PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quarta-feira, 6 de junho de 2018

SOBRE MENTIRA E POLÍTICA


“o mitomaníaco mente mal e o dissimulado mente bem”

Por que as pessoas mentem? Para quê as pessoas mentem? O que significa uma pessoa mitomaníaca? E não adianta ser hipócrita e mentir que nunca mentiu! Seria um paradoxo trágico, tal como o clássico “Epimênides, o cretense, diz que todos os cretenses são mentirosos.”
E o contrário, quando um diz só a verdade, devemos acreditar? Ora, a propaganda pode trabalhar só com a verdade e passar uma mensagem mentirosa, tal como a filosofia nazista de Goebbels da repetição de uma mentira à exaustão até que tal mentira se torne uma verdade, não é perigoso isso?
O contrário, dizer a verdade para afirmar uma mentira também tem sua eficácia e é terrível quando não sabemos realizar a distinção cartesiana de separar o verdadeiro do falso. Mais terrível ainda é quando a mentira vem sob a forma indecente da dissimulação. A dissimulação é um fingimento que tem eficácia para seus fins, ou seja, a mentira mais eficaz é aquela que vem junto com a dissimulação. Pois a dissimulação é um disfarce da hipocrisia que tem uma má intenção visando somente o benefício próprio ou um meio de evitar constrangimentos que a mentira da dissimulação oculta.
Portanto, temos dois tipos principais de mentira, a mentira do dissimulado e a mentira do mitomaníaco, a primeira com má intenção e a segunda constituindo uma patologia. Quando falo da diferença do dissimulado e do mitomaníaco, falo que o dissimulado é um psicopata e o mitomaníaco um psicótico. A diferença é que o dissimulado mente com má intenção e que o mitomaníaco mente por impulso fantasista, o dissimulado mente para obter vantagens e o mitomaníaco mente para preencher seu vazio existencial.
Ou seja, a mentira do dissimulado possui uma maldade pragmática que o mitomaníaco desconhece, o mitomaníaco mente mal e o dissimulado mente bem, o mitomaníaco é ó único que acredita na própria mentira, portanto, ele não mente deliberadamente, mas de forma inocente e inconsciente, enquanto que o dissimulado mente de forma persuasiva, já que todo psicopata é inteligente e consegue ludibriar as melhores cabeças, o dissimulado é um psicopata perigoso, ao passo que o mitomaníaco é objeto de compaixão por viver iludido, o dissimulado ilude os outros, o mitomaníaco ilude a si mesmo.
Mas, voltando à pergunta inicial: Por que as pessoas mentem? Para quê as pessoas mentem? Muitos mentem para fugir da dor, outros mentem para impressionar, nem todos são, então, dissimulados ou mitomaníacos, existem muitos que mentem que não são nem uma coisa e nem outra, essas duas categorias principais de mentirosos são apenas as mais evidentes. “O buraco é mais embaixo”.
Muitos dizem: Os políticos mentem! Ora, mas o fato é que todo mundo sem exceção já mentiu, é tipo o cara falando da sua primeira vez na cama, todo homem na sua primeira vez é um furor, já viu? Enfim, mentiras e boatos, o boato é uma mentira pública. E agora? O boato é a forma política da mentira, a mentira pública do boato pulula em épocas de eleição, é o fulano pego de calças curtas, é o desmentido do direito de resposta, e quem está com a verdade? Quem é honesto nesse jogo todo? Vamos pedir piedade dessa gente careta e covarde?
O conluio da política com a mentira e com a sua forma popular do boato impera na mídia, o vermelho diz que o azul é pilantra e vice-versa, pergunta-se: A favor de quem? Para beneficiar quem? Voltando agora novamente às duas categorias: O boato é objeto da dissimulação, a mitomania não tem eficácia persuasiva, a mentira do político é a mentira do dissimulado, a política é um meio de gente digna entre alguns ou muitos psicopatas, tenham cuidado ao votar, o sistema é foda e não perdoa!

Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Link da Século Diário : http://seculodiario.com.br/38975/14/sobre-mentira-e-politica