Sobre o cadafalso um grito na chuva.
Sofre o ímã dos ventos com ar de lufada,
nasce doído o tão casto calor da lua,
e nada existe na rua encharcada.
Vai-te ao sino dos sinais misteriosos,
luta em teu contorno de flama,
vai e subjuga o temor dos lamuriosos,
fazer da carne o mais bruto drama.
Joga o susto na paz demudada,
e livra o povo da adaga do sol,
pois de luta o fraco faz nada,
e o porto descansa com a paz do anzol.
Gerações idiotas, um poema aviltante!
Quem sabe a luta pela flor vingada
seja o tempo em seu falso instante,
e da flor não fique nada.
27/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
O AR DA ESPADA
Pórtico, da dor enlutada às sombras,
faz cadáver teu palco de outrora.
Rutila e ferve como nau hispânica,
flor do poema que é forma e surra,
viajor da montanha d`além-mar,
criaste o teu sonho com notívaga paixão,
fundaste teus acordes como limo e sol
na onda espiralada das vagas de linho,
qual sede nunca saciada tu ferves,
já na sede saciada tu tens fome,
e joga ao mar tua esmeralda,
sofre como poema em vasta campanha,
sofre sob o jugo da impiedade,
blasonam infiéis teus inimigos,
as barricadas planam sob o teu sol,
os odores sobem sobre as litanias,
o provérbio abismal afunda o pranto,
leve-o daqui, o mais fundo umbral,
o elemento gasoso dos medos,
o espinho no dorso do sonho,
o cadáver insepulto das cãs.
Lembra a tua História, monsenhor
das alegrias botânicas,
servo da espada com rica murada,
faz de teu olho a canção da visão,
e faz poema para a praia,
elegia para o mar,
e sopros de vida
para a lua.
27/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
faz cadáver teu palco de outrora.
Rutila e ferve como nau hispânica,
flor do poema que é forma e surra,
viajor da montanha d`além-mar,
criaste o teu sonho com notívaga paixão,
fundaste teus acordes como limo e sol
na onda espiralada das vagas de linho,
qual sede nunca saciada tu ferves,
já na sede saciada tu tens fome,
e joga ao mar tua esmeralda,
sofre como poema em vasta campanha,
sofre sob o jugo da impiedade,
blasonam infiéis teus inimigos,
as barricadas planam sob o teu sol,
os odores sobem sobre as litanias,
o provérbio abismal afunda o pranto,
leve-o daqui, o mais fundo umbral,
o elemento gasoso dos medos,
o espinho no dorso do sonho,
o cadáver insepulto das cãs.
Lembra a tua História, monsenhor
das alegrias botânicas,
servo da espada com rica murada,
faz de teu olho a canção da visão,
e faz poema para a praia,
elegia para o mar,
e sopros de vida
para a lua.
27/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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Poesia
TARDE DOS OLHOS
[soneto decassílabo heroico]
De quem é o lindo verso de outra luz?
As frases brotam como dias fugazes
e eu venho mais impuro ao que compus.
Não sei se são olhos que vi nas vãs tardes.
De quem é a luz da vida com verdades?
Não sei se vou ficar na arte da cruz,
ou lembrar tudo que rima e reluz,
pois da arte sou poesia de sóis vorazes.
Na flor que seduz, vou na sombra lúcida
encontrar o meu amor com verso em túnica
nas vidas que se foram tão velozes.
Contratempo na azul canção que voa!
Eu mesmo em delirante sol de loa,
atrás do mundo cão que são frias vozes.
27/02/2013 Sonetos da Eternidade
(Gustavo Bastos)
De quem é o lindo verso de outra luz?
As frases brotam como dias fugazes
e eu venho mais impuro ao que compus.
Não sei se são olhos que vi nas vãs tardes.
De quem é a luz da vida com verdades?
Não sei se vou ficar na arte da cruz,
ou lembrar tudo que rima e reluz,
pois da arte sou poesia de sóis vorazes.
