Já vai acabando mais um ano, e logo vêm um mundo de projetos para o ano que está vindo. Parece um lugar comum aqueles desejos de paz e felicidade que se repetem toda vez que estamos às vésperas do réveillon, mas não há nada mais humano do que tais mensagens de esperança e amor. Todos nós, pessoas de bem, e , no fundo, também os que pecam na maldade, queremos o melhor. O que diferencia o bem do egoísmo, na verdade, é isto, querer o bem do outro como se quer o bem a si mesmo, não é uma virtude, é um dever, seja você cristão, budista, ateu etc.
Digo que o preceito de Cristo do "amai-vos uns aos outros" é uma lei de sobrevivência da sociedade, não se faz o mundo colecionando inimigos, esses acabam solitários e rancorosos, portanto, é tempo de semear o bem no meio de muitas incoerências presentes nesse nosso mundo tão maravilhoso e confuso ao mesmo tempo, é tempo de mente aberta para a prática da bondade.
Amar o próximo então é, antes de ser uma virtude desejável, uma condição de humanidade para o porvir, senão seríamos seres de natureza hobbesiana, assassinos em série, egoístas narcisistas, e não homens e mulheres. O que nos cabe é cumprir este dever de humanidade, que não é cristão ou budista, não foi criado por Cristo, mas é uma necessidade imposta pela natureza humana, devemos partilhar nossas experiências, nossas esperanças, nossos sonhos, evitar o isolamento, não querer do outro o que ele não pode te dar, mas dar ao outro o que você tem de melhor, compartilhar é o sentido da vida de fraternidade, a grande utopía do Bem, a salvação da humanidade, é o que o futuro humano quer que se torne presente, nós que somos herdeiros de uma História sangrenta feita de guerras e que, mesmo assim, foi capaz de produzir conhecimento e sabedoria. Então, vamos fazer uso desse conhecimento e sabedoria para fazer um mundo melhor, para mudar o mundo, para que todos vivam em harmonia com a eterna bondade e o profundo amor do universo.
Crendo em Deus ou não, a virtude do bem é um dom gratuito do universo para nós seres humanos, então é momento de mudar, de fazer a diferença no mundo, de compreender que a crueldade e a ganância são um suicídio lento da sociedade, vamos ser justos e lembrar de que a vida aqui neste nosso planeta é efêmera, portanto, amar é uma urgência para vencer a morte e deixar no mundo uma semeadura virtuosa que fará de nós, mortais, seres eternos no coração do mundo, de um mundo justo de paz.
A utopia do Bem não é um devaneio, é uma questão de sobrevivência social, senão é a barbárie, senão é o fim, porque nós é que somos os autores individuais do destino coletivo, então é hora, amigos!
Gustavo Bastos, filósofo e escritor, 31 de Dezembro de 2010
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
PERSPECTIVAS PARA O BRASIL E O FIM DO GOVERNO LULA
Estamos vivendo um momento de transição presidencial, mesmo que seja o mesmo partido que permanecerá no poder, oito anos de governo Lula dará lugar a pelo menos mais quatro anos de governo para o PT com Dilma Rousseff.
Lula acaba de declarar que Dilma será a candidata do PT em 2014, acho que é justo e sensato, ainda mais se Dilma tiver a mesma sorte que Lula de pegar uma economia crescente, à exceção da crise mundial de 2008, que resultou numa grande recessão nos EUA e na chamada “marolinha” em 2009 aqui no Brasil, vaticinada por Lula na sua usual atitude de fanfarrão do poder, o que ficou claro com seu jeito despachado e subversor de linguagem numa postura um pouco inadequada para o cargo que ocupa. Mas, acho que agora Lula está sendo correto em deixar claro, se é que diz a verdade, de que não voltará em 2014. Sim, se Dilma se sair bem na empreitada desses próximos quatro anos do seu mandato, nada mais justo que seja ela a candidata do PT à reeleição em 2014.
Mas, voltando-nos ao legado de Lula no poder, nunca na História desse país um homem se sentiu tão à vontade na ribalta do poder, isso foi uma grande vitrine para o ego avantajado de Lula, nada contra isso, todos nós temos algo de vaidade, mas para Lula foi um show e então ele tem agora o seu lugar na História, o primeiro operário a virar presidente, um “self-made man” no sentido político da expressão. Lula se fez na política como um líder sindical bolchevique que, depois de três reveses, finalmente ocupou seu lugar de destaque máximo no cenário político brasileiro e um tanto no mundial por oito anos e dois mandatos.
