PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

domingo, 4 de dezembro de 2011

BAIXEZA


                       
   No trânsito escaldante arde a esperança do limbo
   Quase como a quermesse e a caverna e o inferno
   Que borbulhavam o asfalto asfixiante
   No qual a boca sedenta se embriagava.
   O mais inconsequente sonho
   Possuía o meu tempo, eu saía pela madrugada
   Debaixo do mundo estrondo do espaço sanguinolento
   Das larvas que me roíam a alma por dentro.

   Eu sentia que um milagre seria o maior susto
   E o século que veio na caveira do novo milênio
   Que subiu ao histérico relógio do tédio
   Deixava-me fantasmagórico como o bruxo
   Com suas carnes indecentes
   No pavio do desespero.

   Eu medi cada verme em minha roupa
   E fiz um despacho na podre masmorra
   Dos estéreis torturados,
   Gozei no mistério da morte
   Que os olhos amantes
   Tomariam o melhor cálice de vinho
   Para o pássaro que voou para um lado
   Bem de lá da vida submersa.
   Eis-me na poesia como um corvo
   Um abutre um comedor de fezes.
   Seria grande artilharia atrás dos funerais
   O meu desdém.

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