A REINVENÇÃO DO AMOR
A noite tem os pés macios.
(Teu corpo, de um moreno pálido,
é, como a noite, brando e cálido.)
A noite escorre nas montanhas.
(Teu corpo é carne fugidia,
que some logo chega o dia.)
A noite deita-se no vale.
(Teu corpo deita-se comigo,
que amar, na vida, é nosso abrigo.)
A noite abraça os edifícios.
(Teu corpo, treva e luz, tremendo,
faz-se um com o meu, enquanto o prendo.)
A noite entra pela janela.
(Teu corpo, aberto ao meu desejo,
é mar convulso em que velejo.)
A noite invade as tuas carnes.
(Teu corpo, que é noturno e ardente,
é carne que a minha alma sente.)
A noite esvai-se num mistério.
(E enfim teu corpo, sossegado,
dorme, depois de tanto amado.)
Assim, por sermos quem nós somos,
sabendo dar-se o que nos damos,
noite após noite um só nos pomos
e o amor nós dois reinventamos.
Quem sou eu?
Há 2 semanas
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