O nosso presidente vive agora a melancolia de ter que deixar a ribalta da presidência da República, mas o seu sucesso está garantido, nada o atingiu nesses oito anos de vários acontecimentos bons e ruins, para ele e o Brasil. O mensalão, por exemplo, pegou grandes medalhões do governo Lula, mas o presidente saiu incólume, sua blindagem política foi muito bem orquestrada, José Dirceu e Antônio Palocci saíram queimados, e Lula sai do poder agora triunfante com mais de 80% de aprovação popular e com a sua nova invenção política chamada Dilma Rousseff eleita como a sua sucessora no governo petista.
O que acontece agora é que Lula, um retórico carismático, dará lugar a Dilma, que não tem muito traquejo ao se comunicar, mas que, por outro lado, tem competência técnica para tocar o barco. Lula já cumpriu o seu papel, talvez por isso ele já esteja dizendo que em 2014 não voltará. E Dilma, por sua vez, vai ter o desafio de cumprir obrigações tais como o investimento em infraestrutura, já que com crescimento do PIB anual na média de 4 a 5 %, teremos de eliminar os gargalos que isso acarreta, tais como no transporte rodoviário e ferroviário para baratear as exportações brasileiras, além de abrir o capital da Infraero para resolver o problema aeroviário.
Por fim, Dilma terá de impulsionar e viabilizar as reformas política, tributária e trabalhista, e Dilma terá para isso uma base aliada no legislativo maior do que Lula jamais teve, sem falar numa oposição enfraquecida, haja visto as crises no DEM e no PSDB. Portanto, vamos torcer para que Dilma seja mais que Lula e não a sua sombra apenas, é o que veremos.
Gustavo Bastos, filósofo e escritor, 28 de Dezembro de 2010.
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domingo, 19 de dezembro de 2010
A CURA
Jovens não deveriam adoecer,
jovens deveriam ser imortais.
O tempo tem toda a razão,
cruel é saber que morreremos,
mas que não seja logo,
que a vida dure e perdure,
que a vida seja longa
quão breve parecer,
não deixaremos de sonhar,
não vamos perder o sorriso
e nem a razão.
Se existe céu e eternidade,
que eles nos deem saúde
para enfrentar a batalha
da vida nesta terra bendita,
e que tudo não seja
acaso ou ilusão,
mas uma doce canção.
19/12/2010 Delírios
(Gustavo Bastos)
Para Beatriz Piffer.
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sábado, 18 de dezembro de 2010
O DIA EM QUE MORREREI
Nunca saberei de que maneira morrerei
se vou deixar os meus iguais tristes
nunca sentirei a pálida sensação dos que enterrei
onde posso sentar-me em nuvens agrestes
Nunca morrerei sabendo se vou pairar
no alto da madrugada com o sabor da terra na boca
ou se encontrarei o símbolo da vida no mar
e se terei tempo para a minha noite louca
Nunca ouvirei os pássaros após este fato
vou me embora sem tempo de acumular os dividendos
vou sair por aí numa nuvem preta como um rato
acabar com os meus poemas apenas como elementos
Nunca arrumarei os livros que posso ler
numa ordem lógica dos rumores que eles guardam
e apenas morrerei sem saber se posso ainda ver
os olhos de minha amada que na noite se fecharam
Nunca levarei em mim o amor pétreo
de uma redoma chamada mistério
Nunca saberei de que maneira morrerei
qual o dia e em que espírito estarei
nunca vou mudar até este dia
onde a guerra fará sua armadilha
28/02/2009 Gustavo Bastos
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SENTIMENTOS INÚTEIS
Nesta paixão que me devora
vou seguindo o idílio e esperança
de um dia te ter nos raios da bonança
numa paz que já em mim é a tua memória
Paixão da vida devorada em sândalos
primeira fêmea despida nos ardores
em que canto a liberdade em clamores
nos meus amores que foram escândalos
Nasci de um parto partido de luta insana
fui o meio do caminho em uma dor profana
Mel da flor sou o teu trovador
o teu fulgor na casa dos meus vinte anos
anos de feras e fantasmas dos campos
uma vil flor do meu amor
Nesta paixão nasci de um parto sério
na vida que devora o fundo mistério
Sou o acaso e o ocaso de um bruto sentido
vida sentida em pavor com os ares dançantes
das minhas canções em tuas curvas insinuantes
onde posso me refestelar em teu gemido
A paz que já não me habita e me consola
é uma paz que foi embora plantada numa estaca
onde o coração transborda uma adaga
que me mata e me esfola
Antes de te perder para todo o sempre
sou a vida remota de um nubente
Sou a semente no acaso do ocaso
ocultada pela nuvem infernal
de um karma déspota e imoral
fruto do meu trabalho e roçado
