Um símio foi feito de cobaia
da experiência.
Enfiaram eletrodos dentro de seu
cérebro, estímulos elétricos
eram dados, sua produção
de dopamina e serotonina
explodiu, o símio, um mico
do tamanho de um sapato,
agora viajava numa onda
prazerosa, a droga era
uma corrente elétrica
alternada, no fim,
com a intensidade
das visões que teve,
o símio caiu duro,
um dos eletrodos
deu curto-circuito,
deste ponto, o
pesquisador caiu
para trás e bateu
a cabeça, teve morte
encefálica,
outros símios
gritavam e batiam
em suas grades,
uma empresa chinesa
clandestina trabalhava
com estes clones
de primatas,
uma sujeira de sangue
se espalhava com
estudos de eugenia
e células regenerativas,
a genética de um bicho
se misturava a de outro,
carrancas e quimeras
eram produzidas,
enquanto um vírus
de esquilo vazava
de um frasco
mal vedado.
Nota do Tradutor :
Os futuristas diziam,
de acordo com o seu
próprio tempo,
as utopias, as distopias,
o caleidoscópio dos
sonhos e ambições,
se o dia brilharia
ou a noite trevosa
arrebataria o mundo,
nem eram clarividentes,
cassandras delirantes,
eram seres humanos
crédulos ou céticos
a borrar o futuro
com a imaginação
de Julio Verne
ou de H.G.Wells,
de Asimov ou de
Clarke, ou de
cosmologias
tribais, escatologias
e visões do fogo
em João.
Nada provado,
tudo uma vastidão,
a incógnita da invenção
e de suas consequências,
o inaudito, o imprevisto,
fazendo de joguete
os anseios humanos.
03/07/2023 Gustavo Bastos