PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

MOVIMENTO WOKE - PARTE II

"Fora do chamado "safe space", tudo passa a ser ofensivo e distorcido da realidade"


No Brasil, após os protestos de 2013, o PT perdeu o domínio que tinha sobre as pautas sociais e culturais da esquerda. Foi a partir das jornadas de junho de 2013 que surgiram movimentos e grupos autônomos, formados à revelia do PT, que até então adestrava os movimentos sociais e os sindicatos. Uma forma do PT tentar capturar novamente a agenda da esquerda como um todo, por sua vez, foi se inserindo na pauta identitária, que estava cada vez mais forte no Brasil e em parte do mundo. 

Nos anos seguintes criou-se uma prática de lacração em que tudo que soasse correto no sentido de avanço nas defesas de minorias ou ainda movimentos como pela inocência de Dilma Rousseff e pelo Lula Livre se amalgamaram neste caldo cultural que agora era dominado pelo identitarismo. E este ímpeto justiceiro e da lacração deve muito à influência do movimento woke norte-americano. 

No Brasil, por ter parte desta influência, aqui se herdou em alguns casos a tendência à intransigência e de ter uma propriedade absoluta da verdade que, por vezes, caracteriza o movimento woke, vide os cancelamentos feitos na base da histeria e da lacração. Ou seja, quando se chega ao extremo, o movimento woke interdita o diálogo, virando um monólogo da verdade inquestionável. 

Fora do chamado “safe space” do movimento woke tudo passa a ser ofensivo, e isso dá vazão a maluquices de todo o tipo, de pseudo-intervenções na realidade que são, na verdade, pífias, inócuas, produto de uma vontade equivocada quando se trata de senso de realidade e do que é praticável empiricamente. Ou seja, podem aparecer perfis francamente delirantes do ponto de vista da capacidade de interpretar e entender as fronteiras reais do mundo da vida, e de como as coisas funcionam e se tornam funcionais. 

Um exemplo acabado da faceta delirante do movimento woke é o revisionismo (que em psicologia pode ser chamado de onipotência) sobre obras como livros, filmes, peças de teatro, óperas, e a arte em geral, levando muitas vezes à tentativas de censura e de reescrever a História. Ou seja, temos que lidar com uma forma de interferência irrealista, desconjuntada, e que beira a idiotia. 

A ideia de apropriação cultural também ganha lugar na pauta do movimento woke que, a princípio, deveria ser algo a ser debatido dentro de proporções razoáveis, só que, no contexto woke, mais uma vez a coisa descamba para o irrealismo, que tenta se revestir de um purismo imaginário, isto é, só existente para esta versão depauperada do movimento woke. 

Sabemos que as diferentes culturas, historicamente, são intercambiáveis, e a ideia de apropriação cultural, se for levada ao pé da letra, como no caso do movimento woke, se tenta estabelecer algo que nunca existiu na História, isto é, a tese de culturas puras, imaculadas. Se for dar um exemplo do que chegou mais perto disso, talvez, foi o Japão Medieval, do Período Edo, que ficou isolado alguns séculos, até que houve a Revolução Meiji em 1868, e a consequente queda do Xogunato Tokugawa.

Por sua vez, pautas justas que vão de encontro ao racismo, machismo, homofobia, sexismo, misoginia etc, tomam uma proporção paranoica quando se trata de sua assunção pelo movimento woke, podendo ser até um desserviço para as reais necessidades das pautas minoritárias, e que não passam, por certo, pelas filigranas discutidas ad nauseam pelo movimento woke e seus pretensos tribunais virtuais de cancelamentos. 

A paranoia, quando não se trata de episódio psicótico, mas de uma forma de encarar o que é supostamente ofensivo, por fim, distorce a percepção da realidade. O movimento woke tem uma dificuldade enorme de lidar com o mundo empírico dos fatos. A distorção do real é o efeito de seu desejo de uma verdade categórica, em que tudo fica subsumido à vontade mimada e autoritária de uma moral evanescente, metafísica, fantasmagórica em sua pureza, que é a moral irreal do movimento woke.

O tribunal do cancelamento seria, se for falar de História, um pastiche do que era a condenação ao ostracismo que era praticada em Atenas, e que se referia a alguém proscrito por motivos políticos, de ameaça à democracia. Aqui, no caso do movimento woke, a pena é inútil, muitas vezes, mas quando funciona, pode acabar com a vida de uma pessoa. 

O pastiche se dá no sentido de uma histeria ou lacração que, a partir daí, não tem mais nenhuma comparação com o ostracismo ateniense. A diferença também está na fundamentação, que no caso do ostracismo ateniense era política, e no caso do cancelamento é inquisitorial, ligando-se ao que era a paranoia de um Torquemada e de um Savonarola, na Santa Inquisição, mais do que de uma motivação legítima de proteção a valores civilizatórios, como no caso do ostracismo ateniense.

