sábado, 13 de novembro de 2010
AMOR IGNORADO
Para quê amar tanto?
Pois amar tudo
ou não amar nada
não faz diferença
se o mundo
não se importa
com isso.
Para quê o amor sofre e goza?
Por quem o amor vai gozar e sofrer?
Um pedaço do seu destino
está em quem você amará
um dia, talvez ...
e não sobrará nada
dos amores que passaram
e morreram com o tempo,
pois somos feitos de alma,
e mesmo que nela não
possamos tocar com as mãos,
a alma é que ama
e que está presente
quando se ama,
o corpo é apenas uma vitrine
em que os desejos se encontram,
o beijo é que nos faz
entender que não há amor
que dure sem muita paciência
e labor,
o amor é uma dúvida eterna.
Estamos bem quando
ele surge,
e nada nos detém,
e quando acaba tudo,
tudo novo de novo,
e nada de se lamentar,
o amor é para os que
procuram pelo mundo
uma emoção diferente
do primeiro impulso do desejo,
é a busca de algo durável,
digo que tudo está aberto
para o coração que vê.
O amor é uma dúvida eterna,
e não sei para quê
ou para quem
ele é essencial,
se tudo morre no fim.
13/11/2010 Poemas de Amor e Outros Verões
Marcadores:
Poesia
POEMA SOCRÁTICO
Que sei eu quando me faço perguntar pelas coisas?
Nada se tem como disciplina férrea
senão o perguntar dos porquês.
Nesta matéria sei o bastante de questões
que pairam em minha cabeça que pensa.
E penso em parar num instante repentino
e dosar as perguntas com um tanto
de sapiência farsesca.
Pois, se não é o termo exato,
não temos exatidão alguma
no que pensamos e perguntamos.
Para nós que pensamos
está inventada pelo homem a filosofia.
Para nós que investigamos a natureza
está inventada a ciência moderna
com os seus métodos, experimentos e teorias.
Mas, o que cabe a nós?
Se dizem que a resposta é Jesus Cristo,
nós o sabemos se o seguirmos de coração.
Se dizem que o espírito é que sabe
e que o ser mortal nada sabe
enclausurado em seu corpo e na matéria,
nós também o sabemos.
Qual é o conhecimento de todas as coisas?
Que seja o homem então carente de onisciência
e cheio das dores do mundo.
Que seja o homem então conforme
ao que pergunta e aos seus porquês
dizendo no fim: Não sei.
16/03/2009 Gustavo Bastos
Marcadores:
Pinturas Pagãs,
Poesia,
Poesias 2009
SOLITUDE CANCIONEIRA
Estás só, como a flor solitária e silente
num amor resplandecente
de ter apenas o seu canto na alta noite
dos clarins.
Estás só porque queres estar assim.
O pouco que sobra desta meditação
é o doce vinho das lembranças
e amargo é o fim da esperança.
Estás só na vida e na bruma,
absorve todas as ânsias de amar
na fé em Deus e nas suas palavras
sacramentadas e divulgadas,
não és o único,
e nem tampouco sabes se um dia
terás em ti o amor das relvas.
Estás só por que queres?
Estás por que assim se dá a tua existência?
Rejeitaste a unção do teu corpo?
Ou foste rejeitado em teu amor?
Estás só, como a primeira sensação
de quando morres.
Estás só e nada te cativas suficientemente
para dizer que amas verdadeiramente.
Estás só em teu pranto e sorriso.
Estás só na canção de teu rancor.
Estás só e desesperado.
13/03/2009 Gustavo Bastos
num amor resplandecente
de ter apenas o seu canto na alta noite
dos clarins.
Estás só porque queres estar assim.
O pouco que sobra desta meditação
é o doce vinho das lembranças
e amargo é o fim da esperança.
Estás só na vida e na bruma,
absorve todas as ânsias de amar
na fé em Deus e nas suas palavras
sacramentadas e divulgadas,
não és o único,
e nem tampouco sabes se um dia
terás em ti o amor das relvas.
Estás só por que queres?
Estás por que assim se dá a tua existência?
Rejeitaste a unção do teu corpo?
Ou foste rejeitado em teu amor?
Estás só, como a primeira sensação
de quando morres.
Estás só e nada te cativas suficientemente
para dizer que amas verdadeiramente.
Estás só em teu pranto e sorriso.