Na flor que seduz, vou na sombra lúcida
encontrar o meu amor com verso em túnica
nas vidas que se foram tão velozes.
Contratempo na azul canção que voa!
Eu mesmo em delirante sol de loa,
atrás do mundo cão que são frias vozes.
27/02/2013 Sonetos da Eternidade
(Gustavo Bastos)
LÓTUS AO LUAR
[soneto decassílabo heroico]
Eu tenho a fonte viva em mim de Lótus,
que filosofa ao tempo longânimo
do passar lento que vibra com ânimo,
e faz das dores poemas tão teimosos.
Vai meu corpo tão doce viver lânguido
por tua flor e semente dos cais mortos,
luto profundo e calmo que nem ópios,
nascer tédio e cinzel da alma do pânico.
Não existe verso pródigo e feliz,
tão certo como não sou a cicatriz,
fico mudo e saio no poema a cantar.
Do Lótus ao nirvana, sou forma e vento
do mais capaz sonhar em que enveneno,
pois do ar tiro meu livro como o luar.
27/02/2013 Sonetos da Eternidade
(Gustavo Bastos)
Eu tenho a fonte viva em mim de Lótus,
que filosofa ao tempo longânimo
do passar lento que vibra com ânimo,
e faz das dores poemas tão teimosos.
Vai meu corpo tão doce viver lânguido
por tua flor e semente dos cais mortos,
luto profundo e calmo que nem ópios,
nascer tédio e cinzel da alma do pânico.
Não existe verso pródigo e feliz,
tão certo como não sou a cicatriz,
fico mudo e saio no poema a cantar.
Do Lótus ao nirvana, sou forma e vento
do mais capaz sonhar em que enveneno,
pois do ar tiro meu livro como o luar.
27/02/2013 Sonetos da Eternidade
(Gustavo Bastos)
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
PINTURA DE CRÂNIOS (LUTO MARGINAL)
Um bando de gângsters assomou no vento de minhas meditações, corriam feito loucos na paixão acusatória de suas loucas paixões. Eu li o recital de minha máquina com tédio apaixonado, uma besta pintava os meus quadros enquanto eu lia Buda em sinfonia com o nirvana. Das adagas rumoreja filosofia como espada, desinteria como fome, e luta como morte. Nas águas do Jordão revive a penumbra com ósculo de séculos fugidios, notável sombra media a minha carne com temor e discórdia, eu não sabia chinês e nem no Tibete nunca estive, a calenda grega fundou seu enorme centro de besteiras, histerias de propagandas vendiam estrume de porco com alfazema e luto marginal, não sei bem quando aconteceu o luto marginal, fiz de minha poesia luto marginal, fiz de minha filosofia luto marginal.
Vejo o lúdico jogo das manadas estupefatas de sonho rítmico, minha rima serviria aos campos de mel e açudes seriam descobertos com láudano e mandrágoras, o sofisma de todo narcótico resolveria todas as indagações da filosofia, e dormiríamos no sonho de Brahma como boêmios notívagos morcegos de tratados sobre telepatia e psicodramas, nada de Hegel e suas enormidades, tudo resolvido com uma simples dose de sonho, não haveria síntese, seríamos a síntese, como rito passageiro leriam a minha mão e me falariam de mulheres, e eu perguntaria qual.
Vândalos da História, mataram o arroubo em dia de graças, foi um festeiro que me apresentou a lufada Rimbaud, perto dele tudo é ruína, quem mais louco que ele? Nas verdades simbólicas fundamentou a fuga, a fuga que todos querem, um martírio na África de meus amores, nada serviria tão bem como um belo trago de veneno e nada mais, um sono bem bêbado, na praia.
Vou lhes dizer o que a filosofia me ensina:
tempo estéril, como verte o sonho da razão,
não há mistério, a ética tudo acalentou
em ditames de sabedoria feliz,
Aristóteles infeliz, o ser enquanto ser
Metafísica?
