A arte é a locupletação da alma.
Sonho em um dia em que
o mundo será pintado
e cantado com ar
sábio e com toda a benesse
de um gênio saudável
dos arcanos
que vivem da luz,
oh luz que sempre ilumina
os meus passos,
com os motores selvagens
se faz a revolução,
com os cantos sublimes
o mundo é uma canção,
os poetas que nos levam
são sonhadores
desta peça
de utopia,
a vernissage deste mundo novo
eu já vos indico :
o sol dos poetas
é uma arte sapiencial
que faz do sublime
os dias da vida.
10/08/2018 Gustavo Bastos
sexta-feira, 10 de agosto de 2018
FLUXO DAS HORAS
O fluxo me dá em flor
a pele lúbrica que
é metamorfose
em campo,
o colosso que estoura
a bomba
é um lindo
karma
de poeta,
o fluxo que me dá o sangue
é este pendor libertino
de jogatinas e apostas
numa noite boêmia,
eu fico estupefato
com os sete sábios
e os setenta tolos,
eu fico perplexo
com as sete chaves
e as setenta trancas,
lufada de ar é o que sonho,
pois do ócio vem
os escritos que
aqui elenco,
como um grito calmo
que clama em silêncio.
10/08/2018 Gustavo Bastos
a pele lúbrica que
é metamorfose
em campo,
o colosso que estoura
a bomba
é um lindo
karma
de poeta,
o fluxo que me dá o sangue
é este pendor libertino
de jogatinas e apostas
numa noite boêmia,
eu fico estupefato
com os sete sábios
e os setenta tolos,
eu fico perplexo
com as sete chaves
e as setenta trancas,
lufada de ar é o que sonho,
pois do ócio vem
os escritos que
aqui elenco,
como um grito calmo
que clama em silêncio.
10/08/2018 Gustavo Bastos
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Poesia
CORAÇÃO DE POETA
Ao volante, à mil, desci a serra
como um senhor dos grotões,
na rua apinhada de gente,
os salvadores da rotina
enumeravam os seus feitos
cotidianos,
um tinha lavado seu cão com
sabão coco,
outro tinha ido à lotérica
pagar seu gasto mensal
em luz elétrica e gás,
outro contava vantagem
sobre o jogo de bicho,
um desavisado se gabava
de saber passar a perna
em incautos fingindo-se
de surdo,
um último jogava conversa fora
se julgando superior
aos que trabalhavam
de verdade,
o sonho mais austero
me dividia
entre o amor
e o ódio,
e estes poemas que um dia verti
eram reflexos exangues
de uma loteria insana,
o amor ensinava a sabedoria,
o ódio ensinava a malícia,
o amor revelava o perdão,
o ódio destilava o rancor,
o amor queria mais poesia,
o ódio calava o cantor.
Ah, que de mistérios se faz
estes montes de pedra,
e penedo nos garante a visão,
e o vale guarda as nossas
lágrimas,
pisa firme este chão, poeta,
pois tuas estrelas
estão sempre vivas,
no turbilhão
do coração.
10/08/2018 Gustavo Bastos
como um senhor dos grotões,
na rua apinhada de gente,
os salvadores da rotina
enumeravam os seus feitos
cotidianos,
um tinha lavado seu cão com
sabão coco,
outro tinha ido à lotérica
pagar seu gasto mensal
em luz elétrica e gás,
outro contava vantagem
sobre o jogo de bicho,
um desavisado se gabava
de saber passar a perna
em incautos fingindo-se
de surdo,
um último jogava conversa fora
se julgando superior
aos que trabalhavam
de verdade,
o sonho mais austero
me dividia
entre o amor
e o ódio,
e estes poemas que um dia verti
eram reflexos exangues
de uma loteria insana,
o amor ensinava a sabedoria,
o ódio ensinava a malícia,
o amor revelava o perdão,
o ódio destilava o rancor,
o amor queria mais poesia,
o ódio calava o cantor.
