PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sábado, 11 de dezembro de 2010

Monet X

Monet IX

Monet VIII

Monet VII

Monet VI

Monet V

Monet IV

Monet III

Monet II

Monet I

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Numa Noitada Qualquer


Vou por aqui neste ácido
sonhador puxando um fumo
com a sonoridade do caos

desde o tempo das caravelas
já se masturbavam
com um caralho voador

nuances de minha escrita
revelam uma neblina pecaminosa
na ignomínia do verso
satânico de sol e fogo

foi a verve do artista
um momento
de fúria alcoólica
brindada pela valentia
sem socorro
temerária
inconsequente
desvairada

no fim daquela noite
tinha o meu nariz sangrando
e uma foto amassada
de paisagem
no meu bolso
não tinha dinheiro
para um táxi
fui de ônibus
para casa

10/12/2010 Delírios
(Gustavo Bastos)

Ode à Bukowski


Enquanto a noite caía
eu acordava sonhando
com um tempo de vitória

desde que me veio o sono
não acendi mais cigarros
e não queimei mais
os meus lábios

teus seios fartos imaculados
me trouxeram gangrenas
e me detive num delírio
em que eu corria pelado
pelas ruas
já que o sonho era claro
como a luz do sol

o ridículo de toda esta mixórdia
é te encontrar nua numa
praia deserta
pagando um boquete
para o amante
que me roubou tudo
como um intruso
na minha festa

e eu tive que olhar
o meu mundo desmoronar
num assédio criminoso
da sua boceta

10/12/2010 Delírios
(Gustavo Bastos)

