PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sábado, 4 de junho de 2022

O SOM E A FÚRIA : A DURA VIDA NO SUL DOS ESTADOS UNIDOS

“aqui temos uma união simbiótica de tema literário e estilo ou forma, ambos são sobre o caos” 

William Faulkner nasceu em 1897, na cidade de New Albany, Mississippi. Fez a sua estreia em ficção em 1926, com o seu romance “Soldier`s Pay”. O escritor, a partir deste ponto, passou a ter uma produção prolífica, e sua literatura partiu para o impacto que foi seu romance “O Som e a Fúria”, de 1929. Sua consagração internacional, por sua vez, veio com Palmeiras Selvagens, de 1939. Faulkner, então, em 1949, foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura. 

Durante os anos 1940 e 1950, William Faulkner, além de publicar contos, novelas e romances, passou a escrever roteiros para Hollywood, também colaborando para o Departamento de Estado na difusão da cultura americana, tendo visitado muitos países como palestrante. Faulkner veio a falecer em 1962, já como um escritor consagrado e premiado. 

William Faulkner escreveu 17 livros que se ambientavam no mítico condado de Yoknapatawpha, no sul dos Estados Unidos, e que viria a ser o lar da família Compson no romance “O Som e a Fúria”.  O condado nos parece um lugar bem real dos Estados Unidos sulista, e todos os costumes e ações estão lá bem retratados e fiéis, num período que abrange as primeiras décadas do século XX. 

William Faulkner usava a sua imaginação criadora para reproduzir modos de vida que existiam, de fato, mas com um retrato enriquecido de sua trama que nos leva aos lugares reais, mas também ao que seus romances conduzem, histórias de famílias sulistas em conflito ou diante de desafios que fazem estes romances evoluírem numa espiral de acontecimentos ásperos ou demonstrando situações em que os limites são testados, como no romance que venho retratar aqui, “O Som e a Fúria”. 

William Faulkner possui um estilo próprio de prosa, com um método quase hipnótico, de orações desconjuntadas e contínuas, o que pode desorientar o leitor que não estiver bem concentrado em sua leitura, pois William Faulkner requer uma familiaridade de leitura que só vem do hábito, pois, num primeiro momento, ler Faulkner é algo chocante do ponto de vista formal, a sua prosa é caótica e bruta. 

Uma característica que pode ser uma das virtudes da prosa de Faulkner é que ele privilegia muito todos os seus personagens, temos sempre uma boa descrição, e muitas vezes estes personagens aparecem falando as suas próprias histórias, aqui não há o método do narrador onisciente, talvez a crueza de sua prosa, portanto, venha tanto da localidade de um condado áspero e sulista fictício, como de uma demanda que ocorre das falas destes personagens que pendem de uma ignorância caipira a um desamparo essencial diante de um deserto existencial, cujo embrutecimento reflete na forma de escrita bruta e caótica de Faulkner. 

Os livros de William Faulkner são repletos de relatos de sofrimento, morte, ganância e depravação. Faulkner, ao abordar a realidade sulista norte-americana, nos proporciona um mergulho numa vida comum do início do século XX e suas perspectivas, ou melhor, a falta destas. A liberdade, aqui, se vê diante de inúmeros obstáculos, e Faulkner acaba constituindo, por outro lado, com a sua prosa endurecida, uma comédia de costumes do sul dos Estados Unidos, e foi este retrato que se tornou um marco na literatura mundial. 

A sua literatura original, por exemplo, em 1949, quando William Faulkner recebeu o Nobel, foi citado pela premiação como um escritor de “poderosa e artística contribuição para o romance moderno norte-americano”. Nos seus últimos livros, O intruso, de 1948, Requiem for a Nun, de 1951, A Fable, de 1954, que foi Prêmio Pulitzer, A cidade, de 1957, A mansão, de 1959 e Os invictos, de 1962, que também foi Prêmio Pulitzer, William Faulkner continuou explorando os conflitos do coração humano diante de cenários ásperos e duros. William Faulkner faleceu em 1962, no dia 6 de julho, de ataque cardíaco. 

No romance “O Som e a Fúria”, que aqui vou tematizar, tem este caráter de vida áspera e sem perspectiva que retratei na introdução ao universo literário de William Faulkner, a família Compson é descrita em detalhes, e inúmeros conflitos emergem de uma convivência difícil entre personagens que vivem histórias caóticas e que se entrechocam na obrigação de estarem juntos diante de desafios que colocam estes personagens todos num mesmo diapasão de embate, dor e demandas inumeráveis, e isto no cenário sulista, que envolve toda a literatura produzida por William Faulkner, aqui, o condado fictício de Yoknapatawpha. 

