Socorrei-me dos amores mal vividos,
do que não se pode evitar.
Socorrei-me da falsa modéstia
e de suas falsas adulações.
Socorrei-me da mentira que destrói
a vida e faz dela um fragmento.
Socorrei-me das doenças do coração
em que o afeto se parte ao meio.
Socorrei-me do vazio existencial
do qual a filosofia se cumpre sem beleza.
Socorrei-me da hipocrisia que desmantela
a mente e se afunda nas aparências.
Socorrei-me dos dias perdidos, do tempo perdido.
Socorrei-me, meu Deus, das idiossincrasias
que o poeta tanto ecoa num silêncio
em que os versos se tornam sublimação
de todos os esquecimentos.
Socorrei-me, musas, do pendor funesto
das vastas canções e do cárcere
da alma, a tão íntima solidão
em que o coração fenece
e já não vive de felizes momentos
que se foram numa juventude
onde o que sabíamos
era que o sentido da vida
poderia nos salvar.
26/12/2011 A Lírica do Caos
(Gustavo Bastos)