PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A ILHA DOS COMEDORES DE LÓTUS

   Havia uma ilha perto do norte da África que começou a ser habitada pelos séculos XII e XI a.C., foi ocupada por descendentes de etíopes, portanto, eram oriundos da primeira raça etíope de um rei antigo chamado Kaled Masur, a ilha foi sendo ocupada aos poucos, canoas viam das terras etíopes e logo alguns destes novos habitantes desta ilha misteriosa se organizaram em uma tribo, formada por 15 clãs da primeira dinastia que formaria então um reinado nesta ilha.
   Quando a tribo já estava organizada, alguns dos novos habitantes, isso já pelo século IX a.C., descobriram uma parte da ilha ainda inabitada e povoada por lêmures que comiam folhas e flores, três dos habitantes da ilha foram ao fundo das florestas da parte oeste da ilha atrás dos lêmures, observaram que os lêmures ficavam em transe ao comerem uma flor rosa de aspecto brilhoso, um dos habitantes decidiu provar a flor rosa, era a flor de Lótus, muito conhecida dos atlantes, e que também era conhecida dos habitantes do Tibete mítico.
   O habitante de nome Yurá provou a flor de Lótus e teve uma viagem psicodélica: imagem em mandalas saíram de suas pupilas, o som da floresta ecoava com riqueza de detalhes em seus ouvidos, os lêmures pareciam se transformar em figuras míticas, ele olhava a flor de Lótus e ela crescia e tinha de seu rosa um fundo de dourado, um dourado rútilo. Yurá se embrenha na mata para aproveitar a viagem psicodélica e encontra ruínas de antigos desconhecidos, acabara de descobrir que esta ilha já fora habitada por outra raça de humanos desconhecidos, olha um totem de um deus solar destes antigos desconhecidos, começa a ter a visão de um Deus-Sol atávico saindo do totem e entrando em suas veias, seus olhos começaram a delirar num sol místico. Yurá decide chamar os seus outros dois companheiros de exploração, disse que tinha descoberto a rosa da verdade, o sol eterno pulsando na origem do universo.
   Yurá chega alucinado ao encontro de Hessá e Moná. Yurá diz que os dois tinham que provar da flor rosa dourada de Lótus, que era nela que o mistério da vida era revelado. Hessá e Moná ficam assustados com o estado de transe de Yurá, mas, como Yurá garantira para eles que tudo se revelaria ao ingerir a flor de Lótus, Hessá e Moná provam da bendita flor e entram também em transe. Os dois, já em viagem psicodélica, juntam-se a Yurá na exploração da floresta. Yurá mostra que nesta floresta havia uma ruína de habitantes antigos da ilha, parecia que o Lótus tinha propriedades reveladoras, pois um de seus efeitos psicodélicos era revelar todos os caminhos da floresta do oeste. Yurá teve a revelação de todas as trilhas da floresta em questão de apenas uma hora, Hessá e Moná também tiveram a mesma revelação, parecia que a tal flor de Lótus era a guardiã da floresta do oeste, a flor de Lótus era a chave psicodélica do entendimento da floresta, e, por fim, a guia ao Deus-Sol de uma tribo misteriosa. Yurá ficou eufórico, mostrou o totem do Deus-Sol a Hessá e Moná, os três em transe se prostraram diante do totem, o totem começou a falar em língua morta, mas Yurá, Hessá e Moná entenderam a língua, era a língua do Deus-Sol, a língua então revelada dos antigos para os três aventureiros pela flor mística do Lótus.
   Depois de se deliciarem e ouvirem a mensagem do totem no meio da floresta, mensagem que o totem disse que deveria ser enviada à princesa Sandara, a qual reinava os clãs da tribo habitante da ilha; Yurá, Hessá e Moná voltaram à colônia de sua tribo Maonim no leste. Yurá ficou encarregado de ser o portador da boa nova à princesa Sandara, Yurá seria o mensageiro, pois foi o primeiro a ter conhecimento das revelações da flor de Lótus que governava o oeste desconhecido da ilha, ilha que deveria se chamar, a partir de então, e de acordo com a mensagem totêmica, de ilha do Lótus.
