PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quarta-feira, 12 de junho de 2013

HISTÓRIA DE UMA CABEÇA

   Na Londres de 1902, no dia 23 de janeiro, a Sra. Sarah Livingstone entrou em trabalho de parto, seu marido, Michael Livingstone estava preocupado, pois, durante todo o período de gravidez de sua esposa, ela foi acometida de vômitos frequentes e visões demoníacas, tendo também sonambulismo e pesadelos horríveis.
   Michael não sabia o que iria acontecer dali para frente. Sarah, na noite anterior, tinha tido a visão de uma cabeça enfiada numa lança pegando fogo. Michael estava com um mau presságio sobre o destino do bebê que iria nascer, ele tinha até pensando em convencer a sua esposa de fazer um aborto durante o início da gestação, mas, apesar de Sarah estar se sentindo muito mal, com uma tristeza profunda durante todo este período, insistiu que queria ter o bebê. Eles só tinham uma criança até então, a bonita e saudável Lisa Livingstone. Lisa tinha, então, na ocasião da véspera de nascimento do novo bebê, 6 anos de idade, e era a fonte de alegria da família Livingstone. A gravidez de Lisa, para Sarah, foi bem tranquila, não teve nenhum episódio de naúsea, muitas vezes ficava extasiada, pois tinha a certeza de que iria gerar um anjo na terra, Lisa nunca dava trabalho, parecia uma sábia num corpo de criança.
   Sarah entra em trabalho de parto. Uma das empregadas da casa, que também era parteira, e que tinha feito o parto tranquilo de Lisa, é chamada às pressas em sua casa, no fundo do grande terreno dos Livingstone, a jovem e dedicada Michelle Bloom, que agora chega esbaforida ao quarto de Sarah que, a esta altura, começa a ter uma de suas visões demoníacas, dentre várias que teve durante esta sua segunda gestação. Ela vê um crânio flutuar quase no teto do quarto, aparece um duende no canto direito ao lado de sua cama, onde Sarah estava deitada, ela quase desmaia, mas, Michelle tenta mantê-la acordada. Sarah dá uma golfada, um vômito verde musgo se espalha pelo quarto todo, as alucinações de Sarah começam a se tornar sensações físicas, como se alguém invisível lhe desse espetadas com um garfo em seus braços e pernas. Michelle consegue iniciar o parto, apesar das dores e do desespero de Sarah. Michael resolve não assistir ao parto, pois não queria aquela criança, achava que sua esposa só tinha sofrido com esta gestação.
   Sarah começa a gritar de dor, suas alucinações e os golpes invisíveis em seu corpo se tornam mais intensos. Michelle enfia a mão dentro de seu útero. Sarah começa a delirar que nascerá um pequeno demônio, Michelle tenta encontrar os pés do bebê, ela não acha, fica bastante confusa. Então, Michelle enfia todo o braço direito dentro do útero de Sarah, ela sente a cabeça do bebê, procura desesperadamente os pés do bebê, não encontra, começa a ficar desesperada. Enquanto isso, Sarah repete a palavra demônio aos gritos e chorando como uma louca. Michelle decide tirar o bebê pela cabeça mesmo, e então tira o bebê, toma um susto e desmaia. A cabeça do bebê rola pelo chão do quarto todo empapado em sangue, era apenas uma cabeça, e estava viva. Sarah tem uma parada cardíaca e entra em convulsão, depois de cinco minutos de convulsões, alucinações e choques por todo o corpo, morre. Passam-se mais dois minutos, e Michelle acorda do desmaio. Michelle agora vê uma cabeça viva no chão do quarto, fica pasma, recolhe o bebê, vivo, mas que era só a cabeça. Olha para a cama e vê Sarah desacordada, confere sua circulação e entende na hora que Sarah estava morta. Sai correndo com aquela cabeça viva pela casa dos Livingstone. Michael estava em seu escritório, rezando e chorando, achando que algo de ruim iria acontecer, e toma um susto quando Michelle aparece com uma cabeça de bebê viva sem o corpo, dentro de seu escritório. Michael dá um grito cortante e dolorido de desespero, e fica ainda mais desesperado quando Michelle dá a notícia de que Sarah tinha morrido no parto.
   Logo, Michael rejeita aquele bebê sem corpo. Não sabia por qual milagre maligno aquela cabeça que tinha matado a sua esposa estava viva, tinha certeza de que Sarah dera à luz a um tipo de demônio desconhecido, estava em frangalhos, ficou uma semana de luto e escondeu aquela cabeça viva em seu escritório durante esta semana, dando água à cabeça viva, e pensando no que iria fazer com aquele pequeno demônio que tinha nascido.
   Michael esconde a ocorrência de sua filha Lisa, mas dá a notícia à menina de que sua mãe Sarah tinha morrido no parto, e que o bebê nascera morto, e que tinha sido enterrado no meio da mata que fazia parte do terreno dos Livingstone. Lisa chora e joga as cinzas da mãe no Rio Tâmisa acompanhada do pai. Michael agora só tinha uma preocupação, de como iria se livrar daquela cabeça viva, pois não tinha coragem de matar aquela cabeça, apesar de ter tentado convencer a esposa de abortar, pois agora, com aquela criatura enigmática em seu escritório, ficou receoso de que aquilo era uma maldição, e ficou com medo de provocar aquele demônio que lhe observava quando ele abria seu armário e via este ser que, agora, mais do que nunca, desprezava.
