“Toda a cena norueguesa é baseada no Euronymous e no testemunho dele em sua loja.”
Em Lords Of Chaos, podemos ler : “Um sueco chamado Per Yngve
Ohlin, codinome “Dead”, viria a se juntar ao Mayhem como seu novo vocalista,
tendo sido anteriormente membro de uma banda de death metal com tema de terror,
chamada Morbid.
O Dead seria o primeiro membro notável da saga do black metal
nórdico ao dar um tiro em sua própria cabeça, em 1991, vivendo à altura do seu
apelido ao mesmo tempo que morria com ele.”
Ainda segue em Lords Of Chaos : “Na costa oeste da Noruega se
encontra a antiga cidade de Bergen, famosa por sua atitude aristocrática de
independência em relação às outras áreas do país – especialmente Oslo.
Bergen era o lar de Kristian Vikernes (que posteriormente
mudaria seu nome legalmente para Varg), um adolescente carismático com um
entusiasmo explosivo por qualquer assunto que fosse sua fixação no momento.”
Temos o seguimento do relato em Lords Of Chaos : “Tendo
tocado guitarra por anos, ele se juntou à banda de death metal Old Funeral, mas
rapidamente se cansou da superficialidade e dos shows juvenis da banda.
Ao tocar com o conjunto, Vikernes teve contato com muitos dos
que mais tarde se tornariam importantes para o mundo do black metal. Ele
conheceu os músicos que posteriormente formariam a banda Immortal, e também conheceu o
lendário Euronymous.
Depois de sair do Old Funeral, Vikernes formou uma one-man
band para poder ter controle total sobre sua obra. Originalmente chamada
Uruk-hai, em uma referência à obra de J.R.R.Tolkien, ele posteriormente mudou o
nome do projeto para Burzum, outro termo cunhado por Tolkien que significa
“escuridão”.”
Segue Lords Of Chaos : “O Burzum não foi a única banda nova
de black metal a surgir. Um conjunto de Oslo, Darkthrone, estava começando a
chamar atenção e fez alguns shows nessa época.
Alguns membros da banda ainda usavam roupas de ginástica,
entregando as suas origens no death metal; outros começaram a usar trajes mais
alinhados com a estética do black metal que começava a se desenvolver.”
Segue Lords Of Chaos : “Outros conjuntos que logo
reivindicaram o título de black metal incluíam o Immortal (que também surgiu do
que sobrou do Old Funeral) e um jovem grupo do interior de Telemark, Emperor.
Essa última banda, junto de Vikernes, estava destinada a
cumprir um papel importante no processo de trazer ao gênero a atenção não só de colecionadores de discos, mas
também das delegacias de polícia.”
Euronymous abriu uma loja de discos que também virou
gravadora, a Helvete, e que foi ponto de encontro das figuras mais importantes
do cenário black metal que evoluiria naquela época.
Metalion nos diz : “Esse foi o momento da criação de toda a
cena do black metal norueguês – está tudo conectado àquela loja, à influência
que o Euronymous tinha sobre os clientes mais jovens da loja, e a como ele os
convencia do que era real ou não nesse mundo.
Muitos dos caras do Immortal e do Darkthrone curtiam death
metal normal e o Euronymous mostrou pra eles o que o black metal era de
verdade, como as coisas deviam ser, e eles o seguiram.
Olhando para o primeiro álbum do Darkthrone e comparando com
o segundo, dá pra ver a influência do Euronymous no segundo, A Blaze in the
Northern Sky. Esse foi o primeiro álbum de black metal norueguês depois do
Deathcrush que foi realmente uma influência grande pro resto da cena.
Depois veio o Immortal, que era uma banda de death metal que
virou black metal, também por influência do Euronymous. Mesmo que eles não
admitam, é verdade. Mesma coisa com o Emperor – eles tinham uma banda chamada
Thou Shalt Suffer, que era death metal, e virou Emperor, que era black metal.
Toda a cena norueguesa é baseada no Euronymous e no testemunho dele em sua
loja.
Ele convenceu eles do que era certo e do que era errado. Ele
sempre dizia o que pensava; seguindo os próprios instintos sobre o que seria o
black metal verdadeiro tipo usar corpse paint e spikes, idolatrar a morte e ser
extremo. Era isso que ele falava pra todo mundo.”
Aqui temos, lendo o livro Lords Of Chaos, neste trecho, o que
gerou e desenvolveu o cenário black metal norueguês, e as sementes do mal que
logo chocariam o mundo, numa versão diabólica do rock nunca antes vista.
O black metal norueguês daquela geração noventista que surgia
ultrapassou a barreira da teoria, como o perverso psicanalítico, e alguns
membros do que viria a ser o inner circle foram às vias de fato para produzir a
polêmica e o caos.
Gustavo Bastos, filósofo e escritor.
Link da Século Diário : https://www.seculodiario.com.br/cultura/a-sangrenta-historia-do-metal-satanico-underground-parte-vii