos herdeiros de uma História sangrenta feita de guerras e que, mesmo assim, foi capaz de produzir conhecimento e sabedoria. Então, vamos fazer uso desse conhecimento e sabedoria para fazer um mundo melhor, para mudar o mundo, para que todos vivam em harmonia com a eterna bondade e o profundo amor do universo.
Crendo em Deus ou não, a virtude do bem é um dom gratuito do universo para nós seres humanos, então é momento de mudar, de fazer a diferença no mundo, de compreender que a crueldade e a ganância são um suicídio lento da sociedade, vamos ser justos e lembrar de que a vida aqui neste nosso planeta é efêmera, portanto, amar é uma urgência para vencer a morte e deixar no mundo uma semeadura virtuosa que fará de nós, mortais, seres eternos no coração do mundo, de um mundo justo de paz.
A utopia do Bem não é um devaneio, é uma questão de sobrevivência social, senão é a barbárie, senão é o fim, porque nós é que somos os autores individuais do destino coletivo, então é hora, amigos!
Gustavo Bastos, filósofo e escritor, 31 de Dezembro de 2010
Adélia Prado Lá em Casa: Gísila Couto
Há 2 semanas