Enquanto a sombra se mescla
aos "ais" da alma,
com uma peça sutil rútila
de tuas ancas febris,
meu sino toca aos olhos da
peste,
resta auréola sem rima
nas catedrais góticas,
no passeio livre de além-mar,
nas noites incontáveis
da beberagem roçando
os pintores de abadias,
rumina o castelo
na dor da minha barriga.
Enquanto espero, vou ao vale
do mar oceano onda finda
com o karma enlouquecido
da cantoria roufenha,
vigiei os matizes de épocas
tardias, de poemas tardos
ao fardo do enfado crasso.
Olhos ao horizonte parcimonioso,
retira dos dejetos dos desejos dos
ensejos de ensaios de desmaios.
Olhos d`água por chorar
o retiro espiritual
de uma meditação tântrica
de mandalas.
Ouça o canto do rouxinol
em diamante e safira
no encontro das dálias
enfurecidas de azul e abismo.
Enquanto grito, uma miríade
de pestes bubônicas
remenda os sonhos partidos
como uma noite de doença sepulcral
nas nuvens de um demônio negro.
Desvia-se das quedas,
rumoreja na orgia báquica
da bacanal das pedras,
olha a violeta desdentada
da vida feroz
em furibunda
revoada.
Enquanto não entendo
nada desta lírica
que não encanta
a minha alma,
lírica de sonho podre
com canções embonecadas
de poetastros
aos astros que fogem
de medo à pena controversa,
e este grito meu
que é o grifo fundamental
do poema que encarno
pelo bem de mim mesmo.
Não desejo o caos do mundo,
apenas quero muito o caos em mim,
o caos das ardências argênteas
devoradas de famélica unção,
enquanto o sublime me invade
em harmonias de Mozart
antes de seu colapso.
25/05/2012 A Lírica do Caos
(Gustavo Bastos)