Ah, que de mistérios se faz
estes montes de pedra,
e penedo nos garante a visão,
e o vale guarda as nossas
lágrimas,
pisa firme este chão, poeta,
pois tuas estrelas
estão sempre vivas,
no turbilhão
do coração.
10/08/2018 Gustavo Bastos
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Poesia
MARGEM DO DRAMA
Junta o drama com tua discórdia,
lama é o tema, corri feito louco
com os ascos e lamúrias
de meu espelho,
feito fiz o meu astrolábio,
corre à toda como uma combustão,
elenco que firma em minha névoa,
eu fumava toda canção,
aos cântaros caíam as flores,
junta teu telepata louco e um
mago que cria astrologia
em fundo de quintal,
esta ciência sábia
me antevê em caos,
sobre os montes que tão fortes
cobram o cobre dos estanhos
em bronze, força do corpo
tem em poesia e é um forte
que irrompe toda guerra,
lembra-te dos poemas estultos
que o parnaso nos legou :
baixa ao fumo da boca do lixo,
os marginais também
cantaram.
10/08/2018 Gustavo Bastos
lama é o tema, corri feito louco
com os ascos e lamúrias
de meu espelho,
feito fiz o meu astrolábio,
corre à toda como uma combustão,
elenco que firma em minha névoa,
eu fumava toda canção,
aos cântaros caíam as flores,
junta teu telepata louco e um
mago que cria astrologia
em fundo de quintal,
esta ciência sábia
me antevê em caos,
sobre os montes que tão fortes
cobram o cobre dos estanhos
em bronze, força do corpo
tem em poesia e é um forte
que irrompe toda guerra,
lembra-te dos poemas estultos
que o parnaso nos legou :
baixa ao fumo da boca do lixo,
os marginais também
cantaram.
10/08/2018 Gustavo Bastos
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quarta-feira, 8 de agosto de 2018
A FÁBULA
Solilóquio dos cometas
entre as nuvens,
o campo da messe
eclode qual nascedouro
de poesia,
vamos ao espírito do tempo
fazer confissão e segredo,
os corpos em transe,
os olhos hipnotizados,
a alma em êxtase,
solilóquio do meditador :
ele vê a rosa mística
e a flor de lótus
e a pirâmide
e a poção dos magos
de incenso,
o cometa mais vistoso
passa ao tempo cósmico,
o poeta se veste
na sua túnica
escarlate
e vira um
iniciado,
o mar abre
suas ventas
e a terra treme,
eis a fábula.
08/08/2018 Gustavo Bastos
entre as nuvens,
o campo da messe
eclode qual nascedouro
de poesia,
vamos ao espírito do tempo
fazer confissão e segredo,
os corpos em transe,
os olhos hipnotizados,
a alma em êxtase,
solilóquio do meditador :
ele vê a rosa mística
e a flor de lótus
e a pirâmide
e a poção dos magos
de incenso,
o cometa mais vistoso
passa ao tempo cósmico,
o poeta se veste
na sua túnica
escarlate
e vira um
iniciado,
o mar abre
suas ventas
e a terra treme,
eis a fábula.
08/08/2018 Gustavo Bastos
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ASA DELTA
Asa delta, ao voo
seu silente corte
na nuvem,
ah, afasta-te do penedo,
voa como assalto
ao forte,
voa como um míssil
nas almas turvas,
ah, asa delta,
voa reto e curvo
e dança no céu
como um falcão,
ataque, defenda,
voa como um ás
que tende ao infinito,
voa asa delta
para o mundo
sempre vivo
que sobe e desce,
asa delta, me dá
tua canção de pássaro
como uma indômita
aeronave
que move o vento.
08/08/2018 Gustavo Bastos
seu silente corte
na nuvem,
ah, afasta-te do penedo,
voa como assalto
ao forte,
voa como um míssil
nas almas turvas,
ah, asa delta,
voa reto e curvo
e dança no céu
como um falcão,
ataque, defenda,
voa como um ás
que tende ao infinito,
voa asa delta
para o mundo
sempre vivo
que sobe e desce,
asa delta, me dá
tua canção de pássaro
como uma indômita
aeronave
que move o vento.
