Eu passava na rua da cidade
com um andar bêbado
de poesia.
Meu poema serve às anedotas
urbanoides do meu coração.
Uma menina poderia
me fazer afagos
ao invés de me ignorar.
Um maconheiro poderia
tossir seu pigarro
e começar a rir.
Um vendedor de balas
seria um bom traficante
de drogas
se lhe fosse
necessário.
A carta que escrevo à minha família
não tem sentido.
Os poetas nascem carecas
e morrem de cirrose, pneumonia,
tuberculose ou suicídio.
Não sei quantos morreram
dessas misérias,
mas o palco em que a palavra
se impõe com seu devaneio
é o espaço crítico
em que o pensamento
se desdobra sobre si mesmo
num mundo confuso
do underground psicótico.
13/05/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)
sexta-feira, 13 de maio de 2011
CORAÇÃO DE FOGO
E quem se importa
com o quinhão da solidão?
Todos os dias que a poesia
chora e ri,
ela tem de seu tumor
o amor com clamor
de essências inauditas.
O céu que desafia a razão
é o tempo metafísico
de uma paixão duradoura.
A terra das paixões efêmeras
são inconstâncias dos sentimentos
do coração apunhalado
pela morte.
A sorte que cabe ao poeta
é o sentido pagão
de tragédia e risco,
o perigo é sua alma pecadora
num trabalho carnal
de profecias.
O poeta tem o coração de fogo,
ardendo pela palavra
que lhe cai nas mãos.
13/05/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)
com o quinhão da solidão?
Todos os dias que a poesia
chora e ri,
ela tem de seu tumor
o amor com clamor
de essências inauditas.
O céu que desafia a razão
é o tempo metafísico
de uma paixão duradoura.
A terra das paixões efêmeras
são inconstâncias dos sentimentos
do coração apunhalado
pela morte.
A sorte que cabe ao poeta
é o sentido pagão
de tragédia e risco,
o perigo é sua alma pecadora
num trabalho carnal
de profecias.
O poeta tem o coração de fogo,
ardendo pela palavra
que lhe cai nas mãos.
13/05/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)
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CANTOS VISIONÁRIOS
Eu quero a capacidade de voar
com o imaginoso tempo do verão.
Nos tumultos da alma em flor
eu encontro o lugar próprio da existência
em sua dissonante canção
de liberdade que não cala
na tristeza,
mas que satisfeita emana
para o caos do mundo.
No mar, sendo feito de sal,
o sol vem com fogo e sonho
passar no céu seu amor
seminal.
O poema cai para os chãos
em que ando.
O poema fala do coração
o que é esse aqui e agora
de que o verso tanto se ocupa.
O pássaro desce à estação dos povos,
sendas impermanentes são sonhos
dos quais o limite inexiste.
Tal é a lei dos sonhadores desta terra,
ter um amor imenso
do tamanho de seus
cantos visionários.
11/05/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)
com o imaginoso tempo do verão.
Nos tumultos da alma em flor
eu encontro o lugar próprio da existência
em sua dissonante canção
de liberdade que não cala
na tristeza,
mas que satisfeita emana
para o caos do mundo.
No mar, sendo feito de sal,
o sol vem com fogo e sonho
passar no céu seu amor
seminal.
O poema cai para os chãos
em que ando.
O poema fala do coração
o que é esse aqui e agora
de que o verso tanto se ocupa.
O pássaro desce à estação dos povos,
sendas impermanentes são sonhos
dos quais o limite inexiste.
Tal é a lei dos sonhadores desta terra,
ter um amor imenso
do tamanho de seus
cantos visionários.
11/05/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)
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UMA POESIA INCANDESCENTE
Trago vago o meu canto alado.
Se me chamas louco,
eu orgulhosamente rio
de tudo e digo que estou
contente com a vida,
nada de dissabores
tão caros à poesia,
a música e seus elementos
me levam ao auge da alegria
com um arrebatamento sinfônico
de harmonia oceânica
num mar de hipócritas,
eu tenho pena da mentira,
ela não nos diz qual
é a sua função,
senão de procrastinar o sucesso
de um labor que nasceu
do encontro das falésias,
com o céu em erosão
de silêncio e grito,
numa pausa do tempo
que o encanto
repartiu entre
seus escravos,
em noites que
passaram
aos notívagos
corações desejosos
de queda
e asas derretidas
de paixão.
