LIRA DA CONSOLAÇÃO
O nosso amor não dura muito,
mas nós também duramos pouco.
A vida é trânsito fortuito –
um gesto nunca terminado –
um despertar desesperado –
um grito rouco.
Em nosso amor, instante-e-instante
é o que nós temos com certeza.
Também na vida a hora bastante
é a que se vive no momento:
nela é que está (riso ou lamento)
a vida presa.
Mas, quando terminar e tudo
for só lembrança do passado ...
Há um consolo: só e mudo,
na madrugada-nostalgia,
terei o amor de cada dia
rememorado.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
continuação
SONETO DO AMOR INSUPORTÁVEL
Trago-te em mim por onde quer que eu ande.
Acordado ou dormindo, estás comigo.
Ilha e mar, fim de estrada e recomeço
__ és o amor que não para e não descansa.
Vejo-te sempre, em cada dia e instante,
como os loucos e os ávidos e os santos.
É um amor de procura e de querença -
cansado sim, mas nunca satisfeito.
E repito a mim mesmo, e com verdade,
que esse amor dói pela razão bem simples
de ser maior que o peito que o carrega.
E um dia, sem poder mais comportar-se
como os amores vãos de todo o mundo,
rebentará, matando-me em segredo.
Trago-te em mim por onde quer que eu ande.
Acordado ou dormindo, estás comigo.
Ilha e mar, fim de estrada e recomeço
__ és o amor que não para e não descansa.
Vejo-te sempre, em cada dia e instante,
como os loucos e os ávidos e os santos.
É um amor de procura e de querença -
cansado sim, mas nunca satisfeito.
E repito a mim mesmo, e com verdade,
que esse amor dói pela razão bem simples
de ser maior que o peito que o carrega.
E um dia, sem poder mais comportar-se
como os amores vãos de todo o mundo,
rebentará, matando-me em segredo.
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continuação
TEMPO E AMOR
Nossa vida é agora. Não tem ontem
nem amanhã. Enquanto o tempo passa,
estaremos vivendo cada instante.
Olhos nos olhos, mãos nas mãos, amando.
Que os outros pensem no futuro ou sofram
com o passado: nós dois sabemos que o hoje
é tudo quanto existe. E não perdemos
o que é pelo que foi ou será. Bastam
este instante e esse instante e aquele
instante.
Pois disso é feita a eternidade, nunca
do que hoje não existe. O quando é agora.
E agora nos amamos. E esse agora,
que se repete, nos verá unidos –
graças ao nosso amor, que nada espera.
1977, 12 de janeiro.
Nossa vida é agora. Não tem ontem
nem amanhã. Enquanto o tempo passa,
estaremos vivendo cada instante.
Olhos nos olhos, mãos nas mãos, amando.
Que os outros pensem no futuro ou sofram
com o passado: nós dois sabemos que o hoje
é tudo quanto existe. E não perdemos
o que é pelo que foi ou será. Bastam
este instante e esse instante e aquele
instante.
Pois disso é feita a eternidade, nunca
do que hoje não existe. O quando é agora.
E agora nos amamos. E esse agora,
que se repete, nos verá unidos –
graças ao nosso amor, que nada espera.
1977, 12 de janeiro.
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continuação
SONETO DA DEFINIÇÃO
Este amor, e não outro, é como o quero:
imperfeito, mas sempre verdadeiro.
Amor-gente que entrega por inteiro
aquilo por que esperas e eu espero.
Nossos gestos de amar nascem do fundo
de nossas almas ávidas e ardentes.
Não corrigimos erros evidentes,
pois nosso tempo é um só; não tem segundo.
Entretanto, se aos olhos das pessoas
que olham o amor dos outros e não amam
nossas entregas não parecem boas,
eu te digo que feches os ouvidos,
pois este amor é o sonho dos que tramam
morrer de tanto amar, e enternecidos.
Este amor, e não outro, é como o quero:
imperfeito, mas sempre verdadeiro.
Amor-gente que entrega por inteiro
aquilo por que esperas e eu espero.
Nossos gestos de amar nascem do fundo
de nossas almas ávidas e ardentes.
Não corrigimos erros evidentes,
pois nosso tempo é um só; não tem segundo.
Entretanto, se aos olhos das pessoas
que olham o amor dos outros e não amam
nossas entregas não parecem boas,
eu te digo que feches os ouvidos,
pois este amor é o sonho dos que tramam
morrer de tanto amar, e enternecidos.
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continuação
COTIDIANO
Quando de novo os olhos tristes,
meus olhos tristes se puserem
no corpo límpido em que existes
e a ti o meu amor disserem –
Quando de novo perturbada
de mim ouvires o que digo
do fundo da alma transtornada
palavras deste amor que abrigo –
Quando de novo num carinho
as minhas mãos prenderem loucas
os teus cabelos negro arminho
para o encontro de nossas bocas –
Tu saberás de novo o quanto
E há quanto te amo, minha Amada:
__ És verdadeira como o pranto
e terna como a madrugada.
Quando de novo os olhos tristes,
meus olhos tristes se puserem
no corpo límpido em que existes
e a ti o meu amor disserem –
Quando de novo perturbada
de mim ouvires o que digo
do fundo da alma transtornada
palavras deste amor que abrigo –
Quando de novo num carinho
as minhas mãos prenderem loucas
os teus cabelos negro arminho
para o encontro de nossas bocas –
Tu saberás de novo o quanto
E há quanto te amo, minha Amada:
__ És verdadeira como o pranto
e terna como a madrugada.
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