   Passa-se mais uma semana, e Michael resolve dar uma solução para aquele problema, pega a cabeça viva e joga numa mala, sai com a mala com a cabeça viva dentro, pela cidade de Londres. Michael não sabia o que fazer, estava completamente atônito, até que consulta um amigo, e revela o seu problema a ele. O amigo tem uma ideia, diz a Michael que havia um circo itinerante na cidade de Londres, o Spoonfull Circus, e que aquela cabeça viva poderia ser de grande serventia para o pessoal do circo, e que, com isso, Michael poderia, também, ganhar um bom dinheiro, vendendo a cabeça viva para o dono daquele circo.
   Michael vai até o Spoonful Circus, que tinha levantado acampamento, há dois dias, na cidade de Londres, e que teria um festival de três dias, dali a uma semana. Michael chega no acampamento, encontra um homem forte, cuidando de um elefante, e pergunta aonde poderia encontrar o dono do circo, o homem forte diz que tinha uma tenda vermelha onde o Sr.Ferguson, dono do circo, estava fazendo as contas dos rendimentos do circo. Michael vai até a tenda vermelha, com a mala na mão, pede licença, e o Sr.Ferguson, sem olhá-lo, contando dinheiro, manda Michael se sentar, então Michael mostra a mala, o Sr.Ferguson olha, então, para a cara de Michael, e acha que aquilo era algum tipo de piada, e pergunta: "__ Que mala é essa na minha mesa? O senhor gostaria de fazer um teste com os nossos palhaços? Tem um com uma maleta cheia de bombinhas coloridas que estouram em todo espetáculo que fazemos, é mais um desses truques? Pois esse eu já conheço." (E dá uma gargalhada). Então, Michael dá uma risada tímida, e diz: "É que ... hum .... hã .... é um outro tipo de bomba que tenho aqui comigo ...". Então, o Sr.Ferguson se levanta, assustado, de sua cadeira, e saca um revólver, e aponta para Michael. "O que o senhor tem nessa mala? Posso saber? É uma bomba? Você é algum tipo de criminoso? Um louco desocupado que quer me matar e explodir meu circo? Tá louco, tá?". Então, de supetão, Michael saca a cabeça da mala e ergue a cabeça viva para o alto com a sua mão direita. O Sr.Ferguson dá um berro e dá um salto para trás, arremessando o revólver para longe, que ricocheteia no fundo da tenda, e dá um disparo contra a lateral da mesa, mas não atinge nenhum dos dois cavalheiros. "O que é isso? Eu não acredito no que eu estou vendo. Só posso estar sonhando, como esta cabeça sem um corpo está viva?". Michael: "Eu também não sei, pois todos sabem que, para um ser vivo, animal que for, precisa de um coração batendo para se manter vivo, mas esta coisa está viva apenas com a cabeça, não sei como, é uma bruxaria que fizeram contra mim, a minha esposa deu à luz a esta coisa e morreu, e agora eu quero me livrar desta cabeça viva, quanto o senhor paga por ela? Esta cabeça pode ser uma bela atração de circo, o senhor pode fazer fortuna em cima dela, quanto a mim, eu só quero uma quantia módica, pois o quanto antes eu me livrar deste monstro, melhor. E aqui no circo esta coisa pode ter alguma utilidade, talvez um circo seja o único lugar que uma cabeça viva sem um corpo possa ter alguma ultilidade, o senhor não acha?". Sr.Ferguson: "Mas é claro! Que coisa bizarra! Eu te dou cem libras, meu camarada!". Michael: "Fechado!". Sr.Ferguson: "Tome aqui! Esta cabeça vai ser mesmo uma bomba para nosso circo, hahahahaha! Vou alimentá-la, pois ela ainda é um bebê, quando esta cabeça fizer 6 anos, vou apresentá-la como a atração principal do meu circo, agora sim ficarei milionário, hahahahaha!" Michael sai com as cem libras, todo feliz e aliviado, com a certeza de que nunca mais veria aquela cabeça horrenda.
   Passam-se seis anos, e chega o grande dia da estreia da cabeça viva no Spoonful Circus, o cartaz anuncia a atração: "Venham ver uma cabeça viva sem corpo e que fala!". O Sr.Ferguson estava eufórico, tinha alimentado aquela cabeça viva dentro de sua tenda, durante seis anos, na base do pão e água. E tinha ensinado a cabeça a falar. Agora era a hora do circo fazer o seu maior sucesso. Nunca, em circo nenhum do mundo, tinha se visto uma coisa daquelas. Alguns até achavam que o cartaz era um boato sensacionalista, para chamar mais público, mas, a maioria da população de Londres, onde o circo estava mais uma vez, pagaria para ver, pois a curiosidade despertada no entorno do circo era imensa.
   O Sr.Ferguson determinou, então, que a atração da cabeça que fala seria para o encerramento dos shows. Seriam três shows da turnê por Londres. Todos do circo estavam apreensivos. Uma acrobata, que também era médium kardecista, uma francesa dos olhos de mel, previa mau agouro para o circo, mas não deixou o trapezista, seu namorado, falar isso para o Sr.Ferguson, mas a maioria dos componentes da trupe já sabia que as previsões da acrobata eram sérias, e que nunca falhavam.
   Chega o primeiro dia de apresentação das atrações do Spoonful Circus. Todos do público, que chegavam, estavam bastante felizes. Muitos, ainda, duvidando do anúncio bizarro do cartaz principal, queriam pagar para ver e não perderiam por nada, se tudo aquilo que estava sendo anunciado, fosse mesmo, a mais pura verdade. O Sr.Ferguson recebe o público na porta de entrada da tenda, o picadeiro está vazio com a luz apagada. A cabeça está escondida, dentro de uma maleta, num compartimento secreto, que só o Sr.Ferguson e um faxineiro do circo sabiam. Nada poderia dar errado naquela tão esperada estreia. O público vai entrando, e tomando os seus lugares. Aos poucos, as arquibancadas montadas dentro da tenda do circo, vão se preenchendo. Logo, a lotação está esgotada, o Sr.Ferguson teria naquele dia, o maior lucro da História do seu circo. Tudo está pronto para o espetáculo.