11/05/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)
Se me chamas louco,
eu orgulhosamente rio
de tudo e digo que estou
contente com a vida,
nada de dissabores
tão caros à poesia,
a música e seus elementos
me levam ao auge da alegria
com um arrebatamento sinfônico
de harmonia oceânica
num mar de hipócritas,
eu tenho pena da mentira,
ela não nos diz qual
é a sua função,
senão de procrastinar o sucesso
de um labor que nasceu
do encontro das falésias,
com o céu em erosão
de silêncio e grito,
numa pausa do tempo
que o encanto
repartiu entre
seus escravos,
em noites que
passaram
aos notívagos
corações desejosos
de queda
e asas derretidas
de paixão.
11/05/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)
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quarta-feira, 11 de maio de 2011
INEXPLICANDO O INEXPLICÁVEL
Nestes termos, meu senhor,
eu recuso a paz bendita.
Fizeste do meu poema um negócio
pouco lucrativo,
obedeceste à lógica dos carniçeiros
com várias interrogações
sobre o que é a minha obra.
Ora, não posso defini-la.
Não tenho um propósito claro
e nem posso dar respostas concisas
sobre algo que me escapa ao tempo e à razão.
Também não poderei
enumerar uma prolixa multiplicação
de explicações do porquê
que sou poeta.
Meu senhor, te enganas quanto
ao que é uma boa obra,
nem podes vislumbrar
um poema valoroso.
Tenho pouca paciência
com os determinantes
do conteúdo que te dou.
Não sei ao certo,
mas um fuzil ou uma dinamite
serviriam para acordar
vossa arrogante pretensão
de "definições da obra".
Sou poeta, e não sei me explicar.
03/11/2009 Gustavo Bastos
eu recuso a paz bendita.
Fizeste do meu poema um negócio
pouco lucrativo,
obedeceste à lógica dos carniçeiros
com várias interrogações
sobre o que é a minha obra.
Ora, não posso defini-la.
Não tenho um propósito claro
e nem posso dar respostas concisas
sobre algo que me escapa ao tempo e à razão.
Também não poderei
enumerar uma prolixa multiplicação
de explicações do porquê
que sou poeta.
Meu senhor, te enganas quanto
ao que é uma boa obra,
nem podes vislumbrar
um poema valoroso.
Tenho pouca paciência
com os determinantes
do conteúdo que te dou.
Não sei ao certo,
mas um fuzil ou uma dinamite
serviriam para acordar
vossa arrogante pretensão
de "definições da obra".
Sou poeta, e não sei me explicar.
03/11/2009 Gustavo Bastos
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Poesias 2009
NOVA FILOSOFIA
Quisera eu ter asas
e a imaginação forte.
Todas as amarras da minha razão
estariam sob nova filosofia,
eu não teria a dor e a culpa,
eu não teria angústia,
eu não seria demasiado humano.
Quisera eu não perder a docilidade
em que posso amar sem desprezo,
em que posso ter muito mais zelo,
e andar pelas paragens da vida
com o coração eternamente jovem,
sem me preocupar com o amanhã,
sem estar triste por não ter liberdade,
sem me machucar por uma vã saudade,
enfim, todo o peso da existência sumiria
ao voo da poesia que nunca seria sombria,
uma luz infinita tomaria
o meu novo corpo,
eu teria o pensamento livre das desrazões
da vida,
seria pleno,
seria indomável!
Quisera eu portar em mim
toda a beleza do céu,
quisera eu ser imortal
e não somente poeta!
20/10/2009 Gustavo Bastos
e a imaginação forte.
Todas as amarras da minha razão
estariam sob nova filosofia,
eu não teria a dor e a culpa,
eu não teria angústia,
eu não seria demasiado humano.