Não, a morte serena, Sócrates.
Apologetas como Platão
são bem melhores que os evangelistas.
Nada sei de tudo amar, e por sofia amo
o que não tenho.
Pois do vento e do abismo,
Cérbero descansa em Hades
atrás de sua picanha.
Tirésias vê o próprio olho cego,
Homero cego,
minha cicatriz de olho cego.
Não viverei mais em tanto olor,
o tambor dos totens vingarão
o poema zunindo em tuas entranhas.
Logo estarei em paz com o vindouro passado
amado que nem onda de cristal.
Levitar é o tempo sólido como voo,
e de se dançar pelo fogo, fogo tornou-se.
Moliére me encara e me pergunta pela comédia que não fiz, ela atrasou por bobagem, precisava ganhar ninharias pelas pessoas que vivem suas almas também como ninharias, a filosofia da ninharia tudo tomou, o jogo está ganho, eles amam a derrota, esta é a vitória dos idiotas!
campo seco em todo seco drama
mas tem um pouco de alcool em meu sangue
fico atônito como lua cheia
nada mais na maré cheia
nada mais azul como azul
pois da plenitude eu vejo
êxtase
carne corpo que cega geme
luto marginal
profundo
moribundo
tantra é verso como ama
da rima se espanta
levita
medita
grita
assassina
vai com alucinação de torpores
falos falsos falsos amores
amar verbo sonho palco verdade
gera o tempo tempo corre a máquina
luto marginal
mito canibal
rege o fúnebre
passa como cometa na dor da vendeta
passo soluço de choro do rebento
vai e vai nasce e morre
plêiade é lugar do mito
Zeus é uma Plêiade,
lá mora Rilke, lá vive Lorca,
Florbela me ensina a amar,
espanca o meu cérebro,
mata tudo que é incerto,
eu tenho prazer no gozo
orgasmo orgia puta marafona sinergia
rito primevo:
sonho alto
paramento de luxo
esqueça os que vivem a ninharia
não há ninharia na poesia
o lamento da ninharia é que
poesia não é ninharia
então eles gritam e te prendem
vendem teu sonho como bosta
e cagam mole de medo
A aventura do rock me toma: descobri Nirvana e o grunge, eu moleque doido ficando com o cabelo longo para ver melhor o vil metal, pura anarquia, god save the queen, rebeldia, benzina! Ao lado um pé de maconha para revisitar eras de aeons remotos, noutras fugas meditei, palco resistente, a flor da semente brotava como livro e amor.
Veja: as almas sorriem para ti, estás morto, teu inferno é mais miserável que a realidade física inteira, morde teu carrasco, morde a tua coronha e morra de maldição milenar!
Para rouxinóis lhes dou o ópio:
cada amor é um tambor,
também ama quem vive de drama,
cada langor é um terror,
no tédio da hora difusa se clama.
Lembrei dos sabores do vento,
vestia esmeralda com mel,
doce é teu amargo tão lento,
veria a estrada como o céu.
Não vi mais azul que tua memória,
geme e grita o livre liberto,
não sei mais a flor de tua história,
desce água benta em frio deserto.
As lâmpadas de minha ideia
são lumes de saudade,
vejo em coração a funda miséria,
como lástima a maior verdade.
Senhores, pois juro que é verdade, os apátridas procuravam seus saberes atrás dos papiros de recônditos inexplicáveis, a dor dor dor se manava semeava avisava vais morrer avisava vais morrer, não eu o outro, podem me bater que não digo o monte mais montanhoso de todos que vi na luz do mar, oceano és teu nome, nem Zeus teria tão brava ousadia, os bardos sonham em tons alvissareiros, toda a tropa de choque lutava com a faca do temor, e viram que não há temor de morte quando se é forte.