Os Compson e os Sartoris perderam o controle do condado para os Snopes, e Jason Compson, um dos eixos do romance, está diante da morte da mãe e da fuga de sua sobrinha, e ainda tinha um irmão já adulto, mas idiota, que acaba internado num asilo estadual. Jason se vê, por conseguinte, diante de uma situação em que tem que consumir todo o dinheiro da venda do pasto no casamento de sua irmã e no curso do irmão em Harvard. 

Seu minguado dinheiro vinha de ser empregado do comércio para aprender numa escola em Memphis a avaliar e classificar algodão, abrindo seu próprio negócio, e Jason enfrenta uma vida de sacrifícios, em que tem que cuidar de sua família, e aqui temos um cenário degradado pela dureza, com ações e costumes, muitas vezes, violentos ou dominados por uma insensibilidade desamparada. Não há prazeres para Jason, não existe uma utopia para esta família em putrefação. 

Temos episódios que vão do cômico ao odiento, dependendo do ponto de vista literário, como o fato de Jason ter sido roubado pela sobrinha que fugiu, ou do seu irmão idiota que tentou desajeitadamente agarrar uma menina sem o consentimento dela. No caso, como dito, o pasto vendido por Jason era para financiar o casamento de Candace e os estudos de Quentin em Harvard. Por sua vez, seu irmão idiota é castrado em 1913, e internado no Asilo Estadual, Jackson, em 1933.  

Diante dos personagens do romance, podemos ver situações que flertam com limites de vivência que colocam o caráter de alguns deles num pântano em que o viés utilitário e de tirar vantagens advém, sobretudo, de condições duras e desesperadas. Jason é traído pela sobrinha, e tem que lidar com uma família disfuncional, estando ele mesmo em condições profissionais pavorosas, em que a ideia de um caminho claro e coerente de ações e vida se esboroa diante das demandas inumeráveis que surgem, como ter que lidar com as contingências intermináveis, mais do que obedecendo a um plano em que tudo poderia ficar límpido para a visão de Jason que, diante dos Compson e sua confusão, não passa de uma visão turva e perturbada. 

Lidar com uma realidade embrutecida coloca o caráter de todos estes personagens num limbo em que reina um naturalismo utilitário e cruel, não há um ambiente de confiança e clareza, os conflitos se armam aqui justamente pela falta de norte e perspectivas, um mundo nebuloso e que se encontra turvado o tempo todo por tempestades de traições, brigas e indas e vindas caóticas que se refletem no estilo de prosa caótico e desorientador de William Faulkner, aqui temos uma união simbiótica de tema literário e estilo ou forma, ambos são sobre o caos. 

“O Som e a Fúria”, designando o título deste romance emblemático de William Faulkner, é isto mesmo, um cenário desolador, que tem a sua primeira parte sendo narrada por Benjy, um idiota, evocando Shakespeare, isto é, um título que evoca a citação clássica da peça teatral elisabetana Macbeth, de William Shakespeare, em que temos a frase proferida pelo protagonista, que nos diz : “A vida não passa de uma sombra que caminha, um pobre ator que se pavoneia e se aflige sobre o palco - faz isso por uma hora e, depois, não se escuta mais sua voz. É uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria e vazia de significado.” 

Link da Querido Clássico : https://www.queridoclassico.com/2021/04/o-som-e-furia-william-faulkner.html  

Gustavo Bastos, filósofo e escritor. 

Link da Século Diário : https://www.seculodiario.com.br/cultura/o-som-e-a-furia-a-dura-vida-no-sul-dos-estados-unidos 


quarta-feira, 1 de junho de 2022

FRISOS JÔNICOS

 Silente, vem do poema

certos esgares, o corpo

verbo escreve vive,

brota, flor e topázio,

da água mar e terra.


Quem disse

isto, nos 

tempos antigos,

era que do

oráculo

de Delfos,

Apolo delfim

mergulhava,


na tertúlia

ecoava

o Templo

de Ártemis,

e um fragmento

de Heráclito

era bruto

que nem 

estalactite.


01/06/2022 Gustavo Bastos 


ANEL DE PRATA

 O anel de prata

é o sorriso da vida

quando o campo

se abre e dá praia

com um sol da tarde,


venta, a passada

é rápida,

o olhar concentrado,


o mal passa,

o bem chega,


depois de tudo,

de um novo

vento solar,

o mar marulha,

o sal canta

a arraia

no anzol,


um atol,

um píer,

do anel

de prata

uma 

maresia.


01/06/2022 Gustavo Bastos 


O DESTINO DO NÉSCIO

 Zurra o burro

com seu cavalete

em riste, uma bruma

o pega desprevenido,

o burro zurra

e tenta dar coices,

é um mequetrefe

que bambeia,

aparvalhado

em seu canto

de néscio,


ele tenta

ensaiar

um poema,

em vão,

sequer 

nasce

um conto,


é dá pá virada

seu dito,

um pseudo-sábio

lhe dá um sabão,

banca o maioral,

sem massas

ou público,


o burro zurra

a sua falta

de astúcia,

e borra 

as suas botas

na lama.



