PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

CARTAS IMORTAIS

Quantas horas perdidas
na cidade sem ver o sol?
O mar beija a minha alma
e salga o meu corpo,
eu lembro dos gestos do céu azul
em meus pensamentos,
vejo clarear a ideia do dia,
vejo o temor das mentes pequenas
frente à eternidade,
sinto o pecado em minha pele,
berro como um animal selvagem
nas ondas da morte,
morro no silêncio do vinho,
derreto no sortilégio frio
de uma canção solitária,
desmaio no sonho que encanta
a noite ao luar,
bebo absinto para ter o poder
da embriaguez na chuva,
faço de minha vida
um desespero envenenado
pela flecha da poesia,
não encontro nenhum amor
e nenhuma saudade,
vou à praia viver o sono
de um corpo ferido
pela nau dos corsários,
a poesia que está em mim
é viva como a chama
que queima meus olhos
num delírio de espanto.

15/10/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

POEMA TRANSFIGURADO

A flor jazia na penumbra,
o coração das feras
devorava o poema.

Azul, cinza, negro.
Esta gradação era a visão
que tive ao me enforcar.

Dez tigres, quinze leões,
uma onça e uma pantera.
As feras devoravam
Deus e o Diabo.

A guerra das feras é o sustento
da anarquia dos prazeres,
prazer da carne,
prazer do espírito,
feras resmungando
suas presas.

Caça e caçador
e um dilema de
morte ou vida
nos dentes
do fim do mundo.

Caos e amor se encontram
no banho de sol,
a flor renasce das trevas
e as feras viram pássaros.

11/10/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)

CAMPO VERDE

Não desisto de estar no campo.
O campo verde que descansa
no sol e na virtude,
vou às ervas e suas alucinações,
caio em versos pelos visionários
que viam poesia aos borbotões.

Não morro de tédio e nem de ferida,
não sou ao certo o que sempre
quis ser, ave imaculada,
prazerosa chama de vida
que revela a face úmida
do pendor pelas palavras.

Deus refulge no verde campo
e vira o universo das galáxias
em furioso emblema,
minhas marcas e vivências
soam desesperadas
e a sabedoria é uma alma vigorosa
que não chora suas mágoas.

A poesia, esta doce cantata,
não é cega, vê o doce rumor
das árvores ao vento sadio
que irrompe no céu infinito.

11/10/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)