Caminha a alma pela vida infinita,
como pedra bruta para se tornar diamante.
Na transparência que reflete a água límpida,
e que, na sua pureza, ultrapassa qualquer pedra bruta.
Na pedra está o julgamento dos que me chamam de pecador.
Quem nunca usou a sua pedra para julgar?
Não vemos nossa própria enfermidade.
Mas, confesso aqui: Estou longe de ser um sábio.
O sábio ouve a si mesmo e não se vê na pedra,
porque a pedra é bruta por ser ignorante,
é ignorante, pois não se vê no espelho d’água.
O sábio, como o diamante, transparece.
O diamante, como a água, é um espelho que reflete o sol.
O sol só se reflete no que transparece,
pois a pedra não reflete nada,
e o sábio não se educa na pedra.
O sábio não sabe da pedra,
pois que já se tornou espelho,
e por ser espelho, já conhece o sol.
terça-feira, 1 de junho de 2010
LITURGIA SOLAR
Algo se detém na liturgia da abadia.
Sacerdotes da suntuosa orquestra
lapidam a alma terna de fina assimetria.
Do deleite do êxtase ao doloroso universo,
sem fluxo de saudades ou consciências,
vou ao refúgio dos lamentos de uma carta assombrosa,
de frente às telas mudas e fantasmagóricas.
Me espanta as cores penetradas pelo olhar,
como soluço interrompido de plácida grandeza,
refazem memórias em turno imóvel e calado.
Uma oração se faz sublime,
velejando nos mares da poesia,
à certeza de dias claros e dispersos na música.
Como se toda nota refulgente da essência
se tratasse da mesma vontade primordial,
que se refere ao instante da gênese
quando se refaz a origem do verso.
Tudo dilatado em pupilas de vasos infernais,
molhando a minha cara com a água da vida,
e semeando minha alma na terra fértil
que comprei dos bandidos de Satã.
Assim se faz a colheita das árvores frondosas,
que em frutos robustos permeia a glória do sol,
e neste calor eu tenho um poema astral,
desta que é a liturgia das almas incendiárias.
Sacerdotes da suntuosa orquestra
lapidam a alma terna de fina assimetria.
Do deleite do êxtase ao doloroso universo,
sem fluxo de saudades ou consciências,
vou ao refúgio dos lamentos de uma carta assombrosa,
de frente às telas mudas e fantasmagóricas.
Me espanta as cores penetradas pelo olhar,
como soluço interrompido de plácida grandeza,
refazem memórias em turno imóvel e calado.
Uma oração se faz sublime,
velejando nos mares da poesia,
à certeza de dias claros e dispersos na música.
Como se toda nota refulgente da essência
se tratasse da mesma vontade primordial,
que se refere ao instante da gênese
quando se refaz a origem do verso.
Tudo dilatado em pupilas de vasos infernais,
molhando a minha cara com a água da vida,
e semeando minha alma na terra fértil
que comprei dos bandidos de Satã.
Assim se faz a colheita das árvores frondosas,
que em frutos robustos permeia a glória do sol,
e neste calor eu tenho um poema astral,
desta que é a liturgia das almas incendiárias.
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REFLEXÕES SOBRE O POETA NA POESIA
Velhos poetas, novos poetas.
Poetas mortos, poetas vivos.
Vanguardas e velhas guardas.
Vários da estirpe criadora,
dos poemas que sempre fluem,
poetas canalhas, poetas reféns,
poetas líricos e trágicos,
ou aqueles que são capazes de zombar com tudo.
Poema que vai e vem.
Poetas que ainda não nasceram,
talvez latentes, em casulos solitários,
no seu lugar de introspecção.
Ou loucos que enaltecem as alegrias mundanas,
que saboreiam o néctar da libertinagem.
Podem ser sóbrios ou transtornados,
amalucados na própria obra,
construindo muros de palavras,
falando ao vento, tentando encontrar ouvidos.
Em surto de criação contínua,
de leve e sonora inspiração,
que salta sobre os olhos da mente,
que vem da luz inóspita e diferente,
de mares nunca dantes navegados,
que povoam o espírito embriagado,
atendendo ao chamado da poesia.
Todos na mesma e desafiadora
claridade da folha que grita,
que berra e que implora a ser preenchida.
Eis o desafio do poeta, aí está seu dilema:
Escrever ou enlouquecer ...
desde o velho já experiente,
até o jovem deslumbrado.
Um recém-alucinado,
que descobre o gozo das letras.
