PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

terça-feira, 11 de agosto de 2015

ÁGATAS

Os colares de ágata,
pedra rolada,
basalto,
bálsamo
que sois.

Ai, dentro do corpo
um riso d`água,
estertor da armadura,
sei que te quero livre,
nas fundas litanias
que se perdem no ar.

Jogral, eis que me detenho
em meu canto solar,
parei e escutei
o rio castanho
desolar a terra arrasada
depois da bruma,

e as alvíssaras
são sonhos de chumbo,
com a pena alavancada
deste fim de poema.

11/08/2015 Gustavo Bastos

CONHAQUE

O conhaque é sempre bem-vindo!
O negro se veste a noite,
a vida escura sempre luzindo
para a aurora.
Sei, venho do lenho mordiscar
a fumaça e o fogo.
Sabor d`aurora, com quais sóis
de vento, e têmporas
lacrimosas,
e sustos do altar
ao templo sacrifício
das almas.

O vento espalha o negro d`alma,
escuro torpor das vozes
fantasmáticas,
o alvor se enterra
neste canto do sinistro,
o negror das vestes
sentencia o amor calmo
em flor,
na juramentada fonte
as lágrimas descem
ao sal para a boca
úmida,
e o cálice de vinho
viaja ao futuro.

11/08/2015 Gustavo Bastos

FLOR DO TEMPO

As flores estão embaladas
no corpo das águas.
Eu a vejo em olhos,
sempre um ar de enigma
que me atrai
sem saber
o fim do mistério.

Ah, esplendor!
Ah, fúria!

As portas da percepção:
o verde cai azul
na alma vermelha,
o verde funda em amarelo
o dia de sol.

Eu tenho guardado o canto
em ira e amor fluido,
qual rio castanho
na aurora,
qual brandura
após a tempestade.

11/08/2015 Gustavo Bastos

AQUARELA DO SOL

O sol nasce qual aquarela
no ouro do dia,
cai a saudade sob flecha,
as águas se agitam
no corpo,
o faz-de-conta
é máximo.

O poema é uma fadinha
de drama e alegria,
vejo no meu sorriso
um canto de lágrima.

Quantos alvos estão rotos?
A febre da máquina
que debela a alma,
a fúria mecânica
que desmonta o espírito.

Quantos alvos estão mortos?
Quantos alvos estão vivos?
Ah, mas sempre o olor
da fruta, as rosas frondosas,
o poema enfeita o templo
com o calor do frio,
as messes e as vindimas,
o templo é áurico,
flecha ressoa entre os pórticos,
uma flor d`alma eclode sedenta.

11/08/2015 Gustavo Bastos

SISTEMA DOS GRITOS SILENCIADOS

Machado na cabeça de borracha,
veio cinzelado da garganta bruta,
meu sacro limo de briga,
dou o soco na parede,
grito ao fascista
que é degolado.

Pontes ao céu,
vigas do inferno.

Cabeça de barro,
terra batida,
pássaro morto.

Veio escultórico da fina flor
do Lácio,
sumo cadáver
nazista,
frio comunista,
assassino liberal,
fúria capitalista!

Conto o dinheiro e os corpos,
o sangue vale o silêncio
programado
dos aniquiladores,
os senhores do dinheiro
são o estado da febre mundial.

02/08/2015 Gustavo Bastos

SOCIEDADE DA TORPEZA

Cada centavo é um gesto
de matar a fome.
No ranho da cola de sapateiro
eis que hoje reina o crack.

Desce ao inferno menino,
ouça a grávida ávida
do cachimbo.

Eis martírio e dor,
flecha sedutora
do torpor.

Cada vida emana e se delicia,
avante nota dissonante,
somos mártires
atacados
por carrascos,

ouça o canhão e a tropa de choque,
ouça o grito de um homem nu
sob a tutela do governo,
estado de sítio,
febre dos calores
do asfalto,

cidade partida
no ranço social.

02/08/2015 Gustavo Bastos

Caderno de Cultura ganha análise de poesia e resenha literária

Caderno de Cultura ganha análise de poesia e resenha literária

10/08/2015às 13:14
A partir do próximo fim de semana, o Caderno de Cultura de Século Diário ganha novos conteúdos. O filósofo e escritor Gustavo Bastos, colunista do jornal - escreve quinzenalmente aos domingos -, passará a produzir um conteúdo semanal voltado para a poesia. Bastos fará uma análise comentada de poemas. A ideia é desmistificar esse gênero literário e aproximá-lo do leitor. 
O escritor pretende apresentar uma visão mais alternativa à interpretação dos poemas. A prática também funcionará como um exercício, uma vez que Bastos também é poeta. “Creio que foi uma boa ideia. Para mim cai como uma luva, pois comecei minha 'aventura criativa' na literatura fazendo poemas, então falar de outros poetas será um prazer”.
Bastos abre a série de poesias com Zona, de Guillaume Apollinaire. “Chegarei com um poema relativamente longo de Apollinaire, poeta francês do início do século XX, que em seu livro de poemas Álcoois, escreveu um poema muito conhecido chamado Zona, que é algo de vanguarda e que funda uma nova maneira de fazer poesia. Já no contexto de uma modernidade urbana e tecnológica, este poema tem o cheiro das cidades, é uma pequena viagem por algumas delas”, explicou.
 O colaborador de Século Diário aposta que o novo conteúdo terá boa aceitação por parte dos leitores. “Escrevi textos sobre Waly Salomão, Paulo Leminski, Ana Cristina César e Manoel de Barros, por exemplo, que são, atualmente, poetas de grande reconhecimento no cenário da poesia brasileira. Estes textos vieram deste novo vulto da poesia das antologias aqui no Brasil, que realizaram fenômenos editoriais recentes como o livro Toda Poesia, do Leminski, e na minha coluna a recepção destes escritores foi natural, não tive problemas”, afirmou.
Além da análise de poesias, Gustavo Bastos passa a escrever resenhas para o Caderno de Cultura aos domingos (quinzenalmente). Os leitores da coluna de Gustavo Bastos também não ficarão sem os textos do autor. O jornal passará a hospedar o blog do escritor, destinado à divulgação de poesia, conteúdos literários e artigos.

Link da reportagem: http://seculodiario.com.br/24204/17/escritor-gustavo-bastos-chega-ao-caderno-de-cultura-para-trabalhar-poesia-e-interpretacao