   Agora, com todo o público acomodado em suas cadeiras na arquibancada, o Sr. Ferguson dá a autorização para o pessoal da iluminação acender as luzes sobre o picadeiro, tudo se acende no meio do circo, o picadeiro está iluminado. Entra a trupe de malabaristas, o público vai ao delírio. Depois, entram os domadores de leões e tigres. Tem o homem-borracha, logo em seguida. Depois, a mulher barbada. Depois, a trupe de acrobatas e trapezistas. No meio do espetáculo, entram os palhaços e fazem uma baderna. Aí entram os elefantes pulando obstáculos, o engolidor de facas, o cuspidor de fogo, os orangotangos e chimpanzés, entra uma mulher maravilhosa fazendo dança do ventre com cobras penduradas no corpo. E, por fim, para encerrar, a hora tão aguardada. É anunciado que iria entrar a cabeça viva sem corpo que fala.
   Entra um domador com a cabeça. Acrobatas fazem seus números em volta da cabeça que, ainda está coberta por um pano vermelho. Chega o mágico e faz uns números para distrair a plateia. Até que, finalmente, o domador tira o pano vermelho da cabeça viva, e ordena para que a cabeça fale. Todo o público, diante daquela cena, fica chocado. O domador, então, começa a espetar um garfo grande, na testa da cabeça, para a cabeça falar. Mas, o imprevisto acontece. A cabeça não fala nada, e começa a chorar. O mágico sai correndo, e cobre a cabeça com o pano vermelho novamente, e começa a improvisar uns números, enquanto, por trás de uma cortina verde improvisada, o domador começa a dar socos na cara da cabeça viva, tentando fazê-la falar, espanca a cabeça toda. O Sr.Ferguson chega para intervir, e dá um esporro no domador, que sai zangado, falando impropérios, na saída do picadeiro. Mas, isso tudo acontece por trás da cortina verde,  e o público não percebe.
   Mas, aí acontece o pior. O público começa a vaiar, e jogar frutas no picadeiro. As frutas, que eram vendidas numa feirinha improvisada do circo, na entrada da tenda montada para o espetáculo. A vaia vai crescendo, e o Sr.Ferguson, que havia criado e ensinado a cabeça viva a falar, acaba convencendo a cabeça viva a falar em público, parece que, agora, o espetáculo irá se concluir com êxito. Ele passa a cabeça viva para o mágico, coberta novamente com um pano vermelho. Desta vez, o mágico tenta fazer a cabeça viva falar, prometendo dinheiro para a cabeça. Ele levanta o pano vermelho da cabeça viva, e agora diz que a cabeça iria contar uma piada. Então, ele manda a cabeça fazer o número de piada que estava combinado, mas, a cabeça fica muda durante um minuto, olhando para o público, que, numa mistura de choque com irritação, volta a jogar frutas no picadeiro e a vaiar o espetáculo. Muitos começam a deixar a tenda, indignados. O Sr.Ferguson se desespera, e invade o picadeiro, anunciando as atrações do dia seguinte. Mas, parecia que aquela notícia da cabeça falante que não fala nada, correria pela Londres inteira.
   É o que acontece. Os jornais colocam manchetes sensacionalistas com fotos da cabeça viva, que foi tirada por um fotógrafo, secretamente, durante a exibição no picadeiro. O Sr.Ferguson, então, fica esperançoso de que aquelas notícias nos jornais poderiam atrair mais público para o segundo dia do espetáculo. Só que o público do primeiro dia poderia estragar tudo. E, no segundo dia, tinha mais jornalistas e fotógrafos, do que público, do lado de fora da tenda.
   O espetáculo se repete, com a mesma sequência. Desta vez, com um público minguado, a  cabeça fala, mas, fala demais. A cabeça começa a gritar, no meio do picadeiro, que era um escravo, e que queria morrer. O Sr.Ferguson, imediatamente, entra no picadeiro, cobre a cabeça com o pano vermelho, e leva a cabeça embora, guardando ela numa maleta, dentro de sua tenda particular.
   No dia seguinte, o Sr.Ferguson entra na sua tenda particular, para buscar a cabeça, para o terceiro e último dia da turnê de Londres. Mas, para espanto do Sr.Ferguson, a cabeça não estava mais lá. Ele se desespera, e se sente culpado por todas as desgraças daquela cabeça, e pelo fracasso do show tão esperado. Tudo tinha dado errado. E, então, ele manda a trupe do circo fazer uma varredura por Londres, para achar a famigerada cabeça viva.
   Na verdade, na madrugada anterior, três garotos, todos na faixa dos nove e dez anos, que tinham assistido o primeiro dia do espetáculo, planejaram o roubo da cabeça viva. E, então, entraram na tenda do Sr.Ferguson, depois de um dos garotos ver o Sr.Ferguson entrar, furtivamente, em sua tenda, com uma maleta. Pois então, levaram a cabeça embora. Os garotos foram a um campo, longe, no subúrbio, e chutavam a cabeça para todos os lados, como se fosse uma bola de futebol. A cabeça ficou sangrando, depois de duas horas sendo chutada pelos garotos. Então, os garotos resolveram parar com a brincadeira, e jogaram a cabeça viva num lixo, no centro de Londres.
   Enquanto isso, toda a trupe do Spoonful Circus, fazia uma varredura por toda Londres, atrás da cabeça. Quem acha a cabeça, finalmente, é a acrobata francesa e vidente. Mas, já de noite, a cabeça estava morta. Todos da trupe choraram copiosamente. E o circo foi embora de Londres. A história desta cabeça não foi tão boa. Foi um milagre ao contrário. O Sr.Ferguson nunca mais pensou em atrações bizarras para o seu circo.

