PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

segunda-feira, 10 de junho de 2013

CRÍTICA AO HOMEM-PROPAGANDA

"A vida foi feita para dar certo. Não temos que colher erros que não nos pertencem."

   Aparece em todas as mídias, cria-se um duplo imaginário e se crê se quiser. Ele é o homem-propaganda, domina cada fatia de mercado e está só e desamparado, tem tudo e não vê nada, tá em todas mas não aparece em lugar nenhum, tem um tantão de comerciais de carro mas não vende seus livros. Conquistou o mundo de maneira abstrata mas no concreto não tem direito a nada.
   O homem-propaganda está cansado, seu duplo midiático desfila por aí, é um sucesso absoluto, tá no topo do mundo, mas, na real mesmo, à vera, tá comendo o pão que o diabo amassou, o homem-propaganda é um paradoxo, sua vida se tornou um paradoxo, sua angústia pela verdade é infinita, seu duplo, repito, é um sucesso absoluto, mas ele não tem acesso às benesses deste seu duplo imaginário e seu mundo ilusório de big brother e celebridade, ele é e não é uma celebridade, no concreto está perdido, no abstrato, com o seu duplo, tem o aval de todas as marcas possíveis e imagináveis, redes de TV, outdoors, até provocou uma tentativa de assassinato, vítima do próprio sucesso, foi assombroso, mas ele, longe deste seu duplo que é um fenômeno, na real, no duro, não está com nada, não tem absolutamente nada, lutou pela verdade e só foi chamado de louco, humilhado e ofendido, desceu ao inferno da loucura, quase se suicidou pelo sucesso que lhe corroeu a paz de espírito, o homem-propaganda hoje é um paranoide, sabe que está sendo observado, mas está impotente de mãos atadas frente a tanta mentira, o seu duplo imaginário se deu bem, é um sucesso de marketing, seu duplo é o inalcançável, no concreto, longe desse seu duplo, no duro, ele está pedindo arrego, já lavou as mãos, não sabe o significado do sucesso concreto, não tem reconhecimento no que faz, continua na batalha, mas a luta se tornou inglória, seu duplo colhe todas as glórias, sua vida é explorada por vampiros midiáticos, a indústria da propaganda tudo tomou, o seu duplo está reificado num patamar inexistente, ele não se reconhece mais neste seu duplo que corre por aí com carros de última geração.
   O homem-propaganda foi traído e alvejado por todos os lados possíveis e imagináveis, fizeram troça, jogaram merda nele, tiraram seu sangue, sugaram todas as suas ideias, até as mais banais. Seu duplo está reificado, e ele, no concreto, no duro, está imobilizado, está num xadrez cada vez mais complicado, está num mundo kafkiano, e sua vida agora está ficando mais difícil e dolorosa, tá que nem Esperando Godot, Beckettiano até as tripas, o teatro do absurdo pode ser fatal, enquanto isso quem sabota vai rezar na igreja, como se nada estivesse acontecendo, outros acham tudo muito normal e engraçado, o homem-propaganda está nu, ele quer se matar, mas precisa produzir, produzir virou sua palavra obcecada, seu duplo está no topo do mundo, no concreto, no duro, o homem-propaganda está nu e esperando Godot, espera e quase desiste, se desespera, tenta morrer, se corta todo, quer morrer, o homem-propaganda quer morrer, o sucesso só é realizado através do suicídio, o reconhecimento só vem com o suicídio, o homem-propaganda deu seu último voto de confiança para toda esta farsa, o homem-propaganda não reconhece mais o seu duplo que está na mídia, senhor de todas as marcas e grifes, o homem-propaganda não sabe mais de nada, não tem direito nem à verdade, foi sacaneado sempre, nada parece que vai mudar, ele morre estando vivo, já está mortalmente ferido por dentro, tem que lutar, mas a luta é inglória, o homem-propaganda quer morrer, começa a tomar raiva deste seu duplo que faz tanto sucesso, ele não se reconhece  mais ali, pois na verdade nunca fez parte daquilo, ele na verdade não tem reconhecimento, sua vida é um completo absurdo, não tem mais nada, ele toma ódio e asco, cada vez mais, parece que ninguém tá vendo isso, o homem-propaganda diz que este duplo vai acabar lhe matando, o teatro do absurdo espera Godot, mas até quando?

10/06/2013 Pensamentos Livres
(Gustavo Bastos)

Nenhum comentário:

Postar um comentário