PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

ERUDIÇÕES DE NARCISO

ERUDIÇÕES DE NARCISO


Narciso não se contradiz, ele tem todas as astúcias.

Usa da lógica em todas as disputas.

Recita de cor qualquer Shakespeare, Goethe,

Rimbaud, Pessoa ... diz saber o que eles dizem.

E mesmo sem crer, diz ter a Bíblia no cérebro.

Ele quer um Mozart sem guardá-lo no coração.

Faz do livro o seu fundamento.

Historiador, cientista, na verdade,

Um eclético!

Ele quer livros, meticulosos, estratégicos.



Narciso é exímio em qualquer assunto.

Não sabe que é figura demagógica,

Pois se diz grande pedagogo.

Poeta eu sei que não é.



Também não admite ser ignorante em algo,

Posto que é letrado.

Sua erudição é do tamanho de um grão.

Tem o coração gelado.

Mas ele diz que seu saber é uma plantação de latifúndio.

(Daí eu penso: Monocultura).



Ele bebe o pedantismo,

Tal como seria o seu argumento:

“Exegese, propedêutica, prolegômenos,

Locupletar-se como enfadonho!”

A hermenêutica ele diz tê-la.

As frases de efeito são vigas de seus castelos.



Mais uma vez, ele quer a réplica:

“De acordo com os racionalistas,

Esta é uma sensação, de nada serve

A não ser como paixão.

Eu digo tenho tudo, pois tenho tudo!”



Mais um vate, ele diz ser crendice.

Eruditos odeiam crendices!

Ele tem suspeitas quanto ao populacho,

É um lorde.

Ora, toda problemática ele tem na manga.

(Todas questões óbvias, leia-se).

Todas as disciplinas estão sob domínio

De seu astuto raciocínio.



Eu digo, doutor patife:

“És um multicor cinzento,

Ou seja, que nada sabe ...

Nem de si mesmo.”