PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sexta-feira, 21 de maio de 2010

POEMA DE EXALTAÇÃO DA VIDA VAGABUNDA

O que tenho talvez ainda na vida

Se dá com um verso então subalterno

Da escrita, nos dias que silenciam no campo

Volta-se a si mesmo

Por vazios e encostas muros palavrazes frases



Tenho dó do horror que pode ser um não

Pois tememos sempre uma invasão

De nossas consciências,

E o vivo dentro não pode explodir

Intramuros calefação engodo peste e solidão

Porco terremoto ventre fatias,

Rocha rocha pedra rocha

Patifes vagabundos desertores de tudo e de todos

Início sem fim início sem

Arte pichação recreio



Com isso

Sem aquilo

Sem nome

Sem rumo

Com carne

Fala muito do corpo e da queda

Fala da loucura cura

Tamanhas ilusões sem esperar

Segredos feitiços cheios de armas

Fé resoluta pecados chatos



Eu tive glórias e desaforos

Somos todos iguais, somos todos diferentes

A saga do velho planeta

Sob outonos sob invernos

Precipícios internos versos

Perto de mais universo, talvez



Ali um pouco longe ali

Sem rosto sem cor sem história

Sorte rara do tamanho de um gigante

Diamante

Criativo fogo álcool e rua

Ali acolá

Até lá bem de lá do lugar estranho

Eu tive sérias raivas tive mesmo no esgoto

Estranho bem de lá qualquer lugar

Ah! Queimo tudo que passou passou como nada



Definho sem poderes de crer e não crer

Somente como humano demais humano

Cara de idiota e gênio de facínora

Uma vez mais

Tanto faz

Tanto

Faz tempo

Que não há

Tempo

Que eu criei

Tanto faz

Venha até a mim sem falar nada, cale-se



O que foi criatura anjo ou babaca

Gordo babaca mais bacaca baba

Antigo simbolista autor anacrônico

Coração de ferro transe de infernos

Meio maluco meio inteligente

Tanque do fim findo fomos tanques

Eu tive bem do sonho bem do paraíso

Fantasia fantasma

Fantasia fantástica

Fantasma suástica



Oh! Perco perigos portos anormais

Subsolo subtenente

Homem de farda elegante e educado

Homem histérico quando com arma

Eu ria: “Quá! Quaráquáquá!”

Eu xingava: “Filho de Satanás!”

Estive lendo fins sem emoção

Retratos velhos

Olhos desbotados poças de sangue mel e filme

O doido morrera queimado eu nem vi

Ai! Eu via uma enorme TRIP uns milhões de decibéis

Oh! Não se acerta na loteria dos desprezíveis

Eu ria: “Quá! Quaráquáquá! Quá! quaráquáquá! Ele morreu ...”

Tempo de sacanagem pura sacanagem da sacanagem

Canais de ofertas televisivas um encanto de modernidade sedução

Jogo de cena êxtase dia de finados



Eu subjuguei Cristo às ordens do Diabo, subornei Judas

Ainda teria que me fingir de morto e dar um belo susto no povaréu,

Feito fogo sem limite e hora marcada

Relógio do óbvio quebra na quase tragédia tragédia



Eu não disse morrer

Sem que seja fatal

Até em brincar

Brincar de apaixonado brincar de revoltado

Eu não disse morrer sem fatal

Eu não fatal disse brincar morrer

Eu não morri morri não

Eu não fatal não morri