Póstumas são tais miragens
do poeta a planar sobre as urtigas
ali voam as estampas das imagens
em que veem os astros suas feridas
De além-mar os corsários
fogem em mantos diáfanos
em mortes sutis nos mostruários
de uns cavalheiros de lábaros
Queimei o céu em palco degredado
com um pouco de vinho ao meu amor amargo
que em épocas remotas são pastos de um roçado
na veste púrpura do frio afago
Vem de ventre hirto pelo frio consumado
vagar pelo corpo delineado pela unção
de cadáveres mortais em seus ares de mago
o sol pestilento em tais águas de ilusão
Póstumas miragens do poeta pagão
foge da maldita Circe no inverno
e traz de um ignoto verão
a sua delícia de estar no mar eterno
Da vida o pouco que resta
é a noite vil de um barco solitário
que cai em um florão e em uma peça
o seu último ato de fiel sacrário
Póstumas as virtudes do poeta
que são as algas aventureiras
de um mar soturno em que se encerra
as miragens de seus cantos em poeiras
Pois é o fim da vida
para o velho monsenhor
na sua renascida orquídea
iluminada no farol do pecador
30 de dezembro de 2008
Gustavo Bastos
Nenhum comentário:
Postar um comentário