Um eremita descansava de
seu silêncio milenar,
lá no outro dia,
à outra margem,
delirava o faquir
sua meditação,
opúsculos sobre mandalas
e seus pontos de chakras,
circunlóquios de acupuntura
na faca amolada que
corta a minha carne,
por aí está os ditos do
caminho óctuplo,
um ópio de sabedoria
entre as flores tibetanas,
o bardo em lhasa
por um punhado de
sândalo em visões
delirantes de sol,
ele emerge de seu sono,
e vê o faquir desperto
ao meio-dia, enquanto
o eremita dormia
sua paz de fuga
na beira do rio
castanho que brilhava
qual auspício de poesia,
vem aqui, disse o poeta
à borboleta, os sulcos
do rio se expandindo
no delta, as veias
do rio como aberturas
ao destino do poeta,
a borboleta voou para longe,
o poeta olhou seu tempo de vida,
lhe brilhava a face
seu sol de poema.
29/06/2020 Gustavo Bastos
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