12/06/2013 Contos Psicodélicos
(Gustavo Bastos)
 
   

terça-feira, 11 de junho de 2013

SOBRE A ARTE DA FLATULÊNCIA

Quando se disfarça tem o odor de uma fera morrendo, quando se faz de conta dentro de repartimentos a cara dura é pouca, tudo fica fétido como na hora de sair como quem nada fez. O silencioso é o pior, o que sopra é cruel. O barulhento é exibidoso, quando se está em ambiente familiar a coisa fica estúpida, faz-se de propósito, mas quando sai sem querer é motivo de vergonha de quem o faz.

11/06/2013 Pequenos Trechos
(Gustavo Bastos)

LUTA DE SONHADORES

Quem tem farinha e algodão,
quem tem soja e café.
O mercado cresce
com fé.

Quem tem comida e sonho.
Quem sonha e tem abundância.
Quem sonha ter tudo
e tem pouco.
Quem sonha com tudo
e nada tem.

Vamos à luta!
Eis o denodo da batalha,
correr com o relógio,
há comida e há trabalho!

Sete quilômetros de suor.
Quem tem pão e tem feijão.
Quem tem riquezas
e a pobreza.

Quem tem.
Quem não tem.
Quem sonha.
Quem faz.
Aqui jaz um esfomeado.
Ali morre um, empanturrado.

11/06/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)

O PAÍS DE DUAS CABEÇAS

Vamos prender o bandido
que roubou um pão.

O Sr.Gomes, deputado,
está em seu gabinete.
Pesam sobre ele cinco acusações:
Lavagem de dinheiro,
formação de quadrilha,
abuso de autoridade,
peculato,
tráfico de influência.

O Sr.Gomes recorreu
e está livre.
O Sr.Gomes está sendo
procurado pela Interpol,
mas, no seu país,
está livre e ainda
tem um cargo eletivo.

