PERSONA NON GRATA
Vamos desdizer trunfo aleluia
Por entre o vão e o chão
Responde para todos
É o não-discurso, não-sociedade
Por delírio intruso e o tráfico de pó
Por um lado escuro e o fim do só
Por um triste banco dinheiro empréstimo juros
Aqui é o buraco raro faro
Tomei a palavra – desdisse tudo
Desmorri desvirei a porra
Por tudo tudo discuti
Por nada nada calei
Questões questionei
O porquê
O sentido do mundo-vida
Esqueci
Não importa
Nem a porta
Nem o mudo
Janela porta sem fechadura
Por livre vontade desisti do porque do porquê
Vem minha tola delícia cuspir chama nova
Me chamam de cú e de pistola
Me chamam sexo praia
Até de veado, coitado de quem diz
Aventura do perdido, perder-se
Aventura de achar coisa alguma
Achar um milhão de nadas
Achar coisa alguma de tudo
Cagar chorar, masturbação
Livramento redenção – expansão da mente
Ali onde o delírio faz medo em psicólogo
Ali onde psicólogo não ousa entrar
(o coisa alguma)
Dando o sorriso propaganda
Dando nada para ninguém
Ouvir música, sedar-se logo cedo
Amanhã o aplauso
Tenho pavor de máquina
Quero sim: carnaval, minha moita vaginal
Quero ser virgem celibato
Desmoronar-me, assim fora da gramaticar-me
Quero esfolar-me, comer-me
Desmorfologizar, desentupir-me de drogas
Sou o astronauta, sou o doidão
A rua quer soltar-se
O moralista gosta de acusar
Sem vigiar o próprio cú
Eu quero me vingar
Eu quero nova cidade
Eu quero mudar o mundo
Eu quero a fantasia
Eu quero tudo
Até parar de sofrer
Até não morrer mais
Até onde não haja o que haver
Donde se esconde o mato todo
Para matar o pássaro-dentro
Não-asas, não-avião
Nem super super, nem cocaína
Só uma baforada “go in the way”
Só uma cartada sem lambida de puxassaco
Sem uma carteira de arrancaputas
Sem mamadeira de neném chato
Nem a fúria e nem a calma
Só uma miséria fúria sem ódio
Nem ódio e nem amor
Só um pouco de ilusão
Nem televisão, nem livro, nem música
Só o karma
Antes de ler uma carta
Um grãomestre terrorista
Um grunhir-porco nojento
Eu sou nojento, nojento e lunático
Lá lá lá!
Bem suicídio – primeira arte de protesto
Serei professor – repetirei coisas
Serei serei – ainda sou
Semideuses, são todos o ideal
Eu sim: levei porrada
Sou vagabundo
Levei porrada
Sou prestes e depois
Sou agora
Sou a hora
Sou a merda mole
Levei porrada
Dei porrada
Sou campeão da imbecilidade
Minha vontade
Uma Carta para Elizabeth: Breve Romance de Sonho
Há uma semana