Todo poeta está envolvido nesse sonho,
que espera a inspiração mais extrema,
plena de nostalgia ou tragicamente real,
em uma grande orgia de viagem sensorial.
Esta é a natureza idílica da senda criativa,
uma floresta de ramos espalhados,
que cresce e resplandece concretamente,
em seu voo de transe em êxtase,
no desejo mais ardente que ferve o corpo,
acionando a válvula criadora,
de poemas que nascem e morrem,
que se criam e recriam,
talvez o sentido de toda esta atividade.
É certo que o entendimento é raro,
a liberação é fugaz, o intelecto é distante,
e o sentimento ... este nos confunde, não há razão suficiente.
Mas, o que permanece é a ação de criar,
este é o sentido que enaltece a poesia.
Quando a alma traduz toda sua emoção,
vivendo a chama criativa para domá-la.
Tornar-se poesia, este é o caminho natural do poeta.
É sempre este estado de poesia
que o poeta carrega, um espírito de liberdade original.
Desde que o mundo é mundo,
desde que a lira fluía,
nos primórdios analfabetos da Antiguidade.
Porém, sempre e já poesia,
até hoje, tempo sem tempo.
Agora, o destino é de poetas sós.
Vozes isoladas no mesmo universo.
Deste verso que é repleto de céu e inferno.
Poetas mortos, poetas vivos.
Vanguardas e velhas guardas.
Vários da estirpe criadora,
dos poemas que sempre fluem,
poetas canalhas, poetas reféns,
poetas líricos e trágicos,
ou aqueles que são capazes de zombar com tudo.
Poema que vai e vem.
Poetas que ainda não nasceram,
talvez latentes, em casulos solitários,
no seu lugar de introspecção.
Ou loucos que enaltecem as alegrias mundanas,
que saboreiam o néctar da libertinagem.
Podem ser sóbrios ou transtornados,
amalucados na própria obra,
construindo muros de palavras,
falando ao vento, tentando encontrar ouvidos.
Em surto de criação contínua,
de leve e sonora inspiração,
que salta sobre os olhos da mente,
que vem da luz inóspita e diferente,
de mares nunca dantes navegados,
que povoam o espírito embriagado,
atendendo ao chamado da poesia.
Todos na mesma e desafiadora
claridade da folha que grita,
que berra e que implora a ser preenchida.
Eis o desafio do poeta, aí está seu dilema:
Escrever ou enlouquecer ...
desde o velho já experiente,
até o jovem deslumbrado.
Um recém-alucinado,
que descobre o gozo das letras.
Todo poeta está envolvido nesse sonho,
que espera a inspiração mais extrema,
plena de nostalgia ou tragicamente real,
em uma grande orgia de viagem sensorial.
Esta é a natureza idílica da senda criativa,
uma floresta de ramos espalhados,
que cresce e resplandece concretamente,
em seu voo de transe em êxtase,
no desejo mais ardente que ferve o corpo,
acionando a válvula criadora,
de poemas que nascem e morrem,
que se criam e recriam,
talvez o sentido de toda esta atividade.
É certo que o entendimento é raro,
a liberação é fugaz, o intelecto é distante,
e o sentimento ... este nos confunde, não há razão suficiente.
Mas, o que permanece é a ação de criar,
este é o sentido que enaltece a poesia.
Quando a alma traduz toda sua emoção,
vivendo a chama criativa para domá-la.
Tornar-se poesia, este é o caminho natural do poeta.
É sempre este estado de poesia
que o poeta carrega, um espírito de liberdade original.
Desde que o mundo é mundo,
desde que a lira fluía,
nos primórdios analfabetos da Antiguidade.
Porém, sempre e já poesia,
até hoje, tempo sem tempo.
Agora, o destino é de poetas sós.
Vozes isoladas no mesmo universo.
Deste verso que é repleto de céu e inferno.
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segunda-feira, 31 de maio de 2010
continuação
CANÇÃO EXCESSIVAMENTE ROMÂNTICA
Beija-me na fronte
como quem tem pena
da minha serena
ânsia de viver.
Prende-me nos braços
como quem socorre
aquele que morre
sem querer morrer.
E afaga-me o rosto
deslumbrado e triste.
Só o amor existe,
só amar é ser.
Beija-me na fronte
como quem tem pena
da minha serena
ânsia de viver.
Prende-me nos braços
como quem socorre
aquele que morre
sem querer morrer.
E afaga-me o rosto
deslumbrado e triste.
Só o amor existe,
só amar é ser.
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Poesia
continuação
COMO SABER-TE
No escuro te vejo,
como um cego.