   Sandara recebe Yurá em sua mansão das delícias, onde corria no meio o rio Froenes, e a mensagem que Yurá trazia era a seguinte: "A prova do êxtase tem seus deuses habitando a flor, os deuses são solares, as trevas são as raízes, as trevas são o fim sombrio do êxtase." Sandara decide fazer um pórtico com a mensagem do totem e organiza uma caravana rumo ao oeste desconhecido da ilha para provar da flor de Lótus. Sandara encara a mensagem como um enigma que seria revelado no dia propício.
   Sandara tinha um reino de paz entre os 15 clãs, mas a flor de Lótus era este ente da paz que faltava para confirmar seu reinado. Sandara vai com seus cavaleiros fiéis, junto com 10 mulheres de nobre estirpe do clã principal da ilha, o clã dos Faor, e sai com seu cavalo branco a galope à margem do rio Froenes até um estuário desconhecido. Yurá se torna o guia da caravana, Yurá acabara de ser nomeado por Sandara como conselheiro de seu reinado e mensageiro das revelações do Lótus pela língua sagrada do totem do deus solar. Depois do estuário, a caravana chega ao início da floresta do oeste, Yurá se junta com Hessá e Moná, e os três vão à frente da caravana, rumo ao totem no meio da floresta e o jardim em que havia um mundo infinito de flores de Lótus para todos que ali rumavam, comerem e terem o êxtase revelador da floresta do oeste.
   Yurá chega ao totem, o totem tinha um diamante em seu topo, Yurá decide roubar o diamante sem ninguém da caravana saber e vender ao clã dos mercadores, o clã Hussaim. Yurá estava em pecado com o totem a partir de então e sofreria uma maldição. Yurá estava deslumbrado com seu poder de ser o mensageiro do Lótus. Sandara não sabia que Yurá já estava até planejando tomar o seu reinado, mas, Sandara tinha proteção espiritual, e já havia feito uma profecia de que haveria um traidor que seria amaldiçoado pelas trevas da loucura ao tomar uma poção venenosa. Sandara não tinha com o que se preocupar quanto à sua segurança, o deus tutelar do leste da ilha, o deus Komos, era o protetor de Sandara e de sua descendência, que pertenciam ao clã principal da tribo Maonim, o clã Faor.
   A caravana chega ao coração da floresta do oeste, Sandara e as 10 mulheres tomam a frente e têm a visão do jardim dos Lótus, Yurá fica observando e já conspirando contra o reinado de Sandara. Sandara vai para dentro do jardim e tira uma flor de Lótus do chão gramado, prova a flor e em cinco minutos vem o efeito psicodélico. Ela vê o deus tutelar do leste, Komos, em sua visão mística. Komos aparece, então pela primeira vez, à sua protegida e diz em segredo para ela: "Yurá está endemoniado, cuidado com suas intenções, lhe dê poder suficiente para ele tentar realizar o seu intento, já está em meus planos aniquilá-lo no momento preciso, faça isso, lhe dê mais poder, até que a tentação tome conta de seu espírito e ele caia em sua própria armadilha, eu, o deus tutelar do leste, servo de sua alteza, te digo isto e não revelarás isto para ninguém até que Yurá tenha virado pó."
   Sandara, depois de receber a mensagem de seu protetor, pergunta a Yurá onde está o totem, pede a Yurá que a leve até lá, Yurá a leva e os dois se prostram em frente ao totem do deus solar. Sandara come mais uma flor de Lótus e vê o belzebú nos dois olhos de fogo de Yurá. O deus solar lança uma aura negra em torno de Yurá, só Sandara vê isso, Sandara tinha vidência sem estar em viagens psicodélicas, e quando estava em transe pela flor de Lótus, suas faculdades paranormais se afloravam, ela via mais que qualquer um da ilha. Yurá também havia comido a flor de Lótus, mas era incapacitado de enxergar a aura fétida que lhe cercava.
