Velhos poetas, novos poetas.
Poetas mortos, poetas vivos.
Vanguardas e velhas guardas.
Vários da estirpe criadora,
dos poemas que sempre fluem,
poetas canalhas, poetas reféns,
poetas líricos e trágicos,
ou aqueles que são capazes de zombar com tudo.
Poema que vai e vem.
Poetas que ainda não nasceram,
talvez latentes, em casulos solitários,
no seu lugar de introspecção.
Ou loucos que enaltecem as alegrias mundanas,
que saboreiam o néctar da libertinagem.
Podem ser sóbrios ou transtornados,
amalucados na própria obra,
construindo muros de palavras,
falando ao vento, tentando encontrar ouvidos.
Em surto de criação contínua,
de leve e sonora inspiração,
que salta sobre os olhos da mente,
que vem da luz inóspita e diferente,
de mares nunca dantes navegados,
que povoam o espírito embriagado,
atendendo ao chamado da poesia.
Todos na mesma e desafiadora
claridade da folha que grita,
que berra e que implora a ser preenchida.
Eis o desafio do poeta, aí está seu dilema:
Escrever ou enlouquecer ...
desde o velho já experiente,
até o jovem deslumbrado.
Um recém-alucinado,
que descobre o gozo das letras.
Todo poeta está envolvido nesse sonho,
que espera a inspiração mais extrema,
plena de nostalgia ou tragicamente real,
em uma grande orgia de viagem sensorial.
Esta é a natureza idílica da senda criativa,
uma floresta de ramos espalhados,
que cresce e resplandece concretamente,
em seu voo de transe em êxtase,
no desejo mais ardente que ferve o corpo,
acionando a válvula criadora,
de poemas que nascem e morrem,
que se criam e recriam,
talvez o sentido de toda esta atividade.
É certo que o entendimento é raro,
a liberação é fugaz, o intelecto é distante,
e o sentimento ... este nos confunde, não há razão suficiente.
Mas, o que permanece é a ação de criar,
este é o sentido que enaltece a poesia.
Quando a alma traduz toda sua emoção,
vivendo a chama criativa para domá-la.
Tornar-se poesia, este é o caminho natural do poeta.
É sempre este estado de poesia
que o poeta carrega, um espírito de liberdade original.
Desde que o mundo é mundo,
desde que a lira fluía,
nos primórdios analfabetos da Antiguidade.
Porém, sempre e já poesia,
até hoje, tempo sem tempo.
Agora, o destino é de poetas sós.
Vozes isoladas no mesmo universo.
Deste verso que é repleto de céu e inferno.