Estás só na canção de teu rancor.
Estás só e desesperado.
13/03/2009 Gustavo Bastos
Marcadores:
Pinturas Pagãs,
Poesia,
Poesias 2009
ESCRITO NA CATACUMBA
Descansa na névoa púrpura a minha louca razão.
Eu tenho a vida como uma densa cruzada
em que chamo o nome de Deus, Jeová
do Velho Testamento,
e do lado o implacável anjo ínfero
dos ínferos, carne sanguinária
estou aqui vivo e profundo mar.
Sobre a razão e a loucura tenho plena a religião
dos sectários cristãos,
eles dormem e trabalham
até o Dia do Juízo,
eles comem e trabalham
até o sem fim que o mundo vai,
eles planejam as maravilhas
do céu eterno
e querem pagar a labuta
no dízimo,
enquanto as feras incultas e bárbaras
saem volteando seus davaneios
na cor púrpura da névoa
em que a ilusão demoníaca
acorda para a noite de simbologia,
a Trindade e um tridente,
a abóbada estrelada do infinito
e a carne desbotada e podre
da inevitável morte.
Mas que a Eternidade nos comova
com Jesus crucificado
em meio aos pães e aos vinhos,
e que Deus nos dê bênçãos e milagres.
28/02/2009 Gustavo Bastos
Eu tenho a vida como uma densa cruzada
em que chamo o nome de Deus, Jeová
do Velho Testamento,
e do lado o implacável anjo ínfero
dos ínferos, carne sanguinária
estou aqui vivo e profundo mar.
Sobre a razão e a loucura tenho plena a religião
dos sectários cristãos,
eles dormem e trabalham
até o Dia do Juízo,
eles comem e trabalham
até o sem fim que o mundo vai,
eles planejam as maravilhas
do céu eterno
e querem pagar a labuta
no dízimo,
enquanto as feras incultas e bárbaras
saem volteando seus davaneios
na cor púrpura da névoa
em que a ilusão demoníaca
acorda para a noite de simbologia,
a Trindade e um tridente,
a abóbada estrelada do infinito
e a carne desbotada e podre
da inevitável morte.
Mas que a Eternidade nos comova
com Jesus crucificado
em meio aos pães e aos vinhos,
e que Deus nos dê bênçãos e milagres.
28/02/2009 Gustavo Bastos
Marcadores:
Poesia,
Poesias 2009
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
VIDA BOÊMIA
Que vou viver?
Nesta vida boêmia
de um beatnik mal amado?
Horas passam na vertigem
de um copo de cerveja,
vejo os meus olhos perdidos
em noites alcoólicas
diante da morte
da esperança
e da redenção.
Que vou fazer?
Não há sonho que resista
ao rendez-vous
de todas as esferas de fogo
que ardem no desejo carnal.
O pecado é a vida tomada
na sua velocidade instantânea,
mas o mal que há no mundo
não é suficiente
para destruir
o delírio
de um poeta.
11/11/2010 Delírios
(Gustavo Bastos)
Nesta vida boêmia
de um beatnik mal amado?
Horas passam na vertigem
de um copo de cerveja,
vejo os meus olhos perdidos
em noites alcoólicas
diante da morte
da esperança
e da redenção.
Que vou fazer?
Não há sonho que resista
ao rendez-vous
de todas as esferas de fogo
que ardem no desejo carnal.
O pecado é a vida tomada
na sua velocidade instantânea,
mas o mal que há no mundo
não é suficiente
para destruir
o delírio
de um poeta.
