Ao som do extermínio
sobrevive o poeta,
com asco do infortúnio,
com pele de leão
e dentes de tigre,
percorrendo o holocausto
e a noite da sangria,
comendo as dores
na desdita dos horrores.
Faz-se de bobo, no entanto,
desperto e pronto ao bote
qual serpente no rocio,
vestes de esmeralda,
mar de safira,
rios de ametista,
fontes de ágata
no condoído e singrado
azul topázio
de sais ao convés
da morte.
Fúlgido redemoinho de sonhos,
qual nau fumegante
habita em meus olhos?
Quais singradores deste mar
irão sangrar?
Já não me basta o poema,
já não me basta o acorde,
e de nada basta
o delírio.
Venha, soldado da campanha,
a montanha se veste de aurora,
as cores matizadas de pigmentos,
os momentos sem fim
que o poeta escreve,
são catarses
deste poeta vil
que a vilania
tanto afunda
quanto funda
numa morte
e depois desta vida
o espírito do verbo
desvendando o segredo
que é incógnito
como a arte
que nunca sofreu
por amar em demasia.
25/05/2012 A Lírica do Caos
(Gustavo Bastos)
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