Quisera eu não perder a docilidade
em que posso amar sem desprezo,
em que posso ter muito mais zelo,
e andar pelas paragens da vida
com o coração eternamente jovem,
sem me preocupar com o amanhã,
sem estar triste por não ter liberdade,
sem me machucar por uma vã saudade,
enfim, todo o peso da existência sumiria
ao voo da poesia que nunca seria sombria,
uma luz infinita tomaria
o meu novo corpo,
eu teria o pensamento livre das desrazões
da vida,
seria pleno,
seria indomável!
Quisera eu portar em mim
toda a beleza do céu,
quisera eu ser imortal
e não somente poeta!
20/10/2009 Gustavo Bastos
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ARDOR DO FIM
Preciso de um fim.
Tudo o que faço é por mim,
nesta vida não dá o enorme cão
a sua última mordida.
Este mundo precisa de um fim.
Não tenho como recuperar
o tempo que perdi.
Este muro que se fecha sobre mim,
e a vida que me acusa,
já não são os delírios adolescentes
no meu lume e na minha dor,
já não são o fim do meu calor,
tudo neste muro que se fecha sobre mim
anuncia o meu fim.
Ora, quero este fim, procuro este fim.
Na mesa a minha cabeça exposta
como um farol para o afundamento,
na casa a solidão é o tormento.
Quero este fim, preciso de um fim,
para tudo recomeçar
quando tudo for lançar
à carne dissoluta o caos.
Preciso de um fim,
que seja logo,
que seja intenso,
como a morte é no seu fim
sepulcral.
Tudo arde em mim.
18/10/2009 Gustavo Bastos
Tudo o que faço é por mim,
nesta vida não dá o enorme cão
a sua última mordida.
Este mundo precisa de um fim.
Não tenho como recuperar
o tempo que perdi.
Este muro que se fecha sobre mim,
e a vida que me acusa,
já não são os delírios adolescentes
no meu lume e na minha dor,
já não são o fim do meu calor,
tudo neste muro que se fecha sobre mim
anuncia o meu fim.
Ora, quero este fim, procuro este fim.
Na mesa a minha cabeça exposta
como um farol para o afundamento,
na casa a solidão é o tormento.
Quero este fim, preciso de um fim,
para tudo recomeçar
quando tudo for lançar
à carne dissoluta o caos.
Preciso de um fim,
que seja logo,
que seja intenso,
como a morte é no seu fim
sepulcral.
Tudo arde em mim.
18/10/2009 Gustavo Bastos
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ENTRE O CÉU E O MAR
Entre o céu e o mar
existe a alma do mundo.
Terra de sangue vertido,
tuas madeixas de mulher
vestem o vermelho da canção.
Transeunte do vinho solitário,
que sois vós os filhos
da amada semente do futuro?
Entre o céu e o mar
existe a alma do mundo.
Onde deixei meus poemas?
Onde há poetas?
Eu sei o quanto eu já cantei
em verso destemido,
eu sei a maior das aventuras
de um sonho infinito
que declara amor sem retorno
numa noite sem par,
dos meus ardores eu conheço
a beleza de ser um só
em meu pensamento,
e quando estiver exausto,
darei o sangue novamente
para somente morrer na arte,
darei o sangue pelo ato final,
entre o céu e o mar.
10/10/2009 Gustavo Bastos
existe a alma do mundo.
Terra de sangue vertido,
tuas madeixas de mulher
vestem o vermelho da canção.
Transeunte do vinho solitário,
que sois vós os filhos
da amada semente do futuro?
Entre o céu e o mar
existe a alma do mundo.
Onde deixei meus poemas?
Onde há poetas?
Eu sei o quanto eu já cantei
em verso destemido,
eu sei a maior das aventuras
de um sonho infinito
que declara amor sem retorno
numa noite sem par,
dos meus ardores eu conheço
a beleza de ser um só
em meu pensamento,
e quando estiver exausto,
darei o sangue novamente
para somente morrer na arte,
darei o sangue pelo ato final,
entre o céu e o mar.
