Juízos abstrusos ressecam a moral,
a inviolabilidade sistêmica
dá uma pane geral,
as coisas se retraem no noticiário,
a crise é institucional.
Tenho faro de revolução,
com os atores sociais
se funde o ser coletivo
das ânsias e anedotários
do velho histórico das massas.
Tudo é televisionado, investigado, documentado.
Do arquivo morto, pela comissão dos mortos,
pode se achar até o diabo
com sua barba totalitária.
E os estertores de que a burocracia
é filha, gritam pela simplicidade
das máquinas,
pela infraestrutura
mais craniana,
e o enfadonho setor de licenças
corrói de tempo perdido
a bendita commoditie
de que toda terra,
assim como a poesia,
é farta.
26/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
domingo, 29 de junho de 2014
CARTA À BRUMA
Bruma:
eu te deixo minha coleção de moedas,
meus fantasmas indizíveis,
meus meandros sem saída.
Deixo a esfera estourada
de meus delírios,
os rios infinitos de poemas
de osso e queda,
o meu lençol branco que agora
tem duas gotas de sangue
e esperma seco,
deixo minha coleção de livros,
meus gládios medievais,
minhas disformes ilustrações,
meu jogo de panelas de aço fundido,
deixo meu corpo
com minha assinatura,
da mão que te escreve
estas tão dolorosas oh
alucinações.
26/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
eu te deixo minha coleção de moedas,
meus fantasmas indizíveis,
meus meandros sem saída.
Deixo a esfera estourada
de meus delírios,
os rios infinitos de poemas
de osso e queda,
o meu lençol branco que agora
tem duas gotas de sangue
e esperma seco,
deixo minha coleção de livros,
meus gládios medievais,
minhas disformes ilustrações,
meu jogo de panelas de aço fundido,
deixo meu corpo
com minha assinatura,
da mão que te escreve
estas tão dolorosas oh
alucinações.
26/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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PEÇA INSÓLITA
O corpo nu,
caindo da escada,
lembrando da devassidão,
sobe, corta, fere, cura,
d`alma só o coração,
do fogo a visão do fogo,
do frio o gelo em toda parte,
com a chuva
a bruma
que desce sobe
no vapor
do mistério das parcas
qual a moira
que luta com o acaso
no firmamento
dos sóis estrelas firmes
que
anunciam
urram
berram
gritam
que é destino
e mais que perfeita
felicidade.
26/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
caindo da escada,
lembrando da devassidão,
sobe, corta, fere, cura,
d`alma só o coração,
do fogo a visão do fogo,
do frio o gelo em toda parte,
com a chuva
a bruma
que desce sobe
no vapor
do mistério das parcas
qual a moira
que luta com o acaso
no firmamento
dos sóis estrelas firmes
que
anunciam
urram
berram
gritam
que é destino
e mais que perfeita
felicidade.
26/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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SOLDADO DE FERRO
Quem fez o volume da catástrofe?
Olhe a esquina, moços velhos
de almas cortadas,
um escárnio meditabundo.
Se outras frases descoladas eclodirem
na máquina, me tenha como vento
em firme tormento,
sejas assim somente o tempo
das nereidas, com o passo florido
em volta do meu campo de sol e terra.
A queda dos velhos moços
é como a litania, febre de pungente
fibra, embora enfraquecida,
eis o lânguido sonho escuro,
a langue esbórnia
de soldado morto.
Exangue, como no ato final.
26/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
Olhe a esquina, moços velhos
de almas cortadas,
um escárnio meditabundo.
Se outras frases descoladas eclodirem
na máquina, me tenha como vento
em firme tormento,
sejas assim somente o tempo
das nereidas, com o passo florido
em volta do meu campo de sol e terra.
A queda dos velhos moços
é como a litania, febre de pungente
fibra, embora enfraquecida,
eis o lânguido sonho escuro,
a langue esbórnia
de soldado morto.
Exangue, como no ato final.
26/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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DIAGNOSE
Prontuário:
Delírio grotesco, ideação de delírio fundo.
Sete espadas no coração, um tiro.
Quatorze farpas familiares.
Histórico toxicômano.
Dentes apodrecidos pelo álcool.
Cabeça inerte depois da meditação.
Vinte e sete tentativas de suicídio.
Dois músculos gangrenados.
Uma tentativa de homicídio.
Vinte e dois testemunhos de genocídio.
Duas overdoses propositais de medicamentos.
Histórico de brigas sangrentas,
xingamento incontinente,
febre e malária, neurocisticercose,
tripla personalidade,
uma cabeça mutante,
pensamentos intrusos,
mediunidade extremada,
quinze casos de possessão demoníaca,
doze injeções de morfina
por acidente doméstico,
mistificações maníacas,
obsessão por topázios,
compulsão poética,
aura onipotente,
imaginação febricitante,
duas fugas de manicômio,
e um vírus na noite sem fim.
26/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
Delírio grotesco, ideação de delírio fundo.
Sete espadas no coração, um tiro.
Quatorze farpas familiares.
Histórico toxicômano.
Dentes apodrecidos pelo álcool.
Cabeça inerte depois da meditação.
Vinte e sete tentativas de suicídio.
Dois músculos gangrenados.
Uma tentativa de homicídio.
Vinte e dois testemunhos de genocídio.
Duas overdoses propositais de medicamentos.
Histórico de brigas sangrentas,
xingamento incontinente,
febre e malária, neurocisticercose,
tripla personalidade,
uma cabeça mutante,
pensamentos intrusos,
mediunidade extremada,
quinze casos de possessão demoníaca,
doze injeções de morfina
por acidente doméstico,
mistificações maníacas,
obsessão por topázios,
compulsão poética,
aura onipotente,
imaginação febricitante,
duas fugas de manicômio,
e um vírus na noite sem fim.