   Sandara recebe do deus solar do oeste mais uma visão: ela vê que no fim da floresta do oeste havia cogumelos mágicos, tais cogumelos eram venenosos, e quem governava aquela parte da floresta eram os gnomos, e os gnomos adoravam alucinar quem ali passasse, e quem comesse tais cogumelos teriam um êxtase extremo, uma beatitude jamais vista por olhos humanos, e logo depois um envenenamento da mente que levaria quem comeu de tais cogumelos às trevas da loucura e certamente ao suicídio, pois depois do êxtase viria o que os místicos chamariam de "vala negra dos psicodélicos", o que os modernos chamam de "bad trip".
   Sandara, depois de receber as bênçãos do totem da floresta do oeste, através de visões reveladoras, e de ter recebido, também, uma mensagem de seu protetor Komos, chama as 10 mulheres do clã Faor, das 10 mulheres, 8 eram esposas de sábios, as outras duas eram tríbades, remanescentes da grande fome do século X a.C., em que a ilha tinha 9 mulheres para cada homem, uma vez que a princesa Manaís, governante daquela época, mandou sacrificar os meninos que nasciam, visto que o matriarcado sempre foi a tradição da ilha do Lótus, e o tribadismo foi o efeito colateral da falta de homens na ilha naquela época, até que a descoberta ao nordeste de terra fértil para o plantio de verduras e legumes dos mais diversos, além de árvores com inúmeros frutos suculentos, acabou com o período da grande fome.
   A tradição do matriarcado, e a prática do tribadismo na grande fome, que se manteve apenas entre 6 mulheres entre si de cada clã, sendo que as nobres e as mulheres de sábios eram proibidas de tais práticas depois do fim da grande fome, mantinham este resquício da era da fome, tribadismo que vai liberar no matriarcado um feminismo que tentará eliminar os homens poderosos da Ilha do Lótus, quando a flor dominar todas as mentes da população da ilha, o que seria quase instantâneo depois da caravana de Sandara pela floresta do oeste atrás da flor de propriedades mágicas.  Haveria uma conspiração de tríbades contra os sábios e os homens rurais, quase acabando com os homens da ilha novamente, fenômeno que tinha tido êxito na ilha de Ogígia, onde reinava Calipso, pouco tempo antes.
   Sandara, então, junta as 8 mulheres dos sábios para comer a flor de Lótus, as outras duas, representantes da tradição do tribadismo da grande fome, acabam por também comerem a flor. Uma lambeu a vagina da outra com o pólen da flor de Lótus, um ritual antigo do tribadismo se consumou de frente ao totem do deus solar da floresta do oeste, Sandara então recita uma trova da Ilha de Lesbos, as duas tríbades chegam ao orgasmo no último verso ao mesmo tempo, Sandara vê entre as duas tríbades se formar uma lua vermelha, símbolo usado como referência a uma tríbade no período da grande fome, símbolo que se tornara sagrado tanto para as tríbades da ilha do Lótus como para as da Ilha de Lesbos, o que não ocorreu na ilha de Ogígia, onde a extinção dos homens não levou ao tribadismo, mas ao celibato, o qual só se quebrou, momentaneamente, com a vinda de Odisseu àquela ilha, o qual ficara alguns anos aprisionado lá por Calipso.
   A lua vermelha ficou entre as duas vaginas das tríbades, Sandara viu o leite branco de uma das tríbades escorrer e virar, para seu espanto, outra flor de Lótus, Sandara come tal flor e incorpora a lua vermelha, Sandara decide matar as duas tríbades e acabar com aquela orgia, pensa em estabelecer a flor de Lótus como dieta da ilha e, depois de matar as duas tríbades, se arrepende, e decide que o seu reinado tinha que ter a dieta do Lótus, com exceção para as tríbades, que deveriam se manter alertas e vigiar os clãs de invasões estrangeiras pelo mar.