O Sr.Gomes planeja
sua próxima investida:
O Senado.

O bandido, que roubou
o último pão da padaria
ontem à noite,
tomou porrada
da polícia
e agora se encontra
preso.

11/06/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)

VISLUMBRE DO CAIS

Universo, faz do sopro, mundo novo!
Bramido de minha rosa escarlate,
sequiosa pluma do vento,
reverbera a paz glacial
de meu anátema.

Com que sol! Com que sol veste
tuas luas? Cada membrana
em corpos de luz,
cada pele em vestes azuis!

Freme o silente penedo,
cai das horas perdidas
no cais!

Este segredo dos rios,
este pecado dos mares.
De doce ao sal
pelo delta
da vida.

11/06/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)

A ESSÊNCIA DO ÉDEN

Quem de nós degustará os sonhos do paraíso?
Da árvore do conhecimento do bem e do mal
comemos, Eva era Prometeu acorrentado
que nos deu o fogo e com ele nos queimamos.
Voragem das estâncias em nua lua,
corta o verso e o drama no espanto do rouxinol,
asas abertas derretidas de Ícaro!

Voa ao paraíso, sonhado Éden!
Que de tuas veredas extasiadas
vigorem todas as paixões,
ó súbito Éden!
Ó paz extática de Xangrilá!

Canção adormecida no pasto e no campo,
descem os bois às águas do rio argênteo,
flana o jovem poeta na noite ébria!

Qual a dor que não se cansa de chorar?
Tens adiante a árvore da vida,
veredas dos mares e dos desertos,
prazeres do feitiço da bruma do Éden!
Em que nuvem o poeta levita?
Em qual sonho o anjo despertou?

Faz de tudo pecado
o silêncio da maçã,
pecado do fogo roubado
de uma febre malsã.

11/06/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)

QUERO CHÁ!

Lanchonete "Tudo do Bom". Lado de fora, na varanda, onde há algumas mesas e cadeiras, entra um freguês e senta em seu lugar perto do balcão, a garçonete vai atendê-lo.
Garçonete (com um sorriso no rosto e gestos afetados):
__ Olá senhor, gostaria de olhar o nosso cardápio, algo em que posso ajudar?
Freguês (com semblante sério e compenetrado, joga a franja para trás com a mão direita, olha para a garçonete com olhar curioso):
__ O que você tem para me oferecer? Quero ver o cardápio!
Garçonete (com o mesmo sorriso no rosto, agora com um tom mecânico na voz):
__ Aqui está o cardápio, gostaria de algo para beber? Um refrigerante, um suco, um café ou uma água?
Freguês (Olha para a garçonete um tanto nervoso, os olhos furiosos em direção a ela):
__ Tem chá?
Garçonete (agora com o sorriso no rosto meio aparvalhado, ainda num gestual afetado e repetindo o tom mecânico na voz):
__ Não temos chá, senhor. Mas o senhor não gostaria de ver nossas opções de sucos, tem vários sabores, fruta do conde, laranja, limão, maracujá ...
Freguês (Bem nervoso agora, volta-se com um olhar compenetrado fuzilando a garçonete com os olhos):
__ Você não me ouviu? Eu pedi um chá. Não tem chá? Não quero saber de maracujá, não tô nem aí pra esta porra de fruta do conde, nunca vi essa coisa e nem sei qual é o sabor, odeio laranja, odeio limão! Eu quero chá! Nesta lanchonete não tem chá? Chá de sidreira, tem não? Chá de boldo, de cogumelo, chá de trombeta, tem não? Tem não?
Garçonete (Agora com o semblante de ofendida, já perdendo um pouco o tom mecânico na voz, mas ainda com o gestual afetado):
__ Desculpe, nossa lanchonete ainda não vende chá, mas vou falar com o dono para providenciar, quem sabe na semana que vem quando o senhor voltar já teremos chá. Mas ... pelo visto o senhor não gosta de suco, não preferiria um refrigerante então? Ah, que tal um cafezinho, aqui o café é ótimo, uma delícia! Ou então, neste calor, o senhor poderia beber uma bela água, neste verão, que tal uma água para refrescar?
Freguês (agora com o tom de voz irritado e voltando a fuzilar a garçonete com os olhos nos olhos dela):
__ Minha querida, você não entendeu ainda? Eu quero chá! Como que pode uma lanchonete como essa não servir chá? Só tem suco e refrigerante? Só tem esse cafezinho de executivo de terno com o suvaco suado? E pra quê eu vou querer uma água, lá em casa tem água, todo lugar tem água, pra quê que eu deveria tomar água numa lanchonete? Eu quero chá! Porra, eu quero chá! Pode ser de boldo, avisa pro teu chefe, que quando eu voltar aqui, quero tomar um chá de trombeta, anota aí!
Garçonete (com o semblante confuso, anota o pedido de chá de trombeta e guarda o papel para passar ao dono da lanchonete, se volta para o freguês agora mais calma e num tom de voz nada mais mecânico, um tanto suavizado):
__ OK, seu pedido está anotado, vou pedir ao meu chefe para colocar o chá de trombeta no cardápio, e outros chás também. Mas, olhe aí no cardápio, o senhor não gostaria de comer alguma coisa, um sanduíche natural? Ou talvez um almoço executivo?
Freguês (agora em tom sarcástico, num semblante de ardil):
__ Eu gostaria de paca ou capivara. Tem?
Garçonete (com um semblante confuso, e agora sem disfarçar um pouco de sua irritação com o freguês pentelho):
__ Não, não tem.
Freguês (agora com semblante irônico, finaliza sua troça):
__ Então eu vou indo, vou voltar aqui na semana que vem e quero o meu chá de trombeta para depois da hora do almoço, passar bem.
Garçonete (com semblante de alívio):
__ Aguardarei seu retorno e farei o pedido do senhor do chá de trombeta para o meu chefe, espero que na semana que vem o senhor possa tomar o seu chá. Até mais.
Freguês (com um sorriso malandro no rosto):
__ Até mais, e semana que vem venho aqui tomar o meu chá, e de trombeta hein?!