25/02/2013 Libertação
(Gustavo Bastos)
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domingo, 24 de fevereiro de 2013
VIDA TORTUOSA
Por sinal um belo verso:
como andar sóbrio,
seu andar pelo que vejo,
a torto e a direito,
mais torto,
endireitando-se
aos poucos,
de pouco em pouco
menos torto,
mais e mais direito,
esquerdo só na hora
do verso,
direito mais que direito
para poder agir,
e num entortar-se de si,
passar reto
numa linha
torta.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
como andar sóbrio,
seu andar pelo que vejo,
a torto e a direito,
mais torto,
endireitando-se
aos poucos,
de pouco em pouco
menos torto,
mais e mais direito,
esquerdo só na hora
do verso,
direito mais que direito
para poder agir,
e num entortar-se de si,
passar reto
numa linha
torta.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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VIVENDO
Noturno luar com meus pesares.
Abro o livro da vida
com náusea e paixão,
cada dia vivido
mais e mais
vai vivendo,
por cada momento
um presente,
em cada pensar
um futuro,
em todo o passado
o inexorável,
fundo tempo,
não há paralelos,
rico universo,
não há outro que vejo,
do meu ver eu sei o que é,
do que imagino
só imagino,
pois da certeza de estar vivo
a ilusão se cala,
e a alma, tão calada,
passa pela terra,
passa e vai passando,
como corpo que só é.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
Abro o livro da vida
com náusea e paixão,
cada dia vivido
mais e mais
vai vivendo,
por cada momento
um presente,
em cada pensar
um futuro,
em todo o passado
o inexorável,
fundo tempo,
não há paralelos,
rico universo,
não há outro que vejo,
do meu ver eu sei o que é,
do que imagino
só imagino,
pois da certeza de estar vivo
a ilusão se cala,
e a alma, tão calada,
passa pela terra,
passa e vai passando,
como corpo que só é.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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FEROZ
Foges de tua tumba, vasto drama,
com a mão extática faz o relento,
susto maior da violeta,
vasta canção do mar que lamenta.
Faz-te, no cibório, intumescer
o reino das espadas,
luas sincopadas de prazer,
mulheres nuas num catálogo
de luxo.
Mortal a dança nas sacadas,
sótãos se escondem
em fundas amuradas,
noites vagas,
o esgar da garganta
cai da maçada
em terror de furor.
Os mares são saudosos
de seus algozes,
na lama dos industriais
corre o sangue do labor
como dever cívico
de se dar ao faminto,
a fome da fábrica
de paramentos
cospe fogo e fúria
nas mazelas da economia,
um patife desbunda
na arte vendida.
Leva em cada rito de vício,
um bom esquema de riquezas,
mais que o Faraó
na vil vileza,
o odor da mansão
é de perfume de marafonas,
veste o terno maldito,
corrompe os ímpios
na impiedade
dos ascos
mais terríveis.
Lama e fogo na paz lavrada,
fundo musical de câmara
no extinto fulgor
de poetas,
sombras purulentas
vão e dançam
no limo e na sarça
como fantasmas
de um Lúcifer
em mistérios gozosos.
O poema virulento
se encampa
na guerra da paz,
e mata o mártir
das odes marginais.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
com a mão extática faz o relento,
susto maior da violeta,
vasta canção do mar que lamenta.
Faz-te, no cibório, intumescer
o reino das espadas,
luas sincopadas de prazer,
mulheres nuas num catálogo
de luxo.
Mortal a dança nas sacadas,
sótãos se escondem
em fundas amuradas,
noites vagas,
o esgar da garganta
cai da maçada
em terror de furor.
Os mares são saudosos
de seus algozes,
na lama dos industriais
corre o sangue do labor
como dever cívico
de se dar ao faminto,
a fome da fábrica
de paramentos
cospe fogo e fúria
nas mazelas da economia,
um patife desbunda
na arte vendida.
Leva em cada rito de vício,
um bom esquema de riquezas,
mais que o Faraó
na vil vileza,
o odor da mansão
é de perfume de marafonas,
veste o terno maldito,
corrompe os ímpios
na impiedade
dos ascos
mais terríveis.
