PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

segunda-feira, 3 de julho de 2023

O FUTURO DE DEUS

Um símio foi feito de cobaia

da experiência.

Enfiaram eletrodos dentro de seu

cérebro, estímulos elétricos

eram dados, sua produção

de dopamina e serotonina

explodiu, o símio, um mico

do tamanho de um sapato,

agora viajava numa onda

prazerosa, a droga era

uma corrente elétrica

alternada, no fim, 

com a intensidade

das visões que teve,

o símio caiu duro,

um dos eletrodos

deu curto-circuito,

deste ponto, o 

pesquisador caiu

para trás e bateu

a cabeça, teve morte

encefálica,

outros símios 

gritavam e batiam

em suas grades,

uma empresa chinesa

clandestina trabalhava

com estes clones

de primatas,

uma sujeira de sangue

se espalhava com 

estudos de eugenia 

e células regenerativas,

a genética de um bicho

se misturava a de outro,

carrancas e quimeras

eram produzidas,

enquanto um vírus

de esquilo vazava

de um frasco

mal vedado.


Nota do Tradutor : 

Os futuristas diziam,

de acordo com o seu

próprio tempo,

as utopias, as distopias,

o caleidoscópio dos 

sonhos e ambições,

se o dia brilharia

ou a noite trevosa

arrebataria o mundo,

nem eram clarividentes,

cassandras delirantes,

eram seres humanos

crédulos ou céticos

a borrar o futuro

com a imaginação

de Julio Verne

ou de H.G.Wells,

de Asimov ou de

Clarke, ou de 

cosmologias

tribais, escatologias

e visões do fogo

em João.

Nada provado,

tudo uma vastidão,

a incógnita da invenção

e de suas consequências,

o inaudito, o imprevisto,

fazendo de joguete

os anseios humanos.


03/07/2023 Gustavo Bastos 


OS DONS DA LUZ

A sede da vida estimula

a ação direta, o concerto

é mais vasto que tudo,

o mundo pulsando

na batuta, na luta

que inunda a tela.


Ecos do grande dia,

em que o despertar

humano avivará

a glória e este dom

espiritual de ser

eterno.


03/07/2023 Gustavo Bastos 


VISÕES DA DANAÇÃO

Levaram-se os ossos do morto à cremação, enfim,

na nota estava sem nome, completamente indigente,

a exumação fora um fracasso, o carrasco estava

bravo e delirava com a fome que se tomava no deserto.


As brumas sobraram nos castelos, e o vale suicida,

lá nas trevas e tempestades das almas mortas,

andava um cavaleiro e seu cavalo preto, ao brilho dos 

olhos que faiscavam morte e loucura,

o carrasco via seu próprio inferno,

ele olhava que eram seus ossos

aos cães, uma matilha que tinha 

devorado a sua carne esquartejada,

de uma família que tinha se 

vingado de sua foice fatal.


O cavaleiro era o maioral do vale,

comandava setenta e sete falanges,

todas com grandes dívidas

e ainda envolvidas em tramas

satânicas e desvairadas.


Uma longa noite anunciava

uma longa viagem,

dentro de um coração 

gélido se gemia de frio

no vale indigente,

e se sentia em seu

invólucro escuro,

com gazes e furúnculos,

o queimar de seus ossos,

e os latidos dos cães

na hora de sua morte.


O carrasco enfrentava

o pesadelo de seus cadáveres,

com as cabeças de seus

massacrados gritando

o vicário pagará,

este endemoniado

do rei e da corte

nababesca.


03/07/2023 Gustavo Bastos