O ALTAR E A FORTALEZA


A promessa vã é feito eldorado imaginário

onde a rosa delira na campina

e os livros se destróem num vão itinerário

pelo que sei certo no porvir da lamparina



Selva é o meu encontro de fadas e gnomos

parte de mim está no meu prazer

outra parte é recônditos de salmos e estrondos

na vaga sentimental do odor e do lazer



A promessa vã da andorinha e do pardal

é a triste pena de servir ao léu

numa borrasca infinita diluviana e astral

em busca do altar dos sacrifícios e do bordel



Respiro ardor e fervor na fé santa

quente moldura de um santo pagão

na envolvente nuvem mitológica da guirlanda

enquanto anjos tocam seus alaúdes em oração



Eis que o dia acalma em toda plenitude

de ser belo e forte como a fortaleza inquebrantável

onde ninguém se arvora a ser infinitude

mas que humildes se prostam no chão imutável



Lancei o funeral neste palácio diamantado

onde o rei é degolado pelas feras

e o escravo é alforriado

numa libertação de mazelas



09/01/2009 Gustavo Bastos

FLORILÉGIO DO IMENSO MUNDO


Estou no costume de entender o florilégio

das noites fabris em meu doce mel

dizer sobre o assombro da máquina do mistério

eternal como o fogo e a vida de fel



Nas cascatas em que habita o indizível

vou à maior chama me tomar de indolência

e me sentir liberto e pleno do leme sensível

ao toque da cítara e do címbalo em plena consciência



Harmos do meu fatal leque de visões

ataques prontos da música no som da bateria

são os haustos exauridos das monções

em que serei o feto original da ambrosia



O toque é forte e serpenteia no peito varonil

de que as aves são as bênçãos e o voo a leveza

e a leveza o céu íntimo da ideia no fio

alma pronta e fustigada pela alta defesa



Não sei decifrar a musa do mistério

se é este o mistério profundo

o meu gládio e magistério



Aprendo na forca a sobreviver do furibundo

sobrevida de poeta e seu monastério

mistério meditabundo do imenso mundo



09/01/2009 Gustavo Bastos

A MENSAGEM DO FORTE


Ardendo o sol silencia na torre

e uns papéis voam de poemas proscritos

na leve paisagem de um vingador torpe

que não fez o seu intento de ventos varridos



Uma clareira se aninha no pórtico

e a luz assombra a vida na noite terrível

e o vinho questiona seu sabor exótico

enquanto a chama azul vacila num bruxulear aprazível



Ardendo os campos doentes em que se entrega

a vida do poeta pelos idos anos da luxúria

este poeta se entrega na véspera da queda

pelo dia adventício da calma contra a fúria



Vindo de onde está o cavaleiro não descansa

somente pede um pouco de água sagrada

e não quer sentir a dor insuportável da lança

mas apenas refugiar-se no templo com a mão desatada



A torre então já mira para a lua

e o poeta que é o cavaleiro da miragem

corre a galope com o seu cavalo em vida crua

tal como o governo dos céus faz a sua viagem



Ardendo o poeta pede passagem

e a calma da plenitude já sofre de antemão

uma vida que pode ser apenas uma doce imagem

ou uma cena desvanecida de ilusão



E nas casas em que a solidão corrói

tudo evapora depois da chuva intensa

que o poeta traz em si e não destrói

mas apenas faz desta a sua oferenda



E lá se vão todos os anos da vida

que não são somente vultos de alegria

e nem tampouco expiações de uma ferida

mas uma visão completa de harmonia



Eis que é o vinho da morte

o brinde em que se sacia a vida do forte



06 de janeiro de 2009



Gustavo Bastos

O DESPERTAR DO BARDO (RIMAS SERENAS)


O que o bardo explora quando dorme

é um sonho intenso de fogueira e torpor

cais onde desce o paraíso em possuído horror

na dama que desfalece em seus braços de cobre



O que a vida cintila na visão da moldura

é a sinalização para um corpo refulgente

em que a cidade de seu sonho fortemente

se refugia no mosteiro da clausura



O bardo então acorda com o som dos pássaros

passando a vida em tom de melodia maviosa

em que a dor e a alegria são o branco da rosa

rosa branca em tudo altiva para os nossos lábaros



Não teme a chama indômita do verão astuto

nas oliveiras e gramíneas verdejantes

e tem a vida nos seus vitrais pulsantes

tanto quanto antes tem o vinho em seu leito puro



O bardo já está posto defronte ao temor

e tudo que ele abarca é de sonho enorme

sonho tão livre que nos leva ao rio forte

onde as almas são leves e não temem a flor



06 de janeiro de 2009



Gustavo Bastos

Das Coisas Belas


Antes os poemas que não faço,
das coisas que calo,
pois não me servem mais.

Antes o pranto sagrado,
a alma lavada,
o dia aproveitado.

Antes tudo que tem o poder
de me fazer feliz
qual um sorriso franco.
Antes o sol depois da chuva
do que as trevas da morte.

Poesia não se ensina
ao leigo que não viaja
com a própria cabeça.
Poesia toda inteira
é uma questão
de inteligência
aplicada à emoção.

Não se sirva do que corrompe,
faça puro o teu coração!

10/12/2010 Delírios
(Gustavo Bastos)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

