Onde estão os poetas?
Os que fazem da dor
uma peça de harmonia,
poetas do sofrimento,
poetas das sombras,
o que lhes vêm com tão
exata medida?
Não digam que são castelos,
a miragem do torpor
em que se digladiam
os poetas é areia
do infinito
em forma de
versos.
Vacilante, o peito cai ao coração
bravo de emoção,
e o perdão um dia ignorado
nasce e renasce
de ódio e amor
num clarão escarlate
de sonho e unção.
Os poetas estão na luz
que emana do céu
em que vive o mundo
perfeito
de vinho
eterno e tinto.
A poesia, mal amada,
tão amada,
maltratada,
disputada,
morre no afã
do poema
e vive na mais
profunda
imersão
de trovas,
marchas,
mar absoluto
em que o diamante
brilha
depois
da tempestade.
Onde estão os poetas?
Pergunte aos boêmios,
eles estão nos versos
e na noite que vira pó
de estrelas
em uma estrofe
de rimas sonoras
ou liberdade plena.
Os poetas estão nos
solilóquios
da infinita busca
no clamor da vida.
17/08/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)
Adélia Prado Lá em Casa: Gísila Couto
Há 3 semanas