11/06/2013 Paranoide
(Série de Sketches)
(Gustavo Bastos)

segunda-feira, 10 de junho de 2013

CONFLAGRAÇÃO DO VERSO

Conflagração do absoluto drama,
percorre o castiçal e a chama,
verga o ferro na mão do espanto,
vai o doente macabro
ferver sete poemas
no sal viçoso da hora.

Abismo conflagra,
as estrelas caem
na noite explodida.

Carne de matagal,
as ondas ventilam
o sol na dor de sal,
qual aurora
a vinha
renasce
temerária,
qual lodo
de bomba
queda
rima
e surta
no poema
vertebral.

10/06/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)

SENHORA DE SI

Senhora de si,
poetisa maldoror,
qual rosa funda
na bruma de amor!

Sonha tantálica!
Jaz na peste
de toda languidez,
faz poemas rotos
de toda forma e jaez.

Querer bem é querer-te toda,
manter assim o sal nos olhos
que choram de fome e drama.

Querer o silêncio
de tua chuva,
querer o poema
que tu vislumbras.

10/06/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)

DAS ASAS DO INFANTE

De balouçar as asas dorme o infante.
Separa em seu túmulo
as flores de sangue,
bebe licor como calda de sol,
dança o labor como carne de anzol.

Às asas o infante adormece de torpor,
vem com a barafunda no pássaro
e vem com sino e trombeta.

Caça uma paca pela manhã,
refoga uma cotia no almoço.
Corre para todos os lados
da mata em um ataque frontal.

Quando gira, fica tonto.
Renasce e depois
gira bem mais
que as esferas
supralunares.

Mundo oco da visão.
Vai todo infante
morrer de sonhar
com a rosa pálida
de seu candelabro,
morre jovem
e vai ao Hades
corromper
seus poemas.

10/06/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)

O COMEDIANTE DA TORTA NA CARA

Ele manda uma torta na cara do presidente e sai correndo. Sua vida é um pastelão, número de music-hall, vendeta de vaudeville, tem na farsa trágica seu novo espelho, ele come a torta bem comida, dá um arroto depois de beber dois litros de coca-cola em trinta minutos, fuma um narguilé neurotóxico e dorme numa cama de palha para se coçar como no desenlace de sua febre mortífera, das asas que ele imaginou tem o tédio como esperança. O homem agora prepara um novo ataque de torta na cara, será um empresário conhecido em todo o país, ele dá a tortada e foge, a polícia lhe dá cacetadas na bunda, ele ri e se esfola todo, ele é o comediante da nau furada de toda geração de novos palhaços, ele é o panaca que deu uma sapatada no padre da igreja. Ele chamou o curioso de abelhudo e lhe deu uma bela tortada na cara, voou chantilly pra todo lado.

10/06/2013 Pequenos Trechos
(Gustavo Bastos)

CRÍTICA AO HOMEM-PROPAGANDA

"A vida foi feita para dar certo. Não temos que colher erros que não nos pertencem."

