A luz propagada pelo piano de Liszt
me emociona, canto fálico
de arte premiada,
como do outro lado também vivia
Chopin.
Das rútilas febres de Mozart,
eu caminhei em minha vitória
no sétimo céu azul
de Dies Irae,
no ritmo retumbante
ao sublime olor
de Confutatis.
Recobrei a minha consciência
depois de um surto de
musicistas.
Olhei Jano bifronte
desdenhar
de minhas serpentes
como crânios
como o Delta do Nilo
como o sonho de Osíris
à traição de Set,
ouço rumor de exércitos
numa paz do oceano
à terra desbravada
por ingleses colonialistas,
vejo Rosas da Ordem dos Fugitivos
em noite sem parcimônias
nas feras indômitas
que viviam no cérebro de um Beethoven.
Vai e vem "Mazeppa" de Liszt
enquanto nasce o poema,
eu vou e volto de rapsódias
que nem sei mesmo de onde
vieram,
rumo aos silêncios impenetráveis
de um recôndito da alma
de Apollinaire,
um assassino Villon
fugindo para sumir
sem vestígios,
um naufrágio que acaba
com Percy Shelley
ao choro inconsolável
de Lord Byron,
e uma ametista
no bolso do meu desamparo
em crise delirante
quando leio
poemas cavilosos
de Whitman,
além dos sabores
de um recheio metafísico
em Padma,
o deus tibetano
nascido do Lótus,
e a grande liberação
como a promessa filosófica
do mantra Haum.
25/05/2012 A Lírica do Caos
(Gustavo Bastos)
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