08/08/2018 Gustavo Bastos
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POEMA SONOLENTO
Coloque as mãos na luz diáfana
do campo, os pássaros de prata
cairão frouxos nos lençóis,
e dorme o poeminha
como uma folha soprada
à brisa e relva,
ponha as mãos neste frasco
de perfume, colheita santa
dos ecos da caverna,
perfeito canto
dos montes e das matas,
ah, o friozinho
que gela as mãos
que caçam as estrelas
no segredo da
via láctea,
messe estupenda,
o poema venta
com lufada
de torpor,
e o sono me
cai bem.
08/08/2018 Gustavo Bastos
do campo, os pássaros de prata
cairão frouxos nos lençóis,
e dorme o poeminha
como uma folha soprada
à brisa e relva,
ponha as mãos neste frasco
de perfume, colheita santa
dos ecos da caverna,
perfeito canto
dos montes e das matas,
ah, o friozinho
que gela as mãos
que caçam as estrelas
no segredo da
via láctea,
messe estupenda,
o poema venta
com lufada
de torpor,
e o sono me
cai bem.
08/08/2018 Gustavo Bastos
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OBSESSÃO
E em uma estação levo outras
estações, outonos profundos
para as minhas primaveras,
flores cortantes ao verão
que gela no inverno,
oh, que o espelho onde me identifico,
tem um quê de turmalina,
um ás de diamante,
e a tulipa que me rege
é rubra como uma facada,
o espanto que me olha
dá ao grito tua contemplação
em silêncio,
não, não diga nada,
que me ama ou que me odeia,
simplesmente decifre
os olhos, ouça os risos,
e conclua
tua ideia,
ideal,
monomania,
obsessão.
08/08/2018 Gustavo Bastos
estações, outonos profundos
para as minhas primaveras,
flores cortantes ao verão
que gela no inverno,
oh, que o espelho onde me identifico,
tem um quê de turmalina,
um ás de diamante,
e a tulipa que me rege
é rubra como uma facada,
o espanto que me olha
dá ao grito tua contemplação
em silêncio,
não, não diga nada,
que me ama ou que me odeia,
simplesmente decifre
os olhos, ouça os risos,
e conclua
tua ideia,
ideal,
monomania,
obsessão.
08/08/2018 Gustavo Bastos
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OS RATOS – PARTE II
“Os planos de Desmond tinham caído num imprevisto, ratos.”
Ben acaba por se tornar secundário nos planos de Vincent,
embora sua dedicação na comissão que investigava a vida financeira de Vincent
fosse hercúlea. Ben só seria assassinado mesmo após o fim de Joseph. E, nesses
dias, Victoria faz uma visita a Joseph, e deixa ela a par da situação, pois ele
sabia do que Vincent era capaz.
A investigação da comissão de ética de Ben acaba por ser
esvaziada, a maioria opositora contra Vincent se torna minoria num passe de
mágica, ou seja, Vincent já havia comprado três quintos dos vereadores e
inviabilizou toda a investigação, deixando Ben numa situação embaraçosa de
ficar se explicando para a população.
Joseph tenta articular uma fuga da prisão para não ser
assassinado por Vincent. Em três dias consegue o intento, sai numa madrugada,
depois de Ben enviar um de seus amigos que comprou os carcereiros, e então,
Joseph estava livre, e foge de West Camp até as coisas se acalmarem, ou quando
Vincent fosse derrotado.
Victoria fala a Desmond que Joseph e Ben corriam risco de
morte, e que Vincent se tratava de um escroque e de alma maligna. Victoria
convence Desmond a colocar uns detetives para vigiar os passos de Vincent.
Joseph já estava na cidade vizinha de East Camp, em contato com o prefeito e o
sindicato de lá.
Walt também é informado por Victoria das articulações de
Vincent para matar Joseph e Ben. Numa manhã chuvosa, Ben é encontrado morto a
tiros numa rua sem saída do Campo do Levante. Joseph fica sabendo, e se
revolta. Nisso, no Campo do Levante, havia uma grita de que ratos estavam
invadindo as casas de lá. As baratas, escorpiões e lacraias tinham sumido, só
havia ratos por toda a parte.