Lama e fogo na paz lavrada,
fundo musical de câmara
no extinto fulgor
de poetas,
sombras purulentas
vão e dançam
no limo e na sarça
como fantasmas
de um Lúcifer
em mistérios gozosos.
O poema virulento
se encampa
na guerra da paz,
e mata o mártir
das odes marginais.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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ARCANOS
Arquiteto do tempo da arca,
fogem aos arcanos do tempo ido.
Moenda dos afazeres,
viga do istmo como vendaval.
Pós-mortem cada verso no lixo,
recaindo em fuga ao sétimo ato,
fecha o ósculo da nau fortuita,
com asco abre o futuro.
Dança o leme no caos do vento,
santelmo atinge o êxtase,
rumoreja a fada das almas,
serpenteia os litros da água
no rio castanho de lágrimas.
Afugenta o homicídio
na cimitarra apaixonada
pelo peito profundo,
regurgita o sonho intimorato
das paixões de névoa
com o rito de estertores
na linha da vida
que escapa ao pensamento.
Arquiteto do tempo do nada,
arcanos templários
fogem nus
no enigma
do oceano.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
fogem aos arcanos do tempo ido.
Moenda dos afazeres,
viga do istmo como vendaval.
Pós-mortem cada verso no lixo,
recaindo em fuga ao sétimo ato,
fecha o ósculo da nau fortuita,
com asco abre o futuro.
Dança o leme no caos do vento,
santelmo atinge o êxtase,
rumoreja a fada das almas,
serpenteia os litros da água
no rio castanho de lágrimas.
Afugenta o homicídio
na cimitarra apaixonada
pelo peito profundo,
regurgita o sonho intimorato
das paixões de névoa
com o rito de estertores
na linha da vida
que escapa ao pensamento.
Arquiteto do tempo do nada,
arcanos templários
fogem nus
no enigma
do oceano.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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PÓRTICO DO SOL
A lembrar da chama amarela,
sol enfurece o fúlvio flamar,
decorre de sua instância
o lembrete do fogo.
Confabula a última estrela,
feroz o sol esquenta,
rutila a febre como semadura brava,
na dor ela lavra a tessitura da palavra.
Com ardil a arder da pena,
concentra no pavio da explosão,
regurgita fogo de canhão.
A fundar a chama vermelha:
sois sóis em lençóis de faróis,
vós teríeis chamado a chama
com labor de séculos
em farelos de castelos
como se ergue na poesia
um sol no pórtico
regendo as esferas.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
sol enfurece o fúlvio flamar,
decorre de sua instância
o lembrete do fogo.
Confabula a última estrela,
feroz o sol esquenta,
rutila a febre como semadura brava,
na dor ela lavra a tessitura da palavra.
Com ardil a arder da pena,
concentra no pavio da explosão,
regurgita fogo de canhão.
A fundar a chama vermelha:
sois sóis em lençóis de faróis,
vós teríeis chamado a chama
com labor de séculos
em farelos de castelos
como se ergue na poesia
um sol no pórtico
regendo as esferas.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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TEMPO MEDIDO
Mede o tempo o cárcere,
cálculo do tempo em langor.
Fade away, o tempo corre
e dança, a esperança
ele canta.
Vai o notório saber,
encastelar academias,
fundar proposições,
ler as antologias.
Mede o tempo a flor maestra,
come e bebe o farto desenlace,
flor-tragédia do drama nascituro,
nasce e morre a inteligência,
ventre cospe o indigente,
dor pungente morde e leva
a fome e a sede
de tudo possuir
sem nada compreender.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
cálculo do tempo em langor.
Fade away, o tempo corre
e dança, a esperança
ele canta.
Vai o notório saber,
encastelar academias,
fundar proposições,
ler as antologias.
Mede o tempo a flor maestra,
come e bebe o farto desenlace,
flor-tragédia do drama nascituro,
nasce e morre a inteligência,
ventre cospe o indigente,
dor pungente morde e leva
a fome e a sede
de tudo possuir
sem nada compreender.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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UROBOROS
Hidra, monte-cabeça
cortada, de novo nascida.
