TRILOGIA DOS ANJOS-CADÁVERES
I
Comunicar-se com os anjos, é tomar o universo na própria sonda.
O que dará ao atemporal os parafusos da ordem do tempo.
O templário se erguerá como que extático de guerrear.
Estando logo aniquilado.
O mar engolirá a cidade na beira dos vulcões.
E mentiras, febres e castelos ruirão
Ao atemporal anjo de botas atômicas.
O seu sufrágio é a casta mortandade,
Sua infância ou sua velhice são barcos sem motor,
Pois há de ser remadas, ou nadadeiras.
É o que deveria soprar, navegar ... curtindo o ócio.
Um pescador também sorri,
Com o peixe que é uma sereia fada.
E dos mitos ele lambe a quintessência,
Os deuses dos sóis
Que gritavam nos vapores.
(O fogo que há nas lendas).
Com tudo prateado ou dourado,
Feito de barro.
II
À sombra multiforme, à sombra informe ...
Contava os sonhos, os mortos e os bichos.
Contaria também os mundos.
Mas que miudezas hei de sondar mais ainda?
Anjos não contam números, eles odeiam numerólogos.
Fazem assim: Númerofagia.
Eles vivem de sacanear a plebe.
Já querem amar sem cálculos para tanto.
Já que o reino não faz o próprio reinar,
Eles vivem como templários,
Vivem como gladiadores,
Vivem também o sacerdócio,
Eles vivem de embriaguez.
Dão chutes nas verdades,
Odeiam a palavra cânone.
Horas-trindades, psicopatias trinitárias.
A Cabala é a moleira da cabeça dos anjos.
III
O régio da Beleza os anjos adoram.
Dá um ser-de-si amiúde, estancando
Soluços e quebrando corações.
Pois, que Deus dorme na paixão? Ou será Deusa?
Os anjos não são os santos, as iluminações são drogas.
E que alquimia eles fazem?
Somente o título erudito, eles dizem serem tétricos.
Que da morte ignoram o conteúdo abjeto.
Só martirizam astros como os mundos gélidos,
Já que odeiam todo o mundo real.
Pois, na regra das leis, nas leis ...
Seriam eles legisladores?
Não resistem ao pobre idiota que diz:
“Tudo em nome dos nossos costumes!”
Pois repetem:
__ Odeio cânones. Odeio o que é o Bem imposto.
E se odeiam tanto, é porque amam o que não existe.
O que é certo aos anjos?
Achaques, o defeito de nascença.
Muitos corais na gruta dos horrores.
Várias refeições de carne, longe do tédio.
Devaneio é um desses conceitos-chave.
E odeiam: A vaia e o aplauso.
Preferem a morte, ou seja,
O impacto que tudo silencia.
Adélia Prado Lá em Casa: Gísila Couto
Há 2 semanas