26/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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DA VERDE ESPERANÇA
Cai uma cascata de minha boca,
eu tenho esse escarlate em meu dorso,
bruma ferina de sentido azul,
clara santa figura de um santarrão.
De minha glote a voz metálica,
eu dou um pulo n`água no frio denso.
Se o poema sevicia minha entranha?
Como não me furtar, se ao olho misterioso
a paz murmura sua defecção,
tenho o acólito dos anátemas,
os gritos dos apóstatas.
Cai uma nuvem de meu nariz,
com o dorso em fúria
por uma guerra fraterna,
e o olho firme
que na solidão
do suicídio
encarna o sol tépido
com a face retesada
de um delírio de cocaína.
Se o poema confirma minha esperança?
O tenho verde, qual musgo
ou mata densa.
26/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
eu tenho esse escarlate em meu dorso,
bruma ferina de sentido azul,
clara santa figura de um santarrão.
De minha glote a voz metálica,
eu dou um pulo n`água no frio denso.
Se o poema sevicia minha entranha?
Como não me furtar, se ao olho misterioso
a paz murmura sua defecção,
tenho o acólito dos anátemas,
os gritos dos apóstatas.
Cai uma nuvem de meu nariz,
com o dorso em fúria
por uma guerra fraterna,
e o olho firme
que na solidão
do suicídio
encarna o sol tépido
com a face retesada
de um delírio de cocaína.
Se o poema confirma minha esperança?
O tenho verde, qual musgo
ou mata densa.
26/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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AO DOCE REFÚGIO
Dei os topázios,
segue o rio seco.
Dei teus diamantes todos
ao orfanato,
dei teu ouropel
às mal-amadas.
Se fica brava, eu choro de rir.
Como quem bate a porta
fazendo vento,
te vejo e sorvo teu tempo,
como é sempre este olhar
de anjo relaxado
o meu ardor
quando a fumaça sobe,
aos meus olhos
te reclamo
um doce inferno.
23/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
segue o rio seco.
Dei teus diamantes todos
ao orfanato,
dei teu ouropel
às mal-amadas.
Se fica brava, eu choro de rir.
Como quem bate a porta
fazendo vento,
te vejo e sorvo teu tempo,
como é sempre este olhar
de anjo relaxado
o meu ardor
quando a fumaça sobe,
aos meus olhos
te reclamo
um doce inferno.
23/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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PANO RÁPIDO
Da cloaca, pano rápido:
brutamontes eis teu livro,
leia ao menos o primeiro parágrafo
antes de me socar na esquina,
sabes ler demoradamente?
sei viver de tudo,
e se vem me socar
tomará um tiro.
Lenho e fogo universal,
se vem me socar
se prepare ao soco,
e de chute nas nádegas
e a cara roxa no asfalto,
esfregada como pano,
não reclame da sorte,
teu livro está lá na estante,
não aja como um analfabeto.
23/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
brutamontes eis teu livro,
leia ao menos o primeiro parágrafo
antes de me socar na esquina,
sabes ler demoradamente?
sei viver de tudo,
e se vem me socar
tomará um tiro.
Lenho e fogo universal,
se vem me socar
se prepare ao soco,
e de chute nas nádegas
e a cara roxa no asfalto,
esfregada como pano,
não reclame da sorte,
teu livro está lá na estante,
não aja como um analfabeto.
23/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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PEQUENO NON SENSE
Ainda vou matá-lo,
poema de musgo,
faca cega.
Ainda vou viver-te hei de matá-lo.
Concerto das imagens,
pintura cerebral.
Hei de matar-te vivê-lo!
Se o senhorio das regras
às favas com o elogio
se outro é julgamento
o labor cego nos adora
sei de tudo
mas nada
mata
como é viver.
23/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
poema de musgo,
faca cega.
Ainda vou viver-te hei de matá-lo.
Concerto das imagens,
pintura cerebral.
Hei de matar-te vivê-lo!
Se o senhorio das regras
às favas com o elogio
se outro é julgamento
o labor cego nos adora
sei de tudo
mas nada
mata
como é viver.
23/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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POEMA DA ROSA
Se assim escapo, noutra sala de música,
com o fel desesperado do odor,
fico louco ao resto que fica.
Se, de tonto e doido,
frases saem do compasso,
o dia ri de histérico
como o meu sol.
Lado de outro dia, como no absinto.
O roto tempo delgado
das âncoras de meu sol,
como na iluminura.
Ilumina, do sal à terra,
funda lama opaca da sala de música,
contorce o vento, engole o tempo.
Se assim posso me emoldurar,
quantos ases findos de voo noturno
serão ao mais fundo céu
a flor de minha primavera?
Guarda a tua rosa vítrea,
que de caos somos feitos,
como o estio do coração
é o tormento.
23/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
com o fel desesperado do odor,
fico louco ao resto que fica.
Se, de tonto e doido,
frases saem do compasso,
o dia ri de histérico
como o meu sol.
Lado de outro dia, como no absinto.
O roto tempo delgado
das âncoras de meu sol,
como na iluminura.
Ilumina, do sal à terra,
funda lama opaca da sala de música,
contorce o vento, engole o tempo.
Se assim posso me emoldurar,
quantos ases findos de voo noturno
serão ao mais fundo céu
a flor de minha primavera?
Guarda a tua rosa vítrea,
que de caos somos feitos,
como o estio do coração
é o tormento.
23/06/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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