Queria deixar os vinhos desta vida,
partir numa canoa sem angústias,
no céu de nuvens a metáfora perfeita.
Seria eu um nada flutuante.
Em perfeita sintonia,
abrindo todas as portas,
sem verdade alguma
a alma consome o vento.
Os dias serão amenos,
mesmo com a urgência de tudo.
Se delicia o espírito na doce névoa,
a solidão é arrastada para a contemplação
no lago das lembranças.
Deito-me na grama num voo silencioso,
reconduzido ao templo da serenidade,
onde a plenitude reina vitoriosa.
Nos seus deleites sobrenaturais
a alma canta a sua liberdade vulgar.
Dormente, docemente, luminosa e fecunda.
Versos explodem em chamas sob o sol fulminante.
Regendo a obra numa orquestra voluptuosa,
a riqueza da palavra harmoniosa se emana
como raios de luz que intensificam
por toda parte seu arrebatamento simples.