   Aparece em todas as mídias, cria-se um duplo imaginário e se crê se quiser. Ele é o homem-propaganda, domina cada fatia de mercado e está só e desamparado, tem tudo e não vê nada, tá em todas mas não aparece em lugar nenhum, tem um tantão de comerciais de carro mas não vende seus livros. Conquistou o mundo de maneira abstrata mas no concreto não tem direito a nada.
   O homem-propaganda está cansado, seu duplo midiático desfila por aí, é um sucesso absoluto, tá no topo do mundo, mas, na real mesmo, à vera, tá comendo o pão que o diabo amassou, o homem-propaganda é um paradoxo, sua vida se tornou um paradoxo, sua angústia pela verdade é infinita, seu duplo, repito, é um sucesso absoluto, mas ele não tem acesso às benesses deste seu duplo imaginário e seu mundo ilusório de big brother e celebridade, ele é e não é uma celebridade, no concreto está perdido, no abstrato, com o seu duplo, tem o aval de todas as marcas possíveis e imagináveis, redes de TV, outdoors, até provocou uma tentativa de assassinato, vítima do próprio sucesso, foi assombroso, mas ele, longe deste seu duplo que é um fenômeno, na real, no duro, não está com nada, não tem absolutamente nada, lutou pela verdade e só foi chamado de louco, humilhado e ofendido, desceu ao inferno da loucura, quase se suicidou pelo sucesso que lhe corroeu a paz de espírito, o homem-propaganda hoje é um paranoide, sabe que está sendo observado, mas está impotente de mãos atadas frente a tanta mentira, o seu duplo imaginário se deu bem, é um sucesso de marketing, seu duplo é o inalcançável, no concreto, longe desse seu duplo, no duro, ele está pedindo arrego, já lavou as mãos, não sabe o significado do sucesso concreto, não tem reconhecimento no que faz, continua na batalha, mas a luta se tornou inglória, seu duplo colhe todas as glórias, sua vida é explorada por vampiros midiáticos, a indústria da propaganda tudo tomou, o seu duplo está reificado num patamar inexistente, ele não se reconhece mais neste seu duplo que corre por aí com carros de última geração.
   O homem-propaganda foi traído e alvejado por todos os lados possíveis e imagináveis, fizeram troça, jogaram merda nele, tiraram seu sangue, sugaram todas as suas ideias, até as mais banais. Seu duplo está reificado, e ele, no concreto, no duro, está imobilizado, está num xadrez cada vez mais complicado, está num mundo kafkiano, e sua vida agora está ficando mais difícil e dolorosa, tá que nem Esperando Godot, Beckettiano até as tripas, o teatro do absurdo pode ser fatal, enquanto isso quem sabota vai rezar na igreja, como se nada estivesse acontecendo, outros acham tudo muito normal e engraçado, o homem-propaganda está nu, ele quer se matar, mas precisa produzir, produzir virou sua palavra obcecada, seu duplo está no topo do mundo, no concreto, no duro, o homem-propaganda está nu e esperando Godot, espera e quase desiste, se desespera, tenta morrer, se corta todo, quer morrer, o homem-propaganda quer morrer, o sucesso só é realizado através do suicídio, o reconhecimento só vem com o suicídio, o homem-propaganda deu seu último voto de confiança para toda esta farsa, o homem-propaganda não reconhece mais o seu duplo que está na mídia, senhor de todas as marcas e grifes, o homem-propaganda não sabe mais de nada, não tem direito nem à verdade, foi sacaneado sempre, nada parece que vai mudar, ele morre estando vivo, já está mortalmente ferido por dentro, tem que lutar, mas a luta é inglória, o homem-propaganda quer morrer, começa a tomar raiva deste seu duplo que faz tanto sucesso, ele não se reconhece  mais ali, pois na verdade nunca fez parte daquilo, ele na verdade não tem reconhecimento, sua vida é um completo absurdo, não tem mais nada, ele toma ódio e asco, cada vez mais, parece que ninguém tá vendo isso, o homem-propaganda diz que este duplo vai acabar lhe matando, o teatro do absurdo espera Godot, mas até quando?

10/06/2013 Pensamentos Livres
(Gustavo Bastos)

domingo, 9 de junho de 2013

COSMÓPOLIS DE DON DE LILLO

"Cosmópolis fecha em forma de enigma, com uma única resposta para o mundo: tudo é imprevisível."