Faz do mal o encanto e terror.
Da luz mortiça, frio e abismo.
Quantas cabeças cortadas?
Hercúlea incógnita,
Sísifo e Prometeu,
eterno retorno,
cai e volta,
volta e vai.
Hidra, em luta és infinita,
nem a guilhotina
lhe tem em cárcere,
nem o ápice se faz grelha,
nem o fogo o mal vindouro.
Quebra-cabeça:
descobre-te a ti mesmo
conceito circular,
da indagação
a dor tumular,
da filosofia
uma pergunta
a especular.
Via-Láctea, deuses antropomorfos
morrem, o antropocentrismo
aviltado vira poeira de estrela,
somos luta ardente em caos infinito.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
cortada, de novo nascida.
Faz do mal o encanto e terror.
Da luz mortiça, frio e abismo.
Quantas cabeças cortadas?
Hercúlea incógnita,
Sísifo e Prometeu,
eterno retorno,
cai e volta,
volta e vai.
Hidra, em luta és infinita,
nem a guilhotina
lhe tem em cárcere,
nem o ápice se faz grelha,
nem o fogo o mal vindouro.
Quebra-cabeça:
descobre-te a ti mesmo
conceito circular,
da indagação
a dor tumular,
da filosofia
uma pergunta
a especular.
Via-Láctea, deuses antropomorfos
morrem, o antropocentrismo
aviltado vira poeira de estrela,
somos luta ardente em caos infinito.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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MAR DA FILOSOFIA
Adubo da terra plantada,
vem do asco a flor da manhã,
qual lugar ermo da filosofia.
A carne excreta o limo,
o sol esquenta o tambor,
o ritual lembra a flor.
Deste ócio o temporal,
verso esquivo de correção penumbral,
marca ardida da pele queimada,
voz modulada com esterco e cal.
Terra movediça, flor enfermiça.
Vaga pelo ninho do mar astuto,
onda, espiral, karma.
Mente viajora és tu pletora de câncer,
terra vem do mar e ao mar desterra,
sobra a praia na visão narcotizada,
mesma areia do poema em luto.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
vem do asco a flor da manhã,
qual lugar ermo da filosofia.
A carne excreta o limo,
o sol esquenta o tambor,
o ritual lembra a flor.
Deste ócio o temporal,
verso esquivo de correção penumbral,
marca ardida da pele queimada,
voz modulada com esterco e cal.
Terra movediça, flor enfermiça.
Vaga pelo ninho do mar astuto,
onda, espiral, karma.
Mente viajora és tu pletora de câncer,
terra vem do mar e ao mar desterra,
sobra a praia na visão narcotizada,
mesma areia do poema em luto.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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MOSCA ONISCIENTE
A mosca entrou no meu pensamento.
Ela tenta lê-lo,
mas o pensamento é meu.
Ela voa por todos os lados
do meu cérebro,
mas não encontra
quem sou eu.
A mosca então desiste
e caga no meu poema.
Eu a mato e do meu espanto
o poema se limpa
do falso encanto.
A mosca astuta morreu
de querer saber,
e só eu sei o que não sei
de minhas indagações.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
Ela tenta lê-lo,
mas o pensamento é meu.
Ela voa por todos os lados
do meu cérebro,
mas não encontra
quem sou eu.
A mosca então desiste
e caga no meu poema.
Eu a mato e do meu espanto
o poema se limpa
do falso encanto.
A mosca astuta morreu
de querer saber,
e só eu sei o que não sei
de minhas indagações.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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LOUVAÇÃO DO EGO
Evoé meu rei! Paixão laudatória!
Ele quer mostrar seus emblemas,
fúria radical que
cai em solstícios,
vaga nuvem,
plêiade egotista,
pedra ametista,
luta pelo símbolo,
cava no inferno
o pórtico de suas águas
derramadas.