01/06/2022 Gustavo Bastos 


PINTURA CREPUSCULAR

 Faz sol no parque

de seus sonhos,

parte ao rumo

e sabe depois

da lua,


pronto, o porto

abre a estação,

na goiva e no pincel

esta paisagem,


eu vi neste brio

a cor do monte

e a nuvem

trespassada

de seu 

laranja 

de sol,


o céu

estava

como 

um grande

barro 

vermelho,

de seu

fundo arrebol.


01/06/2022 Gustavo Bastos


SEVÍCIA GELADA

 Na sevícia a marcha

faz fumaça,

ventre cortado

e seco,

o caule

grita

e treme,


o corpo,

suando frio,

tem uma 

prótese

e um 

furúnculo,


na cisterna

de sua 

casa abandonada,

água suja,

um inseto

vive

com a sua 

carapaça

azulada.


É a devastação

de um 

estro

tonto,

depois 

de uma guerra

e de seu frêmito

no gelo

do fim. 


01/06/2022 Gustavo Bastos 


POEMA ESTUDADO

 O sinal da vida

imensa

reluz,


fada borboleta,

pássaro

peixe

leão

cobra


a floresta

o mar

o vinho

o céu.


Datilografado

em um papel

carmim

o título

de um

livro vermelho,


nos versos

tão estranhos,

o escritor

borbulhava

que nem 

champanhe,

um pândego.


01/06/2022 Gustavo Bastos


CHÃO RISCADO

 Risca com o lápis-lazúli

e a espada como

uma opala todo 

o corte rente

à faca 

que lhe 

tira

o prumo.


No chão, 

o giz

marca 

o símbolo

em que

o karma

morre.


O séquito

da poesia

é bem

selecionado,


pinta 

esta 

praia

azul,


esculpe

teu 

chamariz,


o poema

lhe 

dirá

o que

é.


01/06/2022 Gustavo Bastos 


CAMINHO ABERTO

 Venta em meu solo, eu leio

o livro branco, um meio tom

de cada luz se insinua,

o poema é reto, vem

de mote e chiste.


Quando a vinha eclode,

toda a não-contradição

se esboroa,

e um silogismo

de um organon

bate e volta

em seu 

estalo,



eu estava louco,

a alegria

parecia

a nau

dos insensatos.


O dia, depois de 

quebrar a regra 

de ouro 

de um

canto

indócil,

rompeu

o amargor,

por fim.


Faz de conta

que um poema

faz sentido,

pois não

se funda

em penumbra,

busca a si 

mesmo,

na palavra

iluminada.


01/06/2022 Gustavo Bastos  


terça-feira, 31 de maio de 2022

O ANTISSEMITISMO E O HOLOCAUSTO NAZISTA - PARTE 1

A partir de 1941 começa o plano que será chamado de “Solução Final da Questão Judaica””

O holocausto atingiu a população judaica da Europa durante o regime nazista e de países do Eixo, antes e durante a Segunda Guerra Mundial, e que consistiu na tentativa de eliminação dos judeus como um todo. 

Com a ascensão de Adolf Hitler como chanceler em janeiro de 1933, o regime nazista, já de imediato, excluiu os judeus da vida econômica, política, cultural e social da Alemanha. E a pressão para a retirada dos judeus da Alemanha foi aumentando cada vez mais.

Durante a década de 1930, a Alemanha nazista empreendeu uma política externa agressiva que culminou com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939. A expansão territorial da Alemanha nazista se iniciou no biênio 1938/1939. 

Este foi o período em que a Alemanha anexou a Áustria, formando o Anschluss, além da área dos Sudetos, e as terras tchecas, até que a invasão da Polônia, no dia 1 º de setembro de 1939 deu início à Segunda Guerra Mundial. 

Nos dois anos seguintes, os nazistas ocuparam partes ocidentais da União Soviética, e formou alianças com os governos da Itália, Hungria, Romênia e Bulgária. Foram criados também Estados fantoches na Eslováquia e na Croácia. 

Estes países então formaram o chamado Eixo, que ainda incluía o Japão, na Ásia. Em 1942, a Alemanha nazista já controlava a maior parte da Europa e partes do norte da África. Por sua vez, a política antissemita do regime ficava cada vez mais agressiva, gerando assassinatos em massa de judeus por toda a Europa.

A sequência de ocupações nazistas podem ser demonstradas desde quando a Alemanha derrotou e ocupou a Polônia, em setembro de 1939, passando pela ocupação da Dinamarca, em abril de 1940, da Noruega, em abril de 1940, da Bélgica, Holanda, Luxemburgo e França, em maio de 1940, e da Iugoslávia e da Grécia, em abril de 1941. 