   Don DeLillo, escritor, dramaturgo e ensaísta norte-americano, é um dos nomes de destaque do cenário literário dos EUA do século XX. Sua obra Cosmópolis foi recentemente adaptada para o cinema por David Cronenberg, com o personagem principal da estória, Eric Michael Packer, representado pelo ator da franquia Crepúsculo, Robert Pattinson. O filme é fiel ao livro, e mostra um contexto de virada de século e milênio bem detalhado do que viria a ocorrer tanto nos EUA como no mundo nos anos seguintes.
   O personagem principal da estória é um self-made man do mercado financeiro, empresário que passa a maior parte do tempo conferindo dados do mercado através de telas de computador em sua limusine. O multimilionário Eric Michael Packer é dono da Packer Capital, e toda a estória se desenrola em apenas um dia, como um retrato de ascensão e queda de um homem em pouco tempo. O tempo que, em toda a estória, passará a ser questionado como um dado importante. Tudo é controlado o tempo todo, os dados do mercado deveriam ter alguma lógica, um padrão, mas o iene, tema que envolve as reflexões de Eric, e que o perturba durante seu trajeto para cortar o cabelo, vai demonstrar como a psicologia do mercado financeiro é imprevisível. Tudo que Eric acreditava, com suas teorias bem estabelecidas, vai logo ruir e sua fortuna irá junto, como um golpe em seu ego e  em sua segurança de pessoa bem formada e consciente. A frieza de sua vida irá repentinamente ser abalada por acontecimentos terríveis que vão, junto com a subida indesejada do iene, transformar, através do caos, todos os conceitos que Eric jogava em suas especulações no mercado financeiro.
   Eric tem apenas 28 anos, tem características típicas de um homem vaidoso e megalômano, tudo o que ele tem representa para ele um modo de vida e o sentido dado à própria vida. Seu enredo de um único dia se passa na Nova York convulsionada por protestos e passeatas, pessoas passam ao lado e por cima de sua limusine, e ele tenta ficar no seu mundo lógico, mas se percebe que, do lado de fora da limusine, o mundo tenta dizer para ele que não tem mais nada certo, que todas as coisas que são previstas podem mudar instantaneamente, e que a vida que Eric leva é falsa e perigosa. Sua mulher tem uma família abastada, mas ele, self-made man, começa a perder dinheiro, o iene insiste em subir, toda a sua fortuna está indo embora, ele só quer cortar o cabelo e nada mais, a especulação do mercado financeiro continua, seus seguranças tentam protegê-lo, sua vida está por um fio, o mundo também, por sua vez, está por um fio.
   Toda a estória se passa num dia de Abril do ano 2000. Don DeLillo retrata com perfeição todos os dilemas de um novo mundo em que a informação tem um valor fundamental, e os dados que correm por esta rede de informação é um determinante de uma escalada de riqueza ou de falência, talvez e certamente um prenúncio inconsciente de todas as crenças que ruiram no ano de 2008, na crise dos subprime nos EUA, refletindo em todo o mundo, onde a globalização e todos os conceitos de um mercado financeiro autorregulado, propalado pela famosa Escola de Chicago, são confrontados com uma especialização extrema de derivativos e quejandos, em que a criatividade se volta contra ela mesma, levando, no mundo real, a uma crise bancária.
   De Lillo viu isso, não como uma profecia, mas como a própria natureza humana sendo a sabotadora de si mesma, e a autossabotagem passará pelos sentimentos frios de Eric, uma vida vazia, ausente de uma ambição maior que não a de acumular capital e bens, e que sofrerá de seu próprio equívoco, ao se deparar com um impasse de toda uma estratégia que não deu certo, pois a teoria em que se valeu, não terá mais serventia num mundo que está no caos, e que não tem a ordem lógica esperada.
   De encontro com mulheres, conversas com um pequeno gênio da informática, de conflitos com sua mulher, do fato de acabar de matar um de seus seguranças com uma arma ultramoderna, tudo está em suspenso neste dia terrível de Eric. O sonho das finanças terá mesmo a consistência de um sonho, ou melhor, de um delírio, tudo se passa como um enredo de tragédia pós-moderna. De Lillo fecha todo o enredo de Cosmópolis com um fim de ressentimento. Um dos ex-empregados de Eric quer matá-lo. Os dois se reencontram, e o conflito entre um ego inflado e um perdedor ressentido vêm à tona. O único sentido para o ressentido é matar o sucesso, e o self-made man, típico exemplo do sucesso norte-americano, vira o alvo de todas as frustrações de um outro homem que, só verá sentido para a sua própria vida, ao matar o que lhe provoca ódio, ou seja, o sucesso total de um empreendedor do mercado financeiro.
   O ressentido aparece sob o pseudônimo de Benno Levin, que tem apartes durante a estória de Eric contada por De Lillo. Benno Levin é o assassino de Eric Michael Packer? Tudo se configura para o ato final. Eric em tom provocativo, e Benno, no desespero impotente de quem não tem mais nada a fazer na vida, senão liquidar com o que lhe ofende, ou seja, todo o sucesso financeiro, não só de Eric, que a esta altura já perdeu quase tudo, como de um modelo de vida capitalista e, sobretudo, norte-americano. Benno Levin não conseguiu, este é o fato do ressentido, ele não conseguiu. E, para finalmente conseguir, tem que matar quem fez o que ele sempre sonhou, aquele que representa seu ideal, e que só o poder de matá-lo, a Eric, será este, o único gesto de poder de Benno Levin sobre a totalidade da vida. Pois, para Benno Levin, só acabando com a vida de Eric, poderá viver em paz. Mas, a estória termina, e o ato não é consumado. Ou melhor, Cosmópolis fecha em forma de enigma, com uma única resposta para o mundo: tudo é imprevisível.

Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

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