Vultos, esferas sombrias, o grito
se anuncia.
As falas repetidas na ânsia
são ecos da solidão.
Não quero o teu perdão.
Não sou o teu sonho em vão.
Mas, encanta-me nesta senda,
vá ao rio e reze por mim,
reze à fada e ao demônio,
seja luz em sombra
sem remorso.
Quantas ancas são sinuosas
como as tuas?
Eu, que nunca tive o epíteto
de herói, gargalhava
no céu olhando o abismo.
Tinha medo de cair,
mas não tinha medo
de voar.
O sonho que alimenta,
pode ser, talvez,
a destruição da realidade,
pode ser uma saudade,
e dele nada se retira
impunemente.
O canto das águias
e o mar salgado
e minha sede
e meu grito
e meu silêncio
são os poemas.
O vinho do sentimento,
ancorado nu na praia,
faz do verão leve sonata,
tal minueto ou concerto
em sinfonia de fuga.
E tu, deusa nua,
ou diaba da floresta,
não me revela
teu nome
senão como uma
mentira
que eu criei.
Sou louco.
E no canto das esferas
a longa espera
é o fim da alma
quando ela morre
desencantada.
Mas nada nela fica,
ao imortal sonho
ela foi.
09/052012 A Lírica do Caos
(Gustavo Bastos)
Adélia Prado Lá em Casa: Gísila Couto
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