Pago-lhe mais, o dividendo
e os preços marcados
nas covas.
Pago-lhe tudo, as fichas gastas
e os signos caros
das sepulturas.
Pago-lhe a soberba e a máscara.
E o dinheiro vivo,
correndo à espécie,
endivida o furibundo.
E pago-lhe ao todo de
meus senhores,
e resto-me
falido
às burras!
Pois pago-lhe o poema redivivo,
como uma folha de erva,
pago a bebida mortiça
e os pendores ébrios,
pago a morte e todas
as lutas renhidas
de dívidas eternas.
29/04/2016 Gustavo Bastos
sexta-feira, 29 de abril de 2016
MUNDO CÃO
Como uma marca, uma insígnia,
se reverbera o chicote com palavras.
Eu estava cônscio em minha embriaguez,
e de morte feri todo palácio.
Pois a fome, enegrecida de torpor,
com seus ais e urras sentia
a pena em flor,
pois dos desvalidos nasceu a dor,
maior que a mentira postiça
dos poetas,
maior que o mundo ordenado
da alta roda,
o mundo menor das dores
mais sangrentas,
o mundo pior das dores
mais sangradas,
o mundo fanático das dores
sagradas,
este poema em flor não delimita
sua própria desrazão,
pois de feras famintas
está repleto
o mundo cão.
29/04/2016 Gustavo Bastos
se reverbera o chicote com palavras.
Eu estava cônscio em minha embriaguez,
e de morte feri todo palácio.
Pois a fome, enegrecida de torpor,
com seus ais e urras sentia
a pena em flor,
pois dos desvalidos nasceu a dor,
maior que a mentira postiça
dos poetas,
maior que o mundo ordenado
da alta roda,
o mundo menor das dores
mais sangrentas,
o mundo pior das dores
mais sangradas,
o mundo fanático das dores
sagradas,
este poema em flor não delimita
sua própria desrazão,
pois de feras famintas
está repleto
o mundo cão.
29/04/2016 Gustavo Bastos
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