MANTA NEGRA


Mais escura é a noite das feras

em que o passo recorda

a sutil vida que vai embora

na labareda dos sonhos de quimeras



O ardor sequioso em que me chama

a fronte sadia dos férteis campos

são os meus sonhos de acalantos

em vida própria que tudo derrama



Vai o viajor perder-se em vagas enormes

deste rancor insiste em tonitruante fuga

em tudo que o labor poético segura

da vil tempestade em que tu dormes



Mais escura é a pantera em seu negror

lutando com o chacal na borrasca

e o sol latejando nas horas de couraça

é o meu terror e o teu no mesmo pranto e fervor



Traz para mim o encanto fugaz da servil noite

em que tu me chamas de cavaleiro disforme

em que tu me aconselhas de ser sempre forte

porque a vida é a força que tudo traz no açoite



Belas e pueris sereias são os dias chorosos

na manta negra de tua vida de esplendor

traz comigo o veneno de que sou pecador

e vem subitamente me tomar os dias ditosos



03 de janeiro de 2009



Gustavo Bastos

PENSAMENTO ILUSÓRIO


Póstumas são tais miragens

do poeta a planar sobre as urtigas

ali voam as estampas das imagens

em que veem os astros suas feridas



De além-mar os corsários

fogem em mantos diáfanos

em mortes sutis nos mostruários

de uns cavalheiros de lábaros



Queimei o céu em palco degredado

com um pouco de vinho ao meu amor amargo

que em épocas remotas são pastos de um roçado

na veste púrpura do frio afago



Vem de ventre hirto pelo frio consumado

vagar pelo corpo delineado pela unção

de cadáveres mortais em seus ares de mago

o sol pestilento em tais águas de ilusão



Póstumas miragens do poeta pagão

foge da maldita Circe no inverno

e traz de um ignoto verão

a sua delícia de estar no mar eterno



Da vida o pouco que resta

é a noite vil de um barco solitário

que cai em um florão e em uma peça

o seu último ato de fiel sacrário



Póstumas as virtudes do poeta

que são as algas aventureiras

de um mar soturno em que se encerra

as miragens de seus cantos em poeiras



Pois é o fim da vida

para o velho monsenhor

na sua renascida orquídea

iluminada no farol do pecador



30 de dezembro de 2008



Gustavo Bastos

REVELAÇÕES SOB A NOITE ESTRELADA


I



Me consome a vida infeliz

com o pranto marcado

de uma noite com uma meretriz



O meu desejo alado

foi em busca da leveza

em que se foi o meu dia calado



E numa noite de torpeza

fui o belo vinho rebuscado

de uma risonha certeza



Me consome o alvo irisado

fui o teu chamariz

numa noite de vidas senis



II



O retábulo canta aos santos

e os sonhos são vários

nas vidas dos silêncios brandos

em sonoros livros sagrados



A vida infeliz se fez com calma

de uma felicidade já perdida

em que o dia vive na alma

de uma dor incontida



O vinho faz o sonho puro

de uma leve saudade no escuro



III



Oh céu turvo em busca da felicidade

meu corpo arqueja

pela vida farsesca

de um riso de maldade



Tanta dor na vida kármica

é um passo dolorido

na busca do canto revivido

de uma alma metálica



IV



O sol já se foi na barca da esperança

eu andei numa febre devota

cantar as minhas orações de criança

pela senda vazia do coração da derrota



Canto vazio o sol já se foi na nuvem

que vem me acompanhar na escuridão

das vidas perdidas nos leões que rugem

a liberdade das rosas no caramanchão



V



Bela flor é a alma encantada

que vem depois numa sonata



Bela flor de uma vida que um dia

será a tal felicidade

da canção perdida

nos tempos de uma saudade



30 de dezembro de 2008



Gustavo Bastos

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Renoir Photo

Renoir VIII

Renoir VII

Renoir VI

Renoir V

Renoir IV

Renoir III

Renoir II

Renoir I

William Blake XII

William Blake XI Pieta

William Blake X

domingo, 5 de dezembro de 2010

Jimi Hendrix V

Jimi Hendrix IV

William Blake IX

William Blake VIII

William Blake VII

William Blake VI

William Blake V

William Blake IV

William Blake III

William Blake II

William Blake I

Jimi Hendrix III

Jimi Hendrix II

Jimi Hendrix I

Jimi Hendrix and Eric Clapton

Desatino


Perdido no labirinto eu quis você.
Não me tenha como louco
e sem destino,
não pense que isso
é um simples desatino.

Deus e o Diabo são irmãos
numa guerra de foice,
não sou o reles poeta
da força que a vida tem,
dessa gente de farsa
que não sonha com o
tempo livre do delírio.

Entre agora no meu mundo,
entre na rediviva canção
para os olhos que afundam
no coração da beleza.

Sou milhões de versos
em uma só carcaça humana.

05/12/2010 Delírios
(Gustavo Bastos)