11/11/2010 Delírios
(Gustavo Bastos)
Marcadores:
Poesia
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
HISTORIANDO ARTE SINFÔNICA (REMAINS)
Nos restos mortais remains summer love
tens a primavera e o primogênito
tens o gênio em tu mesmo
e a garra e a pata e a mão
tens a mão para escrever
a pata para caminhar
e a garra para rasgar o verbo
Em tantos verbos verborragias
pairei diante de Laocoonte e seus filhos
pairei flutuando no desenho da serpente
e ali refundei o helenístico perdido
noutra noite de gregos e troianos
Mas a pura lavoura adormece
sobre o campo úmido
a louca estação da primavera
me trouxe Renoir e Manet
nuvens de cores atmosféricas
como dizem impressionista
antes do experimento
antes de Picasso
paralelo à Cézanne
antes da pop art
depois do rococó cocoricó
eu tenho admiração
por artes atmosféricas
Georges Seurat pontilhista
Vincent Van Gogh
o louco o místico o transtornado
o suicida e o gênio automático
O ambiente é ardente
temos o espasmo
temos o pintor
ovelha negra o artista
aqui eu não pinto outra coisa
senão castelos
senão murais
senão murais e castelos de poesia
senão rima ou livre ou branco ou métrico
ou nada disso
Aqui estou entregue ao meu holocausto
eu pinto uma cidade
eu construo uma Bauhaus
um Le Corbusier um Niemeyer
ou um Miguel Ângelo
depois de viajar na máquina do tempo
O que eu quero é vasto vastíssimo
e História da Arte
é uma matéria densa e fascinante
como a época em que vivemos
época de surto
eu surtei eu surtei eu surtei
ôpa surtei de novo e de novo e de novo
mas então faço arte
faço cambalhotas
e termino inesperadamente
no verbo escrito
escrito e pronto
09/01/2009 Gustavo Bastos
Marcadores:
Pinturas Pagãs,
Poesia,
Poesias 2009
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
ROSAS VERMELHAS NÃO SANGRAM
Rosas vermelhas não sangram,
o vermelho delas é de paixão
e de espanto,
o que há nelas
é o coração enamorado
de todos os desejos.
Um dia achei a paixão má,
mas o que sabemos da paixão?
Rosas vermelhas e lindas
são como canções infindas,
o infinito lhes cai muito bem,
e as mulheres são como elas,
ternuras esculpidas
no vermelho do sonho,
a paixão que delira
não peca por amar,
rosas vermelhas não sangram,
só há nelas perfume e dança,
só há nelas o destino amoroso
de um cancioneiro fiel
às suas formosuras,
rosas vermelhas
são como mulheres
no cio.
08/11/2010 Delírios
Marcadores:
Poesia
domingo, 7 de novembro de 2010
SOBRE A ILUSÃO DE SER COERENTE
“Ser coerente é uma ilusão, as pessoas mudam o tempo todo, as opiniões são mutáveis e eu acho isso ótimo.” (Gustavo Bastos)
A ilusão de ser coerente se baseia numa premissa falsa de que isso é um tipo de dever cívico ou ético ou até teórico, isto é, no sentido teórico ou intelectual ela é demandada como uma forma de respeito à lógica, e isso nasce com o famigerado princípio da não-contradição, mas uma coisa são as teorias, conceitos e explicações do mundo racional e lógico do conhecimento e do intelecto, e outra coisa completamente diferente é a vida concreta que, quando se é analisada na sua crueza, tem um bocado de contradições, ou seja, a vida concreta é incoerente, sem lógica e perigosa.
A vida tomada concretamente, ou seja, para além da ideia que se faça dela, é uma fonte de opiniões conflitantes entre o que é certo ou errado, bom ou ruim, a moral cobra coerência na vida, mas isto é o grande engano e abismo da moral, a coerência como cumprimento do dever ou obrigações morais é uma coisa bem kantiana, por sinal, a moral liberal, de um lado, e a moral cristã, de outro, ambas pecam pela demanda de coerência, pois a coerência, no sentido estrito da moral ou no sentido lato da vida como um todo, cobra de nós uma constância no humor que é inexistente, se não formos coerentes somos confundidos logo como hipócritas, mas o problema é real, o ser humano vive da incoerência, e isso nasce da característica sumamente mutável das opiniões.
A grande vantagem da opinião em relação ao conhecimento, ou da doxa com a episteme, se preferir, é que a opinião é muito mais maleável, enquanto que o conhecimento, com sua lógica e razão, é rígido e feito para não ser questionado. Quando isso ocorre de modo contundente, poderemos estar presenciando uma revolução no sentido dado de conflito de paradigmas na ciência de que fala Thomas Kuhn, mas isto é que é crucial, isto é, a opinião muda o tempo todo e o conhecimento precisa de um questionamento revolucionário de base para mudar, portanto, nem sempre o conhecimento é melhor do que a simples opinião, exatamente pelo fato da opinião encarar a coerência de outro modo do que o modo lógico do intelecto que cobra exatidão para não ser contraditório.
