PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sábado, 24 de setembro de 2011

COSMOGONIA


    O mundo foi criado pela energia dos possíveis. Na sua harmonia tão caótica me faço no desespero. Vemos uma nuvem de proto-homens, prontos para uma labuta poderosa. Selva malcriada de rumos incertos, onde se combina uma escalada de progresso. Aparecem os sóis que induzem à vida! Nascemos livres. Aonde vão tão raras criaturas? Era noite quando não existíamos. Muitos ainda surgirão e serão jogados no mundo como nós. É a lei.
   Nos expulsaram do paraíso, o sofrimento é um bem hipócrita. Poderíamos contemplar uma felicidade insana e esquecer dos deveres de um pecador. Somos restos de um inventor exigente com seus filhos. Era sol invencível na juventude mundana, época em que o mar nos convidava para o seu baile de ondas, para esquecermos de tal memória de renegados.
   Como um verde campo inocente, tinha vontade de me afundar ocioso. Minto em cadeias bem articuladas, voo rasante em que a voz do futuro acorda oráculos. Nos séculos seguintes se fundou um conflito de desdentados, sedentos que agonizam, olhos fundos. Uma lágrima para cada rosto, não crio fantasmas ... eles existem. No fim tudo se queima, meu acorde fatalista, é então o vale dos que se arrastam.
   Andava no crepúsculo, nada mais era real ... atravessei aquele tempo de fluxo em agonia, senti bem perto um desastre irreparável, no ar bolorento de qualquer pesadelo. Era a vida uma certeza, e a morte uma incógnita, o que esteve antes e depois? Os mundos evoluem, certamente. A origem é reinventada, os termos se comportam no todo da linguagem das esferas. Não há doutrina visceral, uma cosmogonia que nos expõe, movimento incessante de violência criadora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário