PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quarta-feira, 8 de junho de 2022

O ANTISSEMITISMO E O HOLOCAUSTO NAZISTA - PARTE 2

judeus foram encaminhados para os campos de extermínio para serem assassinados”

Quanto aos fuzilamentos em massa cometidos no período nazista temos os que ocorreram nos campos de extermínio em áreas ocupadas na Europa Oriental. Existiam campos localizados juntos a grandes cidades, incluindo o Forte IX em Kovno (Kaunas), as Florestas Rumbula e Bikernieki em Riga, na Letônia, e Maly Trostenets, perto de Minsk, na Bielorússia. Nestes campos foram assassinados dezenas de milhares de judeus dos guetos de Kovno, Riga e Minsk.

Nos fuzilamentos em massa feitos na Europa Oriental, por sua vez, se incluíam como executores os Einsatzgruppen, que eram as forças especiais das SS e da polícia, ainda tínhamos os batalhões da Polícia da Ordem e as unidades das Waffen-SS. A Wehrmacht (Exército Alemão) fornecia mão de obra e logística para tais execuções, e a própria Wehrmacht efetuava massacres. Os fuzilamentos também tinham a participação de unidades locais. Um total de 2 milhões de judeus foram assassinados nos caminhões de gás e por fuzilamento em massa em territórios tomados da União Soviética.

Os campos de extermínio fixos começaram a surgir em 1941. O que ocorreu na Polônia, ocupada pelos alemães, em que surgiram cinco campos de extermínio, que eram Auschwitz-Birkenau, Treblinka, Chelmno, Belzec e Sobibor. A morte em massa na forma de uma escala macabra então se inicia. O gás venenoso liberado em câmaras se tornou o método de extermínio nestes campos, também incluindo caminhões de gás. Tais ações de extermínio, contudo, eram disfarçadas como ações de reassentamento ou transportes de evacuação.

Os judeus que chegavam aos campos de extermínio vinham de toda a Europa por vias férreas. A maioria era assassinada quando chegava aos campos de extermínio. Os judeus considerados saudáveis iam para o trabalho escravo. Os judeus assassinados nestes campos de extermínio, por sua vez, eram objeto de enterros em massa, queimados em piras ou em crematórios. Cerca de 2,7 milhões de judeus foram assassinados nestes campos de extermínio.

Os guetos, por sua vez, foram organizados em áreas de cidades ou aldeias em locais dominados pelos alemães em que judeus forma lotados em condições insalubres e com excesso de gente. Eram erguidas muralhas e barreiras para isolar estes guetos. Tais guetos começaram a surgir na Polônia entre 1939 e 1940. Os maiores guetos foram os de Lodz e o de Varsóvia. Os guetos, logo depois, se espalharam por outras partes da Europa.

Os guetos foram projetados para isolar os judeus. O trabalho escravo se tornou uma prática dominante em tais guetos. Devido à insalubridade e miséria em tais guetos, eram comuns mortes por fome, doenças contagiosas, hipotermia, além de exaustão pelo trabalho escravo. Os judeus dos guetos também eram assassinados por espancamentos brutais, fuzilamentos, torturas e outras formas de assassinatos.

Nos guetos, apesar das condições adversas impostas pelos alemães, havia tentativas de se organizar comunidades, o que poderia incluir escolas, bibliotecas, instituições religiosas, serviços sociais comunitários, tudo dentro de limites extremos e condições precárias, e ainda tivemos movimentos de resistência destes guetos, sendo o mais conhecido a “Revolta do Gueto de Varsóvia”, em 1943.

Houve uma inflexão entre 1941 e 1942, quando os alemães e seus aliados assassinaram em massa populações destes guetos, dissolvendo suas estruturas administrativas. Isto já fazia parte do que foi chamado processo de liquidação, o que incluía um plano maior, que viria a ser a “Solução Final da Questão Judaica”.  Estes judeus foram encaminhados para os campos de extermínio para serem assassinados.

Dos responsáveis pela organização da Solução Final temos Adolf Hitler no nível mais alto, que inspirou e apoiou o genocídio dos judeus na Europa. O plano em si, por sua vez, foi traçado diretamente por outros líderes nazistas como Hermann Göring, Heinrich Himmler, Reinhard Heydrich e Adolf Eichmann. Houve também a participação de milhões de alemães e outros europeus no Holocausto. Os líderes nazistas também se apoiaram em instituições e organizações alemãs, de outras potências do Eixo, além de indivíduos e na burocracia.

O nazismo se apoiou no Partido Nazista, nas SA (Stormtroopers ou Brownshirts), as SS (Schutzstaffel, o Esquadrão de Proteção). Também tiveram um desempenho ativo membros dos Sicherheitsdienst (SD), da Gestapo, da Kripo (Polícia Criminal) e da Polícia da Ordem. Outras instituições também se envolveram na Solução Final como o sistema militar alemão, os sistemas ferroviários, justiça criminal alemão, sistemas de serviço público e de saúde, bancos alemães, além de companhias de seguro e empresas alemãs.

Entre aliados e colaboradores do nazismo alemão estão as potências do Eixo, regimes colaboracionistas como a França de Vichy, casos como o da Holanda, deportando judeus, e forças policiais, civis e militares locais apoiadas pela Alemanha para massacrar judeus. Também houve diversas delações de judeus às autoridades pela população comum e aparentes “amigos”, denunciando esconderijos ou desmascarando judeus que poderiam se passar por cristãos. As motivações poderiam ser várias, incluindo interesse próprio, ganância, vingança, antissemitismo, etc. Muitos também lucraram invadindo e roubando o patrimônio de judeus, realizando saques, além de tomarem o controle de seus negócios.

Além dos judeus, outros grupos também foram perseguidos pelos nazistas, começando por opositores políticos, no início do regime, Testemunhas de Jeová, que resistiam a jurar lealdade ao governo ou servir o exército alemão. Pessoas consideradas prejudiciais à sociedade alemã também foram perseguidas, como os acusados de serem homossexuais, criminosos profissionais, vagabundos, mendigos, prostitutas, cafetões, alcoólatras, afro-alemães e pessoas com deficiências físicas ou mentais.

No começo do regime já acontecia a esterilização de pessoas consideradas com condições hereditárias insalubres. Na eclosão da guerra mundial, por sua vez, tais pessoas consideradas deficientes foram encaminhadas para serem assassinadas no chamado “Programa de Eutanásia”. Ainda foram exterminados os romani (ciganos), além dos poloneses, alguns fazendo parte das elites polonesas ou intelectuais do país. Por fim, também foram assassinados oficiais e prisioneiros soviéticos.

O fim do Holocausto se deu com a derrota da Alemanha nazista, que aconteceu oficialmente em maio de 1945. As potências Aliadas, que a esta altura incluíam Grã-Bretanha, Estados Unidos e União Soviética, obtiveram a vitória e, então, nos campos de extermínio, foram libertados prisioneiros, incluindo os que se encontravam na chamada “marcha da morte”, que eram marchas forçadas de grupos de prisioneiros evacuados dos campos de extermínio sob a guarda da SS para andarem até morrer de exaustão e frio.

Ao contrário dos delatores de esconderijos judeus, também tivemos pessoas que ajudaram e protegeram judeus perseguidos pelo nazismo. Eles forneceram abrigo, identidade nova (sobretudo cristã), alimentos e suprimentos, por exemplo. Movimentos de resistência como o do partisans foram formados por judeus sobreviventes. Por fim, tivemos os sobreviventes dos guetos e dos campos de extermínio e de concentração. Os judeus chamaram o Holocausto, genocídio cometido pelos nazistas, de Shoah, que significa “catástrofe” em hebraico.

As câmaras de gás foram uma ideia trazida do Programa de Eutanásia, que era conhecido como Aktion T4, em que eram assassinados pessoas com deficiência física ou mental. Em Belzec, o primeiro campo de extermínio que foi erguido, havia uma câmara de gás em que se usava monóxido de carbono, matando as pessoas por asfixia. Depois, em outros campos de extermínio, os nazistas passaram a usar Zyklon-B para realizar os assassinatos.

Os números de mortos foram de 1,2 milhão, aproximadamente, em Auschwitz-Birrkenau, 900 mil em Treblinka, 400 mil em Belzec, 170 mil em Sobibor, 150 mil em Chelmno e 80 mil em Majdanek. Foram também registrados testes realizados em cobaias humanas por médicos nazistas nos campos de concentração. Ao final, depois da derrota nazista, começou os Julgamentos de Nuremberg, em que os líderes nazistas foram julgados e condenados.

O chamado Tribunal Militar Internacional de Nuremberg realizou julgamentos que se estenderam durante nove meses e condenaram nazistas à morte por enforcamento, prisão perpétua ou prisão por um período de tempo. Foram condenados à morte por enforcamento Hermann Göring, chefe da Luftwaffe (força aérea) e Joachim von Ribbentrop. Dentre os condenados à prisão perpétua estavam Rudolf Hess, vice-líder do partido nazista, e Erich Raeder, comandante da Kriegsmarine (marinha alemã).

 

Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

 

Link da Século Diário : https://www.seculodiario.com.br/colunas/o-antissemitismo-e-o-holocausto-parte-2