Me devora a paixão de uma estrela brilhante
e eu a esqueço já agora no meu peito vacilante
23 de janeiro de 2009 (Gustavo Bastos)
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PALAVRA ASSENTADA
Completo serei com o sentido da vida
existência fluida que completa o idílio
sou peça do mundo um pouco cronista
do mesmo mistério em que povoo o delírio
Sou o índio o menino e o autor da poesia
uma estrela cansada na queda do ser
um poeta desesperado no tempo do ver
aqui eu canto profundo o canto do dia
Eu levo a canção para onde o magma explode
vou angariando votos múltiplos de orgia
sábio numa delícia de vida onde o poema é minha sorte
miríades exatas de um poema de sabedoria
Não atinjo o cume da palavra
palavra é o que eu quero
palavra destemida onde há verso
palavra escrita e lida onde há morada
Desde então tenho o poder da letra
a letra infinita e o tempo infinito
a letra que é um cometa
para o sol do vivido
Somos então poetas e visionários
assuntos diversos da pena louca
imagem solta
de um poeta e seus dicionários
10/01/2009 Gustavo Bastos
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VIRTUDE DEMONÍACA
No vitral reflete uma imagem angelical
onde dormiam as catacumbas dos cristãos
em fervor o demônio ameaçava do umbral
de quebrar o vitral e perder-se no mal dos pagãos
Verte o sangue a paz emudecida
taciturna e cadavérica num sopro
ardendo por sete dias de uma semana perdida
onde o imortal seria apenas o denodo
De ter tal ousadia a peste correria
enlameada peste dos algozes
na nua vida de sons de artilharia
fazendo o enterro do que veio de risos ferozes
O vento espatifaria o sacro vitral
e a dor seria um pânico irremediável
num antro de espectros sem moral
onde a astúcia é a virtude venerável
Vai o santo e o demônio na contenda do universo
fazer da manhã seguinte a paz de antanho
onde o que se dá é um amálgama diverso
na ferocidade do eterno rebanho
09/01/2009 Gustavo Bastos
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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Desta Terra Indômita
Dos frutos da terra
emergiu a poesia,
infante da harmonia
com a força dos signos
que passam pelos olhos.
A batalha do verso
não teme nada,
não há razão
para temer,
o céu é todo nosso
em seu refúgio
contemplado
de sedução.
A vida contempla
esta sonhada virtude,
que existe em descampados
para a amplitude da visão,
como se os seres fossem
atores das sensações
tal um licor de vinhos
em bebidas cáusticas,
eis o evento da existência
no seu furor carnal
em espírito imortal.
16/12/2010 Delírios
(Gustavo Bastos)
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ROSAS E MALDIÇÕES
Rosa, estrela maior da minha vida. Sou a chama livre em teu calabouço, por sentir-me só ao te ver. Ao belprazer, madona. Me é a maldição primeira, mulher. Os ritmos são belezas tuas, e eu digo só verdes em volta. A floresta, as danças, todas as fontes, todas as magias, o além que vive.
Me dou aos lobos, às presas. Eu sou o caçador, que a caça esfola, de raiva. Outros tempos morrem. E grito: “Ó Faraó! A pirâmide me jogou ao parque de Osíris.” Vês? Tu, mulher diva. Os vinhos, malditos. As paixões, carnais. Os santos, nubentes. Nas águas beatíficas de uma missa solar. Última saída.
Lá se vai o sol, vivo, no horizonte. Que o Mal nos conte todas as razões que o coração insano quer demolir. A loucura é dos alados, os presentes de grego me seduzem. Tinha a roupa de sangue, e o mar zangado. A fúria era um lençol de fogo. Os ventos roubavam as areias dos desertos, e a montanha se dissipava. Enquanto os jogos me distraíam.
Sou mais jovem que a morte. Não há mais virgens, nem leite. Tudo foi escondido. É a seca, o solo árido. Um dia sem cor. Mas, quando voltou a primavera? Lá está ... outra flor, insana flor, bela flor, o ópio.
A tumba cresce, o coração sucumbe.
Selvagem sombra dos ânimos,
Campanha de exércitos.
Um certo ritmo nos une.
Ladrões bem vestidos, todos vivos.
Como é que uma flor volta?
Que será que diz à mãe dos hinos?
Filho, à tua pátria retorna.
A realidade está nos cabelos dela,
Flor de riso deitada na areia.
O circo pegou fogo. É verdade! Os palhaços somos nós! Quem me salvou? Ó Jesus dos infernos! Um nobre de roupas rasgadas, não sou fiel aos canibais. O mundo é cruel e nojento. A pedra que atirei foi a liberdade.
Pecados infames, noites eternas.
Em minha casa, a sedução da fumaça.
Venham aos azuis, senhores vis!
Sou a arte da guerra, um chinês me doma.
Este sábio que não faz rima, só descansa.