Outra pauta em voga, relacionada ao lugar de fala, também ganha uma versão deslocada e exagerada do movimento woke. O protagonismo, a representatividade, acabam virando peças estanques, inamovíveis, mais uma vez, interditando o diálogo ou debate real. O lugar de fala, propriamente dito, descreve uma voz original, que tem a vivência do que diz, ou seja, além do conhecimento acadêmico ou livresco, a pessoa viveu e fala do que viveu, este sendo o sentido do lugar de fala, o que não abre o precedente de criar um interdito para outras vozes sobre o mesmo tema.

Um exemplo é sobre o antirracismo, que propõe ao próprio branco esta postura, ou seja, aqui o lugar de fala continua sendo respeitado, não existe contradição de termos que se excluem, a pauta antirracista é consciente tanto do lugar de fala como da necessidade de universalização do discurso para torná-lo mais robusto e combativo. 

Não ter medo de falar, ser franco, direto, também é ampliar a voz debatida para que a sociedade civil como um todo fique a par do que se está combatendo.  Temas controversos, com discordâncias e dúvidas, no espaço público, é uma necessidade contemporânea, para levar a uma transvaloração dos costumes e práticas sociais e culturais, e a uma reforma da percepção, criando um mundo melhor e mais justo, com mais inclusão e menos preconceitos.

O processo de idiotização por parte do movimento woke, contudo, distorceu um debate importante, um movimento imerso numa fábula de perfeição imaculada, de virtudes absolutas de um politicamente correto neurótico, paranoico, posando de descolado, e virando tema de mídia social lacradora, de influencers ou artistas deslumbrados, com novilíngua, tentativas de moldar o gosto do público, e outras baboseiras que empobrecem pautas importantes. 

A pauta identitária, por exemplo, acaba virando o que condena, um identitarismo que condena o estereótipo de modo absoluto, o que é bem estereotipado. O combate ao rótulo, que é necessário, ganha uma versão exagerada no identitarismo e temos, mais uma vez, as distorções da realidade produzidas pela herança do movimento woke. E a estereotipia que tenta ser cool, descolada, vira a caricatura de novilíngua que perdeu o fio da meada do combate real aos inimigos da liberdade, que estão ocupando os espaços reais de poder, e não fazendo ginástica linguística como se fosse uma revolução. 

 

Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Link da Século Diário :

https://www.seculodiario.com.br/colunas/movimento-woke-parte-ii

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

MOVIMENTO WOKE - PARTE 1

“movimento imerso numa fábula de perfeição imaculada, de virtudes absolutas de um politicamente correto neurótico, paranoico”

 

Woke é uma palavra inglesa que significa “acordei” e que ganhou um sentido cultural contemporâneo que herdou tiques do que nos anos 1990 se chamava de politicamente correto. No caso do movimento woke, o exagero de uma pretensa virtude pode descambar para posições caricaturais sobre o certo e o errado, numa construção moral exacerbada e que tenta realizar uma patrulha irreal de escrutínio linguístico e com o famigerado cancelamento, que é a imagem cristalizada de um viés irrealista, de falta de conhecimento do mundo real, da vida como ela é.

Verdadeiros estetas do mundo, a superioridade do movimento woke é esboroada, parecendo um pastiche involuntário de palmatória do mundo. A origem do uso da palavra woke em contexto cultural surgiu na comunidade afro-americana, como um modo de estar alerta em relação à injustiça racial. 

O editor de notícias e cultura Elijah Watson, do website de música norte-americana Okayplayer, que escreveu artigos sobre a origem do termo woke, por sua vez, afirma que o termo foi cunhado pelo romancista William Melvin Kelley. Este romancista publicou, em 1962, um artigo com o título If You`re Woke, You Dig It (Se você estiver acordado, entenderá). 

Na última década o movimento Black Lives Matter fez ressurgir o termo, e que foi criado para denunciar a violência policial contra pessoas negras. Contudo, seu uso se ampliou e ganhou os contornos do que se chama movimento woke. Em 2017, finalmente, o dicionário Oxford definiu o termo woke como “estar consciente sobre temas sociais e políticos, sobretudo, o racismo”. 

O termo woke pode ser motivo de orgulho ou ser usado como insulto, dependendo da interpretação dada. As ideias progressistas do termo woke, portanto, podem representar uma quebra de paradigmas, e sua deturpação produzir pessoas que se sentem moralmente superiores, querendo impor suas ideias aos demais.

