Há tempos que eu pensei em um fim de minha vida,
Eu que tive sonhos de encontrar a matemática dos astros
E a mecânica perfeita sob o caos dos átomos,
Eu que anunciei aos transeuntes da rua ao lado
A perdição de um dia sem sol,
Eu que bebi a tempestade e que delirava
Por um doce lar na estação do verão,
Eu que observei com olhos de cientista
Os menores espasmos da natureza,
Eu que olhei para o nada ao ver o horizonte
E ter nele o mundo que nunca verei,
Eu que estive com febre ao olhar calendários
De mulheres gostosas seminuas,
Eu que não me preocupei com o que me bastasse
Porque nada nunca me bastou,
Eu que montei nos cavalos selvagens
E que enfrentei o leão da montanha,
Eu que cavei areia nos desertos
Para montar castelos tão vulneráveis
Quanto o corpo humano,
Eu que nunca aprendi um instrumento musical
Por já querer ser músico
Sem notar as notas,
Eu que nunca parei para olhar o tempo
Porque ele nunca para,
Eu que, num instante de desejo,
Tive que sentir arder a minha alma
Nos meandros da libertinagem,
Eu que me descobri agora
Um homem digno da terra que me engolirá.
A Hora das Fornalhas
Há um dia
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