A queda nazista recebeu o primeiro sinal ao não conseguir derrotar a Grã-Bretanha, esta que se via protegida territorialmente pelo Canal da Mancha e militarmente pela Marinha Real. 

Em 22 de junho de 1941 veio o maior erro de cálculo da máquina de guerra nazista, que foi a invasão da União Soviética sem, no entanto, conseguir derrotar o regime stalinista. A derrota nazista, então, se consumou, com a união entre a União Soviética, Estados Unidos e Grã-Bretanha, derrota que se deu, oficialmente, em maio de 1945.

No regime nazista, em territórios sob o seu controle, a perseguição aos judeus assumiu diferentes formas. Tivemos a discriminação legal sob leis antissemitas, como foram as Leis Raciais de Nuremberg, dentre outras leis discriminatórias. 

Tivemos a propaganda antissemita, com movimentos de boicote a empresas de propriedade de judeus, humilhações públicas, além de sinais diacríticos obrigatórios, como o uso de um crachá com a Estrela de Davi para quem fosse judeu.

A violência organizada também atingiu os judeus, como a Kristallnacht (Noite dos Vidros Quebrados), se somando a incidentes isolados e os motins sangrentos chamados de pogroms. Houve também emigrações forçadas, expulsões, reassentamentos, deportações e, por fim, a formação de guetos para isolar e estigmatizar os judeus.

A internação de judeus em guetos evoluiu para campos de concentração e de extermínio, com trabalho escravo e mortes por fome, doenças e pela eliminação nas câmaras de gás. Além disso, o confisco dos bens dos judeus também foi uma prática. Roubos e saques generalizados também ocorreram. E fuzilamentos em massa ocorreram na solução final.

Até 1941 o assassinato de judeus de forma sistemática ainda não havia acontecido. A partir de 1941 começa o plano que será chamado de “Solução Final da Questão Judaica”, em que o assasinato de judeus ganha um caráter sistemático, de mortes em massa, e de forma organizada.

A Endlösung der Judenfrage (Solução Final da Questão Judaica) foi uma forma deliberada e sistemática de assassinato em amssa de judeus na Europa, a última etapa do Holocausto que durou de 1941 até 1945. Foi uma escalada que representou assassinatos em massa de um modo sem precedentes. 

A “Solução Final” usou dois métodos de assassinato, que foram os fuzilamentos em massa em aldeias, cidades e capitais da Europa Oriental, e a asfixia por gases venenosos nos campos de extermínio nazistas.


(continua)


Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Link da Século Diário : https://www.seculodiario.com.br/colunas/o-antissemitismo-e-o-holocausto-nazista-parte-1







 

segunda-feira, 30 de maio de 2022

CONTO DO ORIENTE

 O grão-vizir fumou

o seu haxixe :

“Senhor gênio,

me dá uma papoula!”


Assim, depois da lua,

um gato preto miou,

e seus olhos amarelos

miravam a névoa.


Já dentro do castelo,

um mártir agonizava.

A princesa mandou

capar um bobo,

virou um eunuco

atarefado.


Veja, os olhos

da inveja

foram arrancados,

o grão-vizir

tinha novas sementes

em seu bolso,

ele falou ao seu gênio :

“Acho que encontrei

a minha papoula!”


Ele fumou mais

de seu haxixe,

a princesa, sua 

filha, ria

de toda 

aquela névoa,


e o gato preto,

depois de 

beber leite,

parecia

estar 

sorrindo.


30/05/2022 Gustavo Bastos 


ADAGA

 Não leia o livro mortiço

que ensina a artimanha

de quem não sabe nada,

pois, uma vez desferido

o golpe, a palavra dada

é como uma adaga,

que atinge o alvo

com veemência, 

obra de um caráter

assertivo.


A mordacidade

compõe

esta paisagem,

um campo florido

que não se 

desalinha,

ama 

e ergue

voos.


30/05/2022 Gustavo Bastos 


POEMA ASTUTO

 Senhor do tempo e da estrada,

esta vitória de lavada 

é um gol de placa,

no ápice da astúcia,

o sutil requinte

de um cálculo

direto

e reto.


30/05/2022 Gustavo Bastos 



TRAÇADO À FACA

 Voei para o magma,

a tensão vulcânica

de um poema

solar,

de um manto

fervoroso.


Após o desjejum,

tracei as linhas

mestras do

meu desejo,

de um desiderato

pétreo,

angular.


No meio da tarde,

com a campanha

aberta de meu peito,

o poema ventava

que nem um sonho, 

as asas sonhavam

estro e poder.


Já ao anoitecer,

com o vinho

de corte

do arrebol,

vivi o meu

idílio

como

um

zênite.


Ao cair 

da madrugada,

os olhos amavam

plenamente

a liberdade,

e o sonho

fez de seu

traço

o seu

vigor.


30/05/2022 Gustavo Bastos