PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sábado, 15 de maio de 2010

LUCIFÉRICO

“O portador da Luz” chegou:

__ Basta acampar os notívagos do chão, do subterrâneo vem o sofrer, à superfície eles querem volver ... (Falou o criador do inferno, o criador da argúcia, ele, o dono da palavra que ali roía os ossos de mais um – A Inveja!)



Sejais funestos, rubra veemência,

No cárcere, eis:

“Gladiadores, os loucos férreos

Que à noite se comprazem do instinto,

Ali gritava o subterrâneo ...

Enfim a tempestade do castigo

Sobre o orgulho de Lúcifer ...”



__ Por todas as terras devastadas, o desvario ali gritava, venham mordazes! Tudo se fez para vocês, os altiplanos são sonhos, são delírios ...



A beleza do Anjo, o capital chamado solidão.

Tomaste o meu cajado? Te Deum ...



Eu sou o Belo, o Anjo, pendia de minha boca

A serpente, tive meu coração destroçado

Pelo Infinito, Deus assim o quis,

E onde fui pensando ser livre?

Senhor da decisão?

Por acaso pensei: “Eu sou livre!”

Eu quis destroçar o meu coração?



__ Ali a serpente se enfurnou, minha língua era a Blasfêmia ...



“Fallen Angel of Doom”



A lua era a sombra, a lua que não tem almas,

Ali só ficam os sem-Deus ...

Assim falou o Desgraçado



Para onde vais? Dai a César o que lhe convir,

Dai ao honrado a honra, e deixai o invejoso queimar ...



Dai o céu teu, e não direi o céu teu ...

Dai o inferno teu, e direi o inferno teu ...

Mas, uma e a mesma verdade: sou terra, sangue e veia.



Observai bem os audazes, não os cômodos,

Olhai bem e sinta o despudor

Cai o sem-céu, o sem-Deus ...



Vem um versinho de langor e lamento:

“Nas horas que correm, tudo sempre esteve,

Nas horas que correm, tudo sempre está e estará ...

Perdi o meu olho triste para um maldoso duende,

Perdi o riso e o dei ao Corcunda,

Eu o vi com os ombros e o riso infernal.”



Mas ... calai-vos, idiotas! A sangria do vinho foi um delírio?

NÊNIA

Se assevere agora do falso testemunho

Perante a necrofilia dos combates,

Se tua alma cantava nas trevas apavorada,

Se a dor de abster-se de algo

Seria um medo evitável praticando o vício,

Daí não se importar quando ou onde

Se deu um inferno de vontades subterrâneas

Que te levaram à loucura.



O feitiço daquelas orgias do passado

Se tornando delírio e vergonha,

Se os astros já não cintilam

Dentro de teus olhos,

Ladrão silvícola,

Homem de selvageria,

Ferro de assombro sob lágrimas e vento,

Teu infortúnio era cair na terra condenada

Dos prisioneiros macilentos que

Foram olvido, sacrilégio da espécie,

Homem, que entregue à embriaguez

É uma inspiração forte

Tal é a arte de Michelangelo.

domingo, 9 de maio de 2010

NECESSIDADE DO OCASO DOS CORPOS

Há tempos que eu pensei em um fim de minha vida,

Eu que tive sonhos de encontrar a matemática dos astros

E a mecânica perfeita sob o caos dos átomos,

Eu que anunciei aos transeuntes da rua ao lado

A perdição de um dia sem sol,

Eu que bebi a tempestade e que delirava

Por um doce lar na estação do verão,

Eu que observei com olhos de cientista

Os menores espasmos da natureza,

Eu que olhei para o nada ao ver o horizonte

E ter nele o mundo que nunca verei,

Eu que estive com febre ao olhar calendários

De mulheres gostosas seminuas,

Eu que não me preocupei com o que me bastasse

Porque nada nunca me bastou,

Eu que montei nos cavalos selvagens

E que enfrentei o leão da montanha,

Eu que cavei areia nos desertos

Para montar castelos tão vulneráveis

Quanto o corpo humano,

Eu que nunca aprendi um instrumento musical

Por já querer ser músico

Sem notar as notas,

Eu que nunca parei para olhar o tempo

Porque ele nunca para,

Eu que, num instante de desejo,

Tive que sentir arder a minha alma

Nos meandros da libertinagem,

Eu que me descobri agora

Um homem digno da terra que me engolirá.