A crítica principal sobre o que se chama de movimento woke recai sobretudo no exagero de patrulha do uso de expressões linguísticas e na prática de cancelamento que ocorre nas redes sociais, sempre em relação a polêmicas que nem sempre existem, mas que na interpretação woke ganha contornos de julgamento moral e que levam a boicotes sociais e profissionais. O policiamento da linguagem, por sua vez, se refere a expressões consideradas homofóbicas, racistas ou misóginas, dentre outras..

Da esfera cultural podemos passar à realidade política, em que o termo woke pode se relacionar às pautas afirmativas de igualdade racial ou social, como o feminismo, o movimento LGBTQIA+, o ativismo ecológico e do direito ao aborto, a vacinação, o uso do gênero neutro na linguagem, o multiculturalismo etc. 

Nos Estados Unidos temos a presença do termo woke na política, que tem crítica do Partido Republicano, e no Partido Democrata, por sua vez, existem críticas por parte de Barack Obama, porém, ganhando aderência na parte mais radical do partido, em figuras como os congressistas Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez. 

No mundo empresarial o debate woke levou a alguns casos marcantes, como da campanha da Gillette, em 2019, em que se condenava a masculinidade tóxica, contra o sexismo, o bullying e o assédio sexual. A campanha foi bem vista por muitos, mas no YouTube levou a um boicote contra a marca, e a empresa dona da marca, a Procter & Gamble, sofreu um golpe econômico e ainda teve que lidar com um meme que se popularizou na direita política : “Get woke, go broke” (“vire woke, vá à falência”).

O que se vê é que jovens progressistas, que no começo da década passada se levantaram contra a Grande Recessão, ocupando as ruas (Occupy Wall Street), e trazendo à baila a obra de Thomas Piketty, Teoria das desigualdades econômicas, mudaram, e agora vemos a juventude tomada pelo termo woke, com questões raciais e de gênero sobrepondo pautas econômicas. 

O exagero woke, contudo, leva à autocensura universitária, a questionamentos em escalações de filmes, tem influência na publicidade, no jornalismo se começa a citar o supremacismo branco, etc. No movimento woke, um fato mais irrealista se dá na tentativa de interferir em obras literárias, peças de teatro, e demais obras que foram feitas em outras épocas, com contextos de costumes e comportamentos antigos em que o movimento woke pode detectar diversos problemas e pedir uma revisão no texto, em desfechos e desenlaces etc.

O maniqueísmo do movimento woke tende a entender os próprios valores como absolutos, inquestionáveis, e a hipersensibilidade é uma característica que leva a estas ondas de cancelamentos e de controle quase delirantes da linguagem. O crivo do ativismo woke, portanto, atua com um moralismo irreal, revisionista, meio que palmatória do mundo, e intolerante para com erros supostos e imaginários. Ou seja, o movimento woke, quando se torna deturpado e exagerado, perde o contato com a realidade mais elementar, de que há gradações na realidade e de que nem tudo é condenável ao menor deslize.


Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Blog : http://poesiaeconhecimento.blogspot.com


segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

O BRILHO DO MAR

Creia-me, sempiterno poema,

que as juras são quebradas

no mar, se jura eternidade

não terás nem o que 

se vê defronte,


a vida real está

apenas no simples

canto de flor,


nos braços

que remam

felizes,

e que 

o coração

tem em si,


sem mistérios

supremos,

com o gozo

da vida

somente.


19/12/2022 Gustavo Bastos 


CAMINHOS PARA VENCER

Leia-se toda nota sobre

provérbios existenciais,

o que se tem de fundo

na sabedoria dos seres,

e o que o universo

guarda para si,

nos desafiando

em sombras

e penumbras

de sentidos,

escreve toda

a bruma,

tenta entender

a chuva,

tenta apreciar

o sol,

tenta,

tenta,

vença.


19/12/2022 Gustavo Bastos 


TERCEIRO MUNDO

Prece famélica que fila a boia,

embrulha o arroz com feijão,

desenhando o lar feliz,

a criança sonha

acordada e coloca

um sorriso no seu 

sol.


Nada mais importa, 

cai a meleca,

não se tem dinheiro,

caixa de fósforo

é carrinho,

isqueiros

são bonecos,

e o que sobrou 

foi macarrão

com salsicha.


19/12/2022 Gustavo Bastos 


EDUCAÇÃO PELA PEDRADA

Quebra a pedra idiota, pateta

que nem moleque, se arrebente

na rua, não tenho que ver

com suas impropriedades,

apenas lute na luta 

e se dane no ferro

e fogo.


Eu passo ao largo

desta lamúria,

o rio das piranhas

vai à labuta

ou morre

na noite.


Não existe fachada arguta,

quem tem astúcia 

deixa a luz do dia

cair inclemente

sobre a farsa,

como golpe 

de martelo

e saraivada

de flecha.


