Nesta paixão que me devora
vou seguindo o idílio e esperança
de um dia te ter nos raios da bonança
numa paz que já em mim é a tua memória
Paixão da vida devorada em sândalos
primeira fêmea despida nos ardores
em que canto a liberdade em clamores
nos meus amores que foram escândalos
Nasci de um parto partido de luta insana
fui o meio do caminho em uma dor profana
Mel da flor sou o teu trovador
o teu fulgor na casa dos meus vinte anos
anos de feras e fantasmas dos campos
uma vil flor do meu amor
Nesta paixão nasci de um parto sério
na vida que devora o fundo mistério
Sou o acaso e o ocaso de um bruto sentido
vida sentida em pavor com os ares dançantes
das minhas canções em tuas curvas insinuantes
onde posso me refestelar em teu gemido
A paz que já não me habita e me consola
é uma paz que foi embora plantada numa estaca
onde o coração transborda uma adaga
que me mata e me esfola
Antes de te perder para todo o sempre
sou a vida remota de um nubente
Sou a semente no acaso do ocaso
ocultada pela nuvem infernal
de um karma déspota e imoral
fruto do meu trabalho e roçado
Me devora a paixão de uma estrela brilhante
e eu a esqueço já agora no meu peito vacilante
23 de janeiro de 2009 (Gustavo Bastos)
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