   De volta ao leste, a caravana traz a novidade para a população dos clãs, nas mãos de Sandara, quinze sementes da flor de Lótus para germiná-las nas terras férteis do nordeste da ilha. Em questão de cinco dias já surgiram algumas flores, em questão de 6 meses, todos os habitantes da ilha do Lótus, com exceção das tríbades, estavam comendo a flor de Lótus. Logo o efeito social de tal uso indiscriminado da flor foi uma letargia na população, os trabalhadores não cuidavam mais das terras, a comida estava estragando, só se interessavam em cultivar mais e mais flores de Lótus, logo a ilha inteira estava repleta de flores de Lótus, a grande atividade da população da ilha era agora comer flores de Lótus e tocar ou ouvir música. Alguns clãs organizam festivais musicais dentro da floresta do oeste em que a finalidade era unicamente comer flores de Lótus e ouvir os músicos tocarem sons psicodélicos para a viagem mística ficar mais forte, não se fazia mais nada na ilha além de se comer flores de Lótus e ouvir ou tocar música, logo as crianças reclamam que estavam com fome, a elas também são dadas flores de Lótus e o clima de paz e amor reina na ilha dos comedores de Lótus, só as tríbades, vigiando o litoral, que estavam acordadas; o resto da população vivia sonhando num transe místico em que a única coisa que importava era comer uma flor de Lótus a cada hora, em que a música era a única atividade que interessava naquele novo reino do prazer.
   Yurá, por sua vez, depois de ser nomeado conselheiro do reino de Sandara, e de ser o mensageiro principal da flor de Lótus, recebe mais um prêmio de Sandara: fazer uma incursão até o fim da floresta para descobrir novas plantas mágicas, era o plano de Sandara para aniquilar Yurá, que a esta altura já planejava a morte de Sandara e o fim do matriarcado na ilha do Lótus. Yurá parte com seus dois comparsas, Hessá e Moná, rumo ao fim da floresta do oeste, Yurá já estava com o seu projeto de poder na cabeça, faria Sandara tomar uma overdose das plantas que achasse por lá, mas ele mal sabia que passaria por uma tentação dos gnomos que governavam aquele último rincão inexplorado da ilha do Lótus. Yurá estava indo com muita sede ao pote, o que seria crucial para a sua ruína e que se consumaria com a nêmesis do deus tutelar Komos sobre qualquer inimigo da princesa Sandara e de sua descendência.
    Yurá chega ao fim da floresta do oeste e descobre por lá uma infinidade de cogumelos mágicos, resolve sacrificar um bezerro em honra de belzebú, o mesmo que habitava os seus olhos na visão mística de Sandara, e a aura negra, um miasma de sua alma imunda, emanava por todos os seus poros. Ele sacrifica o bezerro e pede a belzebú a morte por envenenamento da princesa Sandara quando retornasse com os cogumelos mágicos ao leste na mansão das delícias pelo rio Froenes. Yurá é logo hipnotizado por um gnomo que habitava ali, que faz com que Yurá tome uma dose cavalar de um cogumelo venenoso, Yurá oferece os cogumelos venenosos a Hessá e Moná, que também tomam a poção. Yurá, logo em seguida, faz um chá de mais uns cogumelos e o dilui no sangue do bezerro, bebe o sangue com a poção venenosa e vê belzebú em seus próprios olhos. Fica em êxtase e decide matar Hessá e Moná a facadas, ao ficar com paranoia delirante e achar que os dois iriam roubar seus cogumelos e delatá-lo à princesa Sandara. Belzebú dançava seu ritual e comia a carne e o sangue do bezerro, e tomava o corpo de Yurá, possessão demoníaca que perduraria até a sua volta à mansão das delícias no leste. O gnomo que hipnotizara Yurá faz seu trabalho de limpar o local no qual Yurá deixara seus miasmas e vomita vários novos cogumelos, e conjura para a ruína daquele demônio. Yurá vai possuído rumo a sua ruína, Komos está vendo tudo, a proteção de Sandara é infalível, Yurá provaria de seu próprio veneno.
