“as psicofonias cheias de religiosidade davam lugar agora a
blasfêmias, com Betsy sucumbindo em intenso estado de autossugestão”
O CASO VIRGINIA
Dr. Owen, nas suas pesquisas sobre casos de poltergeist, se
deparou com um impressionante, e que se deu em Sauchie, na Escócia. E era um
caso que envolvia a menina Virginia Campbell, de 11 anos, e que era um elenco
fabuloso de fenômenos como a tiptologia e a telecinesia. Dr.Owen foi lá
registrar os fenômenos, e que duraram de novembro a dezembro de 1960, com a
difusão midiática da emissora BBC.
Os fenômenos começaram por tiptologias intensas e bem fortes,
e logo em seguida as telecinesias que faziam objetos grandes como móveis
flutuarem e gavetas se abrirem e fecharem violentamente. Também, falando das
tiptologias, barulhos fortes em paredes e móveis, por exemplo, um baú que se
levantava a meio metro do chão, cheio de roupas. Um reverendo anglicano chegou
a ser chamado, benzeu a casa em que Virginia morava, e durante a sua tentativa
de intervenção religiosa nos fenômenos, a tiptologia foi intensa e fragorosa. E
na escola em que Virginia estudava também ocorreram fenômenos sob a influência
da menina.
Dr.Owen, durante as suas observações, juntou informações às
quais deu um sentido de pesquisa psicológica e de descrição patógena. Suas
observações reuniam fatos como o de Virginia estar vivendo isolada, com irmãos
morando longe, pais idosos que trabalhavam muito, ela tendo como companhia um
cachorrinho e, eventualmente, uma amiga de sua idade. E Dr.Owen observou que
durante os poltergeists (em que a menina vivia uma espécie de transe) ou ainda
quando Virginia dormia e sonhava, falando dormindo, os apelos não eram pelos
seus parentes, mas pela sua amiga e por seu cachorrinho.
Dr. Owen também observou que Virginia tinha uma criação
rígida e repressora, de uma mãe fria, num contexto isolado, e que tinha, por
sua vez, características de uma vida rústica e, digamos, “caipira”, sendo
Virginia superdotada, com um QI 111, mas enfrentando uma realidade nova numa
escola mais cosmopolita, ela e sua mãe vivendo num universo mental paralelo,
como que misturando dados reais com uma capacidade ilimitada de fantasia do
pensamento, e ainda havia o fato da menina Virginia também ser tímida, o que
dificultava a sua comunicação num universo novo e para ela desconhecido.
Virginia, durante os seus transes em que eram produzidos os
fenômenos de poltergeist, entrava num estado desinibido, numa garrulice
histérica, em que Dr.Owen percebeu distúrbios mentais e emotivos, e tais
fenômenos, assim que cessaram, foram interpretados como originados pela própria
Virginia, e não por demônios ou por interferência de espíritos. O poltergeist
aqui, mais uma vez, é entendido como uma patologia psíquica intensa, fruto de
um distúrbio, geralmente juvenil.
O CASO BETSY BELL
Este caso também envolveu uma menina, e isto incluiu a sua
família, sobretudo seu pai, John Bell, numa grande fazenda no Tennesse, Estados
Unidos. Betsy tinha 12 anos quando os fenômenos eclodiram, e durou até seus 16
anos, com a morte trágica do pai. Os poltergeists começaram com tiptologias
leves, arranhaduras, e foram evoluindo para pancadas fortes e sem explicação.
No auge dos fenômenos, por sua vez, já havia as telecinesias envolvendo cadeiras
e louças, e por fim os aportes que eram chuvas de pedras e paus.
A família Bell então convocou um pastor que entendeu tais
fenômenos como produzidos por demônios, mas primeiramente, no entanto, todos se
depararam com supostas psicofonias que repetiam sermões do próprio pastor ou de
outro pastor, e então James Johnson, o pastor que veio ver o que acontecia,
recitou sobre a família intensos processos de exorcismos.
No entanto, o efeito enganosamente benéfico da sugestão de
exorcismo logo desaparecia e eclodiam novas sugestões, estas de cunho
demoníaco, e as psicofonias cheias de religiosidade davam lugar agora a
blasfêmias, com Betsy sucumbindo em intenso estado de autossugestão. As
psicofonias, por sua vez, passaram de blasfêmias para assobios estridentes e
vozes ininteligíveis, com Betsy se contorcendo em transes e desmaios de até
meia hora.
Depois destes exorcismos fracassados, passaram a atribuir o
estado de Betsy à influência do espírito de uma bruxa falecida. O pastor
Johnson e ainda vários vizinhos da família Bell foram consultar a tal bruxa, e
as respostas eram tiptologias nas paredes e psicofonias rudimentares, e mesmo
com um médico tapando a boca de Betsy para verificar se as psicofonias não eram
apenas truques de ventriloquia, os fenômenos psicofônicos continuavam.
Numa análise parapsicológica temos a evidência de uma divisão
na personalidade de Betsy, e que logo irá se refletir na divisão também da
personalidade de seu pai e na morte trágica do mesmo sob efeitos patológicos
provocados pela filha. A superstição misturada a situações psíquicas de remorso
foram arruinando o estado de saúde do pai de Betsy, começaram inúmeros tiques
nervosos que evoluíram para transes e convulsões que duravam até quinze dias, e
também com o pai de Betsy sendo acometido por delírios e ficando acamado.
John Bell, num dia de 1820, resolveu reagir e levantar da
cama, foi inspecionar a fazenda e caiu prostrado, com fenômenos estranhos como
seus sapatos que saíam voando de seus pés, e isto apesar dos esforços dos
filhos para calçá-lo, e isto em meio a psicofonias de zombaria e gritos
demoníacos. O pai de Betsy foi acamado de novo e logo entrou num estado de
torpor e veio a óbito. Ao seu lado, no lugar do remédio que tinha sido lhe
receitado, uma beberagem escura que, quando o médico deu esta a um gato, este
morreu em poucos minutos.
Por sua vez, quando o médico foi lavrar o atestado de óbito
do pai, a tal bruxa se manifestou em Betsy, e disse pela psicofonia : “Não
perca tempo com o velho, desta vez agarrei-o bem, não mais levantará”. A bruxa,
no entanto, era o inconsciente de Betsy, fruto da divisão de sua personalidade,
e com a morte do pai e o fim de seu relacionamento com um namorado, Betsy não
precisou mais produzir suas emissões telérgicas, e os fenômenos de poltergeist,
envolvendo aqui as tiptologias, telecineses, aportes e as sugestionadas
psicofonias, cessaram. Portanto, não existiam demônios e nem a bruxa, era um
conjunto de fenômenos de telergia.
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Gustavo Bastos, filósofo e escritor.
Link da Século Diário : https://seculodiario.com.br/public/jornal/artigo/gurus-e-curandeiros-parte-xii