A Notícia do Dia

Aquele lar era tudo,
a família regozijava
no talento da prole,
um sonho do qual
se tem a realidade
que não vem.

Sentei-me no bar,
abri o jornal.
A inflação ainda assombra
o mundo cão?
As commodities estão
se valorizando?
Quantos pães são necessários
para acabar com a fome do mundo?
Por que não dividir o lucro
do mercado financeiro
com este combalido
mundo real?

Não há solução definitiva,
nenhum socialista ou anarquista
capitalizou a solidariedade
presente nas ideologias,
e a paisagem é o deserto
que se encerra
na queda da bolsa
de Wall Street,
um dia qualquer
de tédio e ferrugem
nos domina.

08/02/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)

Dentro do Poema

Morria no meu campo a doce poesia.
Nada com o tédio que não inspira,
não se sente solidão quando se faz
verso para o que está nas mãos
do poeta que não revela o segredo.

Tinha um tal tempo das horas
que passava inexorável e irritante,
um tempo alavancado pelo trabalho
que não para e não progride
o mesmo tanto que o verso,
e um pouco louco o poeta
vem às avessas
nos dizer
que tudo se perde
quando se acha
o caos
dentro de si.

08/02/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)