A opinião muda, portanto, tem uma relação com a coerência apenas no sentido de ser uma dada opinião coerente consigo mesma até que ela mude. Quando muda, isto não pode ser tomado como fraqueza de pensamento ou como hipocrisia, mas como a virtude da mudança de opinião, que pode, muitas vezes, ser absolutamente radical, e parecer, para quem a vê de fora, como pura incoerência ou como sinal de hipocrisia, isto é, dizer que uma coisa é certa e no outro dia dizer que esta coisa está errada e ser confundido nesta hora com um hipócrita.
Deste modo, quando se cobra coerência de alguém, isto se deve à crença numa opinião, e isto não impede de tal opinião poder mudar a qualquer instante, o juízo individual é uma dádiva que devemos encarar como uma virtude humana, e tal virtude está de mãos dadas com a mudança e não com a coerência rígida que se espanta com qualquer revolução de pensamento, e isto vale tanto para a mudança de opinião como para uma revolução de paradigmas no conhecimento como um todo. Ser incoerente é sinal de vida, e só mudamos de verdade se for para melhor.
07/11/2010 Gustavo Bastos
A ilusão de ser coerente se baseia numa premissa falsa de que isso é um tipo de dever cívico ou ético ou até teórico, isto é, no sentido teórico ou intelectual ela é demandada como uma forma de respeito à lógica, e isso nasce com o famigerado princípio da não-contradição, mas uma coisa são as teorias, conceitos e explicações do mundo racional e lógico do conhecimento e do intelecto, e outra coisa completamente diferente é a vida concreta que, quando se é analisada na sua crueza, tem um bocado de contradições, ou seja, a vida concreta é incoerente, sem lógica e perigosa.
A vida tomada concretamente, ou seja, para além da ideia que se faça dela, é uma fonte de opiniões conflitantes entre o que é certo ou errado, bom ou ruim, a moral cobra coerência na vida, mas isto é o grande engano e abismo da moral, a coerência como cumprimento do dever ou obrigações morais é uma coisa bem kantiana, por sinal, a moral liberal, de um lado, e a moral cristã, de outro, ambas pecam pela demanda de coerência, pois a coerência, no sentido estrito da moral ou no sentido lato da vida como um todo, cobra de nós uma constância no humor que é inexistente, se não formos coerentes somos confundidos logo como hipócritas, mas o problema é real, o ser humano vive da incoerência, e isso nasce da característica sumamente mutável das opiniões.
A grande vantagem da opinião em relação ao conhecimento, ou da doxa com a episteme, se preferir, é que a opinião é muito mais maleável, enquanto que o conhecimento, com sua lógica e razão, é rígido e feito para não ser questionado. Quando isso ocorre de modo contundente, poderemos estar presenciando uma revolução no sentido dado de conflito de paradigmas na ciência de que fala Thomas Kuhn, mas isto é que é crucial, isto é, a opinião muda o tempo todo e o conhecimento precisa de um questionamento revolucionário de base para mudar, portanto, nem sempre o conhecimento é melhor do que a simples opinião, exatamente pelo fato da opinião encarar a coerência de outro modo do que o modo lógico do intelecto que cobra exatidão para não ser contraditório.
A opinião muda, portanto, tem uma relação com a coerência apenas no sentido de ser uma dada opinião coerente consigo mesma até que ela mude. Quando muda, isto não pode ser tomado como fraqueza de pensamento ou como hipocrisia, mas como a virtude da mudança de opinião, que pode, muitas vezes, ser absolutamente radical, e parecer, para quem a vê de fora, como pura incoerência ou como sinal de hipocrisia, isto é, dizer que uma coisa é certa e no outro dia dizer que esta coisa está errada e ser confundido nesta hora com um hipócrita.
Deste modo, quando se cobra coerência de alguém, isto se deve à crença numa opinião, e isto não impede de tal opinião poder mudar a qualquer instante, o juízo individual é uma dádiva que devemos encarar como uma virtude humana, e tal virtude está de mãos dadas com a mudança e não com a coerência rígida que se espanta com qualquer revolução de pensamento, e isto vale tanto para a mudança de opinião como para uma revolução de paradigmas no conhecimento como um todo. Ser incoerente é sinal de vida, e só mudamos de verdade se for para melhor.
07/11/2010 Gustavo Bastos
Marcadores:
Pensamentos Livres
Assinar:
Postagens (Atom)