10/10/2009 Gustavo Bastos
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ANTES DA MORTE (O QUE EU SEI)
Antes que eu esqueça:
Já tomei as providências necessárias
para edificar o amor de meus sentimentos,
todas as maravilhas da descoberta
são as almas que busco e encontro
ao desmentir o meu coração partido.
Leio as faces estendidas na memória,
e faço da unção a mais bela voragem
de santificados campos de morte.
O coração permanece batendo.
Permanece batendo o coração.
Da luta que eu empreendi,
destas almas que velei,
resta ao indômito selvagem
que abriga o meu sangue
uma dor inexaurível
de vinho e coragem.
Onde estiver, amor da farsa,
não apague a minha presença
em teu corpo,
e não julgue no teu espelho
a minha carne imatura,
pois de jogos se faz
a dança da vida,
e eu sou só mais um
disperso na multidão.
10/10/2009 Gustavo Bastos
Já tomei as providências necessárias
para edificar o amor de meus sentimentos,
todas as maravilhas da descoberta
são as almas que busco e encontro
ao desmentir o meu coração partido.
Leio as faces estendidas na memória,
e faço da unção a mais bela voragem
de santificados campos de morte.
O coração permanece batendo.
Permanece batendo o coração.
Da luta que eu empreendi,
destas almas que velei,
resta ao indômito selvagem
que abriga o meu sangue
uma dor inexaurível
de vinho e coragem.
Onde estiver, amor da farsa,
não apague a minha presença
em teu corpo,
e não julgue no teu espelho
a minha carne imatura,
pois de jogos se faz
a dança da vida,
e eu sou só mais um
disperso na multidão.
10/10/2009 Gustavo Bastos
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domingo, 8 de maio de 2011
POEMA SOBRE O AMOR DO MAR
Sempre o mar, com o seu caldo inaugural
e suas algas e peixes.
Bela época aquela de que recordo
o marulho e a vida que era bela!
Seu límpido azul verde se pintava
de anzóis e de liberdade desmedida.
Toda a prece era para um Deus
silente e terrível de escamas
e recifes na profunda tempestade.
Lembro-me, por agora, de cantar
ao permanente céu que te cobria,
mar indestrutível,
na doçura de me banhar
na eternidade de vidas submersas.
Eu ouvia a gaivota em suas sondagens
de fome, pássaro pronto ao mergulho
fatal de sua caça.
As algas eram infinitas,
e o meu corpo bronzeado.
Fiz da areia o meu maior sonho,
e da minha morte,
uma praia risonha.
Não falta nada ao mar,
não falta o sal,
não falta o sol,
não falta a onda,
não falta o abismo,
não falta a nudez,
não falta o horizonte.
Estava no meu livro
a sua emoção de ser imenso,
Netuno bem o quis,
um mar que é o portento,
um mar que é intenso.
Das vidas que levou embora,
o mar as quis,
como destino,
afogamento submarino.
Tuas delícias, ó mar,
eu as tive em todas as minhas
lágrimas de sal.
E digo então:
Tua é a morada da travessia,
o desvelamento de tuas entranhas
é o nascimento de teu momento
mais líquido de encontrar
depois uma terra virgem,
onde eu possa me deitar
e te olhar,
horizonte impreciso,
lar da barcarola
rumo ao infinito,
lembrança que és
de minha memória oceânica,
mar que guarda
tudo dentro de si,
para então afundar
o meu corpo.
Eu bem o quis!
O mar é este ser total
que o sal batizou,
é o tempo das redes de pesca,
e a hora do mergulho final.
Tu, ó mar, é o sonho
da sereia,
aventuras de Ulisses,
descoberta de Colombo,
mar aberto, enseada,
golfo, delírio bruto
de sua maresia,
eu sou livre
em teu refúgio,
livre sempre
ao te amar,
ó mar.
08/10/2009 Gustavo Bastos
e suas algas e peixes.
Bela época aquela de que recordo
o marulho e a vida que era bela!
Seu límpido azul verde se pintava
de anzóis e de liberdade desmedida.
Toda a prece era para um Deus
silente e terrível de escamas
e recifes na profunda tempestade.
