Pelos cantos atávicos de uma tribo
se ceifou a vida noturna em fumaça,
e toda a prole da selvageria
se ungiu em fonte eterna e pagã.
A seita na qual o enfermo convalesce
é a ordem fundamental do cosmos em poesia,
e tudo que é rarefeito torna-se sólido
como um verso de pedra.
Antigas cavernas tinham caçadores
de sonhos e delírios brutais,
hoje são apenas fósseis desnudos
e que eram enterrados sob fogueiras.
Do além o grito subterrâneo
acorda um diabinho azul
fazendo corte às mulheres do sultão,
e o cadáver revive qual lazarento
disforme em filosofal ressurreição.
Os donos das palavras
vivem no silêncio da noite,
pois é o mistério da vida
o grande enigma do pensamento.
15/04/2010 Gustavo Bastos