Cada menção é uma glória,
cada verso fere a empáfia,
cada soluço é um clarão.
Enumera todas as insígnias:
fogo-fátuo,
desce ao chão
com frio
de frêmitos
como na canção
de exílio
dos velhos âmagos
que têm pavor
do pobre ritual
de se apoucar.
Estoura como pistola,
e mata o tempo
com a vanglória.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
Ele quer mostrar seus emblemas,
fúria radical que
cai em solstícios,
vaga nuvem,
plêiade egotista,
pedra ametista,
luta pelo símbolo,
cava no inferno
o pórtico de suas águas
derramadas.
Cada menção é uma glória,
cada verso fere a empáfia,
cada soluço é um clarão.
Enumera todas as insígnias:
fogo-fátuo,
desce ao chão
com frio
de frêmitos
como na canção
de exílio
dos velhos âmagos
que têm pavor
do pobre ritual
de se apoucar.
Estoura como pistola,
e mata o tempo
com a vanglória.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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PAIXÃO AMACIADA
Quem, na primeira hora,
se foi como um grito de silêncio?
Vão as lutas, os ventos as levam.
Vão as vidas, incertas e certeiras.
Como no ápice da razão:
o método tinha a sua escansão,
fazer dos números organizados
uma ciência da paixão.
Como nos lírios da loucura:
o delírio sonda o inacessível,
paradoxo da lentidão,
a loucura é vasta
como a paixão.
Ciência do todo, enuncia:
Lá tem o cosmo, aqui a física,
cosmogonia é o idílio do poeta,
morre sem ter nada em mãos,
como pássaro na dor da vida,
o poeta sustenta seus livros,
eles voam pelo vento,
papéis anacrônicos
de jovem flâneur,
versos idiotas
de plúmbeas rimas.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
se foi como um grito de silêncio?
Vão as lutas, os ventos as levam.
Vão as vidas, incertas e certeiras.
Como no ápice da razão:
o método tinha a sua escansão,
fazer dos números organizados
uma ciência da paixão.
Como nos lírios da loucura:
o delírio sonda o inacessível,
paradoxo da lentidão,
a loucura é vasta
como a paixão.
Ciência do todo, enuncia:
Lá tem o cosmo, aqui a física,
cosmogonia é o idílio do poeta,
morre sem ter nada em mãos,
como pássaro na dor da vida,
o poeta sustenta seus livros,
eles voam pelo vento,
papéis anacrônicos
de jovem flâneur,
versos idiotas
de plúmbeas rimas.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
Marcadores:
Poesia
FESTA INACABADA
Ali, no fim da escada,
morta estava a festa.
Ficou a latinha de coca-cola
depois da garrafa de cerveja.
Um pouco sobrou dos camarões fritos,
frios tinha aos montes.
Eu, esfomeado de poemas,
fui dormir na cozinha
com os pratos para lavar,
não tinha garfos limpos,
nenhum.
A água tinha acabado,
eu acordei com sede
e pedi o galão ao telefone.
Não tinha mais festa,
o quarto estava um caos,
meus amigos foram embora
bêbados,
eu acordei do sonho
quando vi as facas
cheias de manteiga,
e na escada tinha
um sutiã,
não sei de quem era,
e nem lembrava
se a tinha beijado.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
morta estava a festa.
Ficou a latinha de coca-cola
depois da garrafa de cerveja.
Um pouco sobrou dos camarões fritos,
frios tinha aos montes.
Eu, esfomeado de poemas,
fui dormir na cozinha
com os pratos para lavar,
não tinha garfos limpos,
nenhum.
A água tinha acabado,
eu acordei com sede
e pedi o galão ao telefone.
Não tinha mais festa,
o quarto estava um caos,
meus amigos foram embora
bêbados,
eu acordei do sonho
quando vi as facas
cheias de manteiga,
e na escada tinha
um sutiã,
não sei de quem era,
e nem lembrava
se a tinha beijado.
24/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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