Lembro-me, por agora, de cantar
ao permanente céu que te cobria,
mar indestrutível,
na doçura de me banhar
na eternidade de vidas submersas.
Eu ouvia a gaivota em suas sondagens
de fome, pássaro pronto ao mergulho
fatal de sua caça.
As algas eram infinitas,
e o meu corpo bronzeado.
Fiz da areia o meu maior sonho,
e da minha morte,
uma praia risonha.
Não falta nada ao mar,
não falta o sal,
não falta o sol,
não falta a onda,
não falta o abismo,
não falta a nudez,
não falta o horizonte.
Estava no meu livro
a sua emoção de ser imenso,
Netuno bem o quis,
um mar que é o portento,
um mar que é intenso.
Das vidas que levou embora,
o mar as quis,
como destino,
afogamento submarino.
Tuas delícias, ó mar,
eu as tive em todas as minhas
lágrimas de sal.
E digo então:
Tua é a morada da travessia,
o desvelamento de tuas entranhas
é o nascimento de teu momento
mais líquido de encontrar
depois uma terra virgem,
onde eu possa me deitar
e te olhar,
horizonte impreciso,
lar da barcarola
rumo ao infinito,
lembrança que és
de minha memória oceânica,
mar que guarda
tudo dentro de si,
para então afundar
o meu corpo.
Eu bem o quis!
O mar é este ser total
que o sal batizou,
é o tempo das redes de pesca,
e a hora do mergulho final.
Tu, ó mar, é o sonho
da sereia,
aventuras de Ulisses,
descoberta de Colombo,
mar aberto, enseada,
golfo, delírio bruto
de sua maresia,
eu sou livre
em teu refúgio,
livre sempre
ao te amar,
ó mar.
08/10/2009 Gustavo Bastos
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NOVAS VIDAS QUE RESTARAM
E o Homem encantou-se com o seu próprio poder.
Qual será a próxima colheita?
Qual será a próxima guerra?
Eu avistei uma montanha no fim
de um círculo de fogo,
e a noite era sem véu e sem névoa,
era uma noite nua e cálida.
Há muito tempo a rosa desmembrou-se
no fulgor de um assassino,
e a quimera brutal
trouxe meu desejo em forma fetal,
no dia em que aves pousaram cegas
sob os incêndios deste poema que vos dou.
É a memória, agora, que faz seu luto e sua canção.
Mas não é a solidão que me queima,
é o povaréu numa sedução de equimoses
em doses levitadas de vinho e luta.
Sempre toda a vida será o pó,
e o pó será o que findar na morte,
pois a morte é nada,
e a vida é o que nos resta.
21/09/2009 Gustavo Bastos
Qual será a próxima colheita?
Qual será a próxima guerra?
Eu avistei uma montanha no fim
de um círculo de fogo,
e a noite era sem véu e sem névoa,
era uma noite nua e cálida.
Há muito tempo a rosa desmembrou-se
no fulgor de um assassino,
e a quimera brutal
trouxe meu desejo em forma fetal,
no dia em que aves pousaram cegas
sob os incêndios deste poema que vos dou.
É a memória, agora, que faz seu luto e sua canção.
Mas não é a solidão que me queima,
é o povaréu numa sedução de equimoses
em doses levitadas de vinho e luta.
Sempre toda a vida será o pó,
e o pó será o que findar na morte,
pois a morte é nada,
e a vida é o que nos resta.
21/09/2009 Gustavo Bastos
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TEMPO DA MIRAGEM
Tem um tempo para pensar,
e outro para correr.
Tem um tempo que eu não posso mais ter,
aquele tempo largo
de quando se é criança,
hoje o tempo é curto,
hoje o tempo é menos.
Acertar os passos com o relógio,
acertar os passos gregorianos,
duvidar do tempo que resta
e do tempo que foi,
afirmando somente o tempo que é,
eterno presente determinando
o seu passar de passo passando,
não desistindo de seu inexorável
trabalho de viver
Eu sei do que eu preciso,
um tempo eterno,
um sempiterno,
um círculo,
e uma miragem.
16/09/2009 Gustavo Bastos
e outro para correr.