Victoria começa a receber informações dos detetives que
investigavam Vincent, e a notícia não era animadora, Vincent comemorou com uma
festa em sua casa no mesmo dia que encontraram o corpo de Ben jazendo na rua
sem saída, Vincent tinha bebida e prostitutas, seus capangas davam tiros para o
alto e berravam como animais.
Joseph resolve voltar em segredo para West Camp, e fica nos
fundos de uma casa pobre do Campo do Levante. Ele decidira matar Vincent para
não morrer. Nos fundos da casa, uma ratazana morde o braço de Joseph, este
grita de dor, vai ao hospital, e é descoberto por um dos capangas de Vincent.
Seus dias estavam contados.
No dia seguinte da internação de Joseph, entram três homens
encapuzados, invadem o hospital, vão ao quarto em que Joseph estava, e disparam
trinta tiros no peito de Joseph. Ele morre na hora, e Victoria vai ao
desespero. Desmond tem um ataque de fúria, e diz que poria um freio naquilo
tudo.
Victoria, que era pacífica e a pessoa mais bondosa de West
Camp, de uma índole irrepreensível, também toma as dores de Joseph e Ben, e diz
ao marido Desmond para matar Vincent. Os ratos, enquanto isso, já começavam a
chegar nas terras dos latifundiários da região. Sir Douglas Barrimore e Kirk
Seymour também já estavam furiosos com toda a situação e dão seu apoio a
Victoria e Desmond para acabar com a vida de Vincent. Os dois formam um pequeno
exército de apoio, junto com os camponeses de Desmond, para invadir a
prefeitura e matar Vincent.
Kirk Seymour decide fingir apoio político a Vincent para
preparar o terreno, Desmond não poderia fazer isso, pois era adversário
político de Vincent, e as relações, que à época da eleição, eram pacíficas
entre Desmond e Vincent, estavam no limite da explosão. O pequeno exército é
montado, mas, na saída deles à caminho da prefeitura, estes homens são
surpreendidos por uma nuvem descomunal de ratos, todos são mordidos. Dias
depois, a maioria desses homens adoece e morre de peste bubônica. Os planos de Desmond tinham caído num
imprevisto, ratos.
Victoria, então, decide ir pessoalmente para conversar com
Vincent, pois Kirk falhara no seu joguinho, e perguntar olho no olho se era ele
mesmo que tinha matado Joseph e Ben. Victoria já estava impaciente, e não havia
mais o recurso da invasão de choque na prefeitura. Desmond estava confuso, e
perguntava que raio de ratos eram aqueles invadindo as suas terras. Deixa nas
mãos de Victoria o último recurso civilizado para interromper o ímpeto
assassino de Vincent.
Na prefeitura, Vincent simula concordância com as invectivas
de Victoria, confessa seu feito para ela, e diz que tudo ficaria em paz dali em
diante, e que queria conversar com Desmond sobre a gestão da prefeitura, e de
que os vereadores estavam cooptados contra Joseph, e então, seu gesto extremo,
era um pedido dos vereadores para recuperar a prefeitura e a Câmara dos
Vereadores de um vexame de denúncias de corrupção, o que, ele disse a Victoria,
era uma calúnia de Joseph que, na verdade, queria o seu lugar a todo custo, e
que também tinha sido ameaçado por Joseph de morte. Victoria engoliu seco, mas
não comprou aquele teatrinho, claro. Teria ela que ir até ao sindicato do Campo
do Levante, para começar, então, um movimento político para, enfim, tirar
Vincent da prefeitura.
Chegando ao Campo do Levante, ela conversa com o substituto
de Joseph no sindicato, nada mais que o alcoólatra e uma das três lendas,
Peter. Este que já estava junto do camarada Denis, para enfiar a porrada no
prefeito Vincent, que já havia apanhado de Joseph, mas, segundo eles,
"ainda não tinha aprendido a lição".
Gustavo Bastos, filósofo e escritor.
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