   No caminho de retorno ao leste, Yurá tem um dos efeitos de tais cogumelos venenosos, a beatitude, mas nele isto se dá de maneira diabólica, belzebú também tem a chave do êxtase divino, uma vez que ele já fora anjo, e ele dá a Yurá a sensação de êxtase místico. Yurá caminha e deixa a floresta do oeste, vai rumo à mansão das delícias para aplicar uma overdose de cogumelos mágicos na princesa Sandara. Perto do leste já, a beatitude dá lugar a visões bizarras, o terror e o pânico tomam conta da alma de escuridão de Yurá, ele começa a ter espasmos e vomita sangue, quase fica sufocado, belzebú já tinha a sua alma e queria levá-lo aos portais do inferno para ser devorado pelo cão guardião do Hades, o temido Cérbero, e logo isso ocorreria, a nêmesis de Komos vem rápido. Ao entrar na mansão das delícias, Yurá vê uma luz dourada cercando o corpo de Sandara, tenta pegar a sua filha mais velha Liana para sacrificá-la em honra de belzebú, mas logo a "vala negra dos psicodélicos" toma conta de sua alma inteira, belzebú ganhara mais uma alma, belzebú sorria bizarramente no corpo de Yurá. Sandara vê Liana nas mãos de Yurá e dá um grito, a nêmesis de Komos lhe dá garantia, Liana consegue fugir de Yurá, Yurá tem mais uns espasmos, entra em depressão profunda, começa a ter visões do inferno até que sua alma é arrebatada por belzebú e seu corpo cai duro e frio na porta da mansão das delícias, morto por overdose de cogumelos venenosos. A alma de Yurá então ruma ao Hades para ser devorada pelo faminto Cérbero. Belzebú ri horrores.
   Depois deste susto, Sandara ainda não estava livre de problemas, sete sábios da mais alta estirpe dos clãs da ilha do Lótus são assassinados por tríbades que queriam fazer uma revolução feminista na ilha. As tríbades se organizam e fazem uma incursão violenta aos campos do nordeste, matando todos os homens rurais, o clã Faor reage e prende todas as tríbades na masmorra que fora erguida há poucos anos pelos soldados de Sandara. A paz e o amor foram uma ilusão musical e de viagens místicas movidas a flores de Lótus. Sandara decide matar as tríbades e extirpar todas as flores de Lótus da ilha, não dava mais para viver naquela situação, os festivais musicais ficam proibidos até que os soldados eliminassem todas as flores de Lótus da ilha. Muitos se revoltam e ficam com síndrome de abstinência, os mais viciados em Lótus acabam se suicidando com a falta da flor.
   Os soldados conseguem, depois de três anos combatendo viciados e destruindo as flores de Lótus, acabar totalmente com a letargia social que reinava desde a descoberta da flor mágica. Sandara consegue então reestabelecer o verdadeiro reino da paz e do amor, desta vez sem mágica, sem letargia, sem ilusão, os festivais musicais voltam, mas agora todos tinham que cuidar da terra, produzir alimentos, e não mais ficarem jogados pelos cantos comendo flores de Lótus e ouvindo música sem nehuma atividade útil.
   Sandara então decide passar o trono para a sua filha Liana, que então determina que a ilha do Lótus mudaria de nome para Ilha Marinha, pois pescadores do mar estavam chegando na ilha e passando a habitar lá, os clãs se reorganizam e recebem os estrangeiros pescadores com boas-vindas. A floresta do oeste é preservada e tudo o que nela continha permaneceria lá, seu acesso se torna restrito, e Liana resgata os sábios e homens rurais sobreviventes da revolução das tríbades para organizar um parlamento. Liana não queria mais poderes absolutos para o matriarcado, agora homens e mulheres naquela ilha seriam iguais, e deveria haver harmonia para que a ilha não sofresse mais conspirações ou tormentas como as quais passara a sua mãe, Sandara, que agora descansava na mansão das delícias.
   Liana era a nova princesa, a nova governante, mas como era justa, instituiu a igualdade entre os sexos e o equilíbrio do poder com um parlamento e uma jurisdição, tratava-se agora, na Ilha Marinha, não mais de um reino do matriarcado, mas de uma monarquia constitucional, com todos sóbrios e ativos, e com festivais musicais apenas nos dias de folga e nos dias de festividades, sem flores de Lótus.

04/01/2013 Contos Psicodélicos
(Gustavo Bastos)