Minhas mãos, em teu rosto, procuram saber
a cor dos teus olhos
e sentem o calor da tua boca.
Teus ombros, curvos e doces, prendem meu
gesto de acariciar-te
e os teus seios (dois vasos de ternura) têm
o repouso prometido para a minha
alma cansada.
Sinto, depois, a curva branda da tua
cintura,
antes que ela se abra na planície do ventre.
E, onde tremes de amor,
minhas mãos,
também ardentes de desejo,
param,
para lentas descer ao longo das tuas
coxas incomparáveis.
Assim, no escuro, te vejo
com minhas mãos frementes.
Mas, como um cego ainda,
procuro conhecer-te além do tato e da
carícia:
_ Tu és o perfume de uma flor que se abre
de madrugada, para o encontro do meu
dia que nasce.
1977, 11 de Janeiro.
No escuro te vejo,
como um cego.
Minhas mãos, em teu rosto, procuram saber
a cor dos teus olhos
e sentem o calor da tua boca.
Teus ombros, curvos e doces, prendem meu
gesto de acariciar-te
e os teus seios (dois vasos de ternura) têm
o repouso prometido para a minha
alma cansada.
Sinto, depois, a curva branda da tua
cintura,
antes que ela se abra na planície do ventre.
E, onde tremes de amor,
minhas mãos,
também ardentes de desejo,
param,
para lentas descer ao longo das tuas
coxas incomparáveis.
Assim, no escuro, te vejo
com minhas mãos frementes.
Mas, como um cego ainda,
procuro conhecer-te além do tato e da
carícia:
_ Tu és o perfume de uma flor que se abre
de madrugada, para o encontro do meu
dia que nasce.
1977, 11 de Janeiro.
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continuação
DEFINIÇÃO E CÂNTICO
O amor é o que permanece depois do amor
como fonte de reinício constante.
(Eu te direi que te amo, porque reconheço
em ti a mulher sonhada e não a mulher
que ainda há pouco tive nos braços.
Tu não te repetes para mim:
És sempre a aguardada, a que faz com que
meus olhos perscrutem o fim do caminho,
para onde seguirei à procura do bem
do amor,
que és tu.)
O amor é o que permanece depois do amor
como fonte de reinício constante.
(Eu te direi que te amo, porque reconheço
em ti a mulher sonhada e não a mulher
que ainda há pouco tive nos braços.
Tu não te repetes para mim:
És sempre a aguardada, a que faz com que
meus olhos perscrutem o fim do caminho,
para onde seguirei à procura do bem
do amor,
que és tu.)
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VERBO AMAR
A REINVENÇÃO DO AMOR
A noite tem os pés macios.
(Teu corpo, de um moreno pálido,
é, como a noite, brando e cálido.)
A noite escorre nas montanhas.
(Teu corpo é carne fugidia,
que some logo chega o dia.)
A noite deita-se no vale.
(Teu corpo deita-se comigo,
que amar, na vida, é nosso abrigo.)
A noite abraça os edifícios.
(Teu corpo, treva e luz, tremendo,
faz-se um com o meu, enquanto o prendo.)
A noite entra pela janela.
(Teu corpo, aberto ao meu desejo,
é mar convulso em que velejo.)
A noite invade as tuas carnes.
(Teu corpo, que é noturno e ardente,
é carne que a minha alma sente.)
A noite esvai-se num mistério.
(E enfim teu corpo, sossegado,
dorme, depois de tanto amado.)
Assim, por sermos quem nós somos,
sabendo dar-se o que nos damos,
noite após noite um só nos pomos
e o amor nós dois reinventamos.
A noite tem os pés macios.
(Teu corpo, de um moreno pálido,
é, como a noite, brando e cálido.)
A noite escorre nas montanhas.
(Teu corpo é carne fugidia,
que some logo chega o dia.)
A noite deita-se no vale.
(Teu corpo deita-se comigo,
que amar, na vida, é nosso abrigo.)
A noite abraça os edifícios.
(Teu corpo, treva e luz, tremendo,
faz-se um com o meu, enquanto o prendo.)
A noite entra pela janela.
(Teu corpo, aberto ao meu desejo,
é mar convulso em que velejo.)
A noite invade as tuas carnes.
(Teu corpo, que é noturno e ardente,
é carne que a minha alma sente.)
A noite esvai-se num mistério.
(E enfim teu corpo, sossegado,
dorme, depois de tanto amado.)
Assim, por sermos quem nós somos,
sabendo dar-se o que nos damos,
noite após noite um só nos pomos
e o amor nós dois reinventamos.
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