19/12/2022 Gustavo Bastos 


A BRUTA LIDA

Trota este cavalo xucro,

e bate no buraco

toda esta bruta lida

incolor, 


e o canto,

mais um lamento,

cai qual ladainha

com as mãos feridas

no debulho.


Avante o corte

e a dor do facão,

em que cai semente

e choro, e que vai

de frente ao

aluvião.


Nada deste poema

sofre mais que 

peito dorido

na desilusão,


da lida virada

sem flor,

e enrijecida

na mais valia

intumescida

de veneno,

mercúrio

e carvão.


19/12/2022 Gustavo Bastos  


AURORA DA FLORAÇÃO

A todas as gentes a sabedoria

tenta se espalhar, como a vida

doce e seu evangelho

que vira ao céu

suas promessas.


Já vai tarde o vício

em que nada brota,

as flores querem

seus campos livres,

com suas pétalas

do rosa ao vermelho,

do amarelo ao violeta,


uma flor azul, 

uma lótus branca,

e a sedução

do sonho

em seu

perfume.


A aurora é firme,

sonha desperta

como um tônus

de atleta,

e realiza

toda a sebe,


sua colheita

é vasta,

como na 

floração. 


19/12/2022 Gustavo Bastos 



O VINHO DA VIDA

Diante do progresso o livre

estro não se engana,

tece na pele o poema

vertido de sangue,

e seu arco ao longo

da estrada se fia

numa arte burilada

de tempestades

e paraísos,

como é a vida

e seu vinho.


19/12/2022 Gustavo Bastos 


AS VISÕES DA LUZ

No ferro das coisas o metal ferve

e cada célula do corpo se eterniza,

no vácuo da prece o peito

busca se encher da fé,

e eis a vida como a pétala

que chove seu milagre.


Venho de longa viagem,

disse o andarilho, 

eu registrei sua face

carcomida pelo tempo

e pelo cansaço,

e minhas mãos

trêmulas ainda

buscavam alento

na verdade.


Como o jogral do pastiche,

o sonho delirava e dizia

que urgia seu sol nascente,

qual o poeta sem paradeiro

e seus libelos amontoados.


Pois, que do verso ao enigma,

o andarilho e o poeta

saíram para um destino

desconhecido, uma 

estrada longa

se abria ao sol

deste horizonte

de montes e nuvens,

e eu vi todo este 

mistério.


19/12/2022 Gustavo Bastos 


quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

THE SAME ART AND NOISE

Estilizada pelo estêncil,

a fórmula química

tomou os alvéolos,

uma guinchada, 

o spray inflama

a aguardente,

o doido faz 

careta no seu

shot …


shocking, um pincel

de Basquiat na esquina,

e no patíbulo está

Warhol e uma fita master

tocava Velvet Underground,

“Sweet Jane”, enquanto

a heroína fazia efeito.


15/12/2022 Gustavo Bastos 


SEM SATISFAÇÕES

Não faça perguntas tolas

na noite em que vai tudo bem,

pois que o corpo não fenece

na felicidade, mas goza

como se de sol explodisse,

morrendo de tanto viver.


Não pergunte ao que está bem

se ele está bem, ao que está mal

se está tudo bem, não pergunte

as tolices de perguntar,

onde deixou seu garfo,

cadê a sua espada,

se já olhou as suas chaves,

se deixou as lâmpadas acesas,

ou se mijou fora do penico,

ande e viva, como quem 

vai morrer.


15/12/2022 Gustavo Bastos 


POESIA REFEITA

A dita literatura tem mil olhos

e te vê como quem olha 

os lados da visão e de todo

o mal e bem de suas invenções,

a observação arguta compõe

o universo e descreve,

de um súbito, o mundo

em seus matizes fiéis.


No caso da poesia, longe 

do romancista e do contista,

esta parece vagar,

mas vai ao âmago,

pratica de seu estro

o trabalho do dom,

tenta ver além

de tudo, onde

o paspalho morre

na praia, a poesia

brilha e renasce.


15/12/2022 Gustavo Bastos 


POEMA FEITO

O que se alinha à percepção

é a opinião com viés,

desta forma, a concórdia

entre os iguais é plena,

uma bolha de champanhe,

no melhor dos mundos

possíveis, um sonho,

um idílio.


Vamos lá, na dissonância cognitiva,

no conflito permanente,

em debate franco e aberto,

passa ao outro lado,

a fúria e a intempérie

tomam conta do palco,

vai-te mais firme,

fundamenta, tonteia,

fere, mata, e afirma.


Deste poema não espere

sossego, nada vem fácil,

o ouro que agora doira,

foi o sangue derramado

de outrora.


15/12/2022 Gustavo Bastos