I
Me consome a vida infeliz
com o pranto marcado
de uma noite com uma meretriz
O meu desejo alado
foi em busca da leveza
em que se foi o meu dia calado
E numa noite de torpeza
fui o belo vinho rebuscado
de uma risonha certeza
Me consome o alvo irisado
fui o teu chamariz
numa noite de vidas senis
II
O retábulo canta aos santos
e os sonhos são vários
nas vidas dos silêncios brandos
em sonoros livros sagrados
A vida infeliz se fez com calma
de uma felicidade já perdida
em que o dia vive na alma
de uma dor incontida
O vinho faz o sonho puro
de uma leve saudade no escuro
III
Oh céu turvo em busca da felicidade
meu corpo arqueja
pela vida farsesca
de um riso de maldade
Tanta dor na vida kármica
é um passo dolorido
na busca do canto revivido
de uma alma metálica
IV
O sol já se foi na barca da esperança
eu andei numa febre devota
cantar as minhas orações de criança
pela senda vazia do coração da derrota
Canto vazio o sol já se foi na nuvem
que vem me acompanhar na escuridão
das vidas perdidas nos leões que rugem
a liberdade das rosas no caramanchão
V
Bela flor é a alma encantada
que vem depois numa sonata
Bela flor de uma vida que um dia
será a tal felicidade
da canção perdida
nos tempos de uma saudade
30 de dezembro de 2008
Gustavo Bastos
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