Tem um tempo que eu não posso mais ter,
aquele tempo largo
de quando se é criança,
hoje o tempo é curto,
hoje o tempo é menos.
Acertar os passos com o relógio,
acertar os passos gregorianos,
duvidar do tempo que resta
e do tempo que foi,
afirmando somente o tempo que é,
eterno presente determinando
o seu passar de passo passando,
não desistindo de seu inexorável
trabalho de viver
Eu sei do que eu preciso,
um tempo eterno,
um sempiterno,
um círculo,
e uma miragem.
16/09/2009 Gustavo Bastos
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FUNDAMENTOS DA BELEZA
Por onde vais? Por onde ficas?
Eu tenho o trovão nos olhos quando vejo
a vida na sua exuberância monumental.
Eu espero certa cadência
e me ponho a escrever
nos meus espasmos filosofais
em forma de poesia.
E quanto eu guardo
por não escrever!
Ah! Vai noite gelada!
Esqueço da penumbra em que me enfiei
e lembro de estar vivo,
mais vivo que o sol
que nos ilumina.
Dizem: o pensamento é privilégio
dos homens,
os outros seres vivem organicamente.
Mas é a natureza
que nos dá saúde,
e é dela a ordem do cosmos.
Nós, homens, somos o ápice do existir,
já que o pensar nos é facultado.
Por onde vou? Por onde fico?
A vida é a beleza de toda saudade,
e a saudade é a beleza de chorar,
e a beleza de toda canção
é por fim sorrir.
21/08/2009 Gustavo Bastos
Eu tenho o trovão nos olhos quando vejo
a vida na sua exuberância monumental.
Eu espero certa cadência
e me ponho a escrever
nos meus espasmos filosofais
em forma de poesia.
E quanto eu guardo
por não escrever!
Ah! Vai noite gelada!
Esqueço da penumbra em que me enfiei
e lembro de estar vivo,
mais vivo que o sol
que nos ilumina.
Dizem: o pensamento é privilégio
dos homens,
os outros seres vivem organicamente.
Mas é a natureza
que nos dá saúde,
e é dela a ordem do cosmos.
Nós, homens, somos o ápice do existir,
já que o pensar nos é facultado.
Por onde vou? Por onde fico?
A vida é a beleza de toda saudade,
e a saudade é a beleza de chorar,
e a beleza de toda canção
é por fim sorrir.
21/08/2009 Gustavo Bastos
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VIDA DOURADA
Eu estava nu frente às pessoas,
e assim me detive
por alguns instantes.
Passei por ti, ó mulher,
de tuas ancas eu guardo na memória
as curvas.
Eu caminhei nu e não tive vergonha,
o despudorado canhão atirou
no meu peito,
eu fugia para as estrelas,
e ninguém me queria perto.
Talvez, estando como uma criança,
eu pudesse retornar ao feto,
ou esquecer a velhice,
ou roubar frutas do vizinho.
Ah, mas quanta bobagem eu quis elencar!
E a vida continua, e a vida passa ...
como eu e como a chuva,
como o sol e a lua,
e a onda que me afoga
e a dança e a música.
Ah, quanta beleza eu quero para mim!
Só em ti, ó mulher,
terei no meu enlevo
a tua face perfeita.
21/08/2009 Gustavo Bastos
e assim me detive
por alguns instantes.
Passei por ti, ó mulher,
de tuas ancas eu guardo na memória
as curvas.
Eu caminhei nu e não tive vergonha,
o despudorado canhão atirou
no meu peito,
eu fugia para as estrelas,
e ninguém me queria perto.
Talvez, estando como uma criança,
eu pudesse retornar ao feto,
ou esquecer a velhice,
ou roubar frutas do vizinho.
Ah, mas quanta bobagem eu quis elencar!
E a vida continua, e a vida passa ...
como eu e como a chuva,
como o sol e a lua,
e a onda que me afoga
e a dança e a música.
Ah, quanta beleza eu quero para mim!
Só em ti, ó mulher,
terei no meu enlevo
a tua face perfeita.
21/08/2009 Gustavo Bastos
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