Logo me veio o que eu pedia,
Flor sentida, me convida à simpatia.
A tenho em meus braços, e não sofro mais.
Maldição eterna? Não, só uma pesca bem sucedida. De ar e ferida. O golpe do coração me é a força! Rosa azul, rosa vermelha, violeta sorrateira. A força que me leva. É a morte? Ou será o céu? Será!
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TRIBUTO AOS ICONOCLASTAS
Devemos voltar aos salões deste inferno bíblico. Os móveis e as ilustrações dos senhores, e dos jovens que roubavam. Os ídolos são as quimeras. A Razão e a Filosofia se enobrecem sem teologia. Os santos vencem, mas perdem seus rebanhos. Qual mistério é mais miserável que este? Lembranças de um passado de sofrimentos, das guerras dos grandes líderes de nossa aventura. A mística não é mais a herança!
“É preciso fugir! Logo! Que venham às nossas prisões, os avatares.”
Deixo os símbolos, tais orgias, para os que deles se servem como execução. A fome da loucura é senhora de si, mais que a própria razão. Tudo deve ser dito em silêncio.
Quais adoradores devemos matar? Devemos perdoá-los? Por negarem o Absoluto? Ou tudo que é o tempo não é mais? Somos ainda os mesmos adoradores, os sacrílegos.
Numa noite fétida estarei num outro mar, cercado de velhas tempestades. A lua é merecedora deste castigo. E nós, infantes, mordazes, somos os destruidores.
É fácil montar uma cabana, tornar-se uma aldeia, e esquecer dos delírios da cidade. Mas, são todos, ainda, meros ladrões de corpos. Armados como bons cidadãos que são. E a palavra bela é um escarro no lixo. Um pouco de vintém não faz mal a ninguém.
Vamos voltar ao topázio, aos rubis, às safiras. Riquezas plenas e servidoras de todos os valores bons. Tal como os versos querem. Em tudo está o fim, os dias esquecidos. Vamos dar ao tributo o palco dos ferozes, dos cristãos enjaulados. O Livro, pois, foi queimado. E a História é como uma fábula, que não resiste ao imponderável.
O eterno sorriso se faz com arte, não há histéricos ou loucos. A piedade não nos leva daqui. O destino foi desacreditado. A beatitude é apenas uma conversa. O que se fazem mesmo, são fuzis. Os ídolos maiores! Verso barulhento! Como o horror deve ser. Depois, tudo volta ao normal. Que a paz não nos deixe! Ritmo que não existe mais. Desafio que foi questionado, que foi negado. Tomada de febre, rendida.
Vamos nós! Derrubar os castelos das bruxas. Os vinhos dos desertores. Para nascermos em outra barbárie, curados de todo tédio, de toda herança. Como os eremitas. Recebendo tal fartura, a comida que nos falta. Para então, recuperar o sabor do universo.
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sábado, 11 de dezembro de 2010
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Numa Noitada Qualquer
Vou por aqui neste ácido
sonhador puxando um fumo
com a sonoridade do caos
desde o tempo das caravelas
já se masturbavam
com um caralho voador
nuances de minha escrita
revelam uma neblina pecaminosa
na ignomínia do verso
satânico de sol e fogo
foi a verve do artista
um momento
de fúria alcoólica
brindada pela valentia
sem socorro
temerária
inconsequente
desvairada
no fim daquela noite
tinha o meu nariz sangrando
e uma foto amassada
de paisagem
no meu bolso
não tinha dinheiro
para um táxi
fui de ônibus
para casa
10/12/2010 Delírios
(Gustavo Bastos)
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Ode à Bukowski
Enquanto a noite caía
eu acordava sonhando
com um tempo de vitória
desde que me veio o sono
não acendi mais cigarros
e não queimei mais
os meus lábios
teus seios fartos imaculados
me trouxeram gangrenas
e me detive num delírio
em que eu corria pelado
pelas ruas
já que o sonho era claro
como a luz do sol
o ridículo de toda esta mixórdia
é te encontrar nua numa
praia deserta
pagando um boquete
para o amante
que me roubou tudo
como um intruso
na minha festa
e eu tive que olhar
o meu mundo desmoronar
num assédio criminoso
da sua boceta
10/12/2010 Delírios
(Gustavo Bastos)
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O ALTAR E A FORTALEZA
A promessa vã é feito eldorado imaginário
onde a rosa delira na campina
e os livros se destróem num vão itinerário
pelo que sei certo no porvir da lamparina
Selva é o meu encontro de fadas e gnomos
parte de mim está no meu prazer
outra parte é recônditos de salmos e estrondos
na vaga sentimental do odor e do lazer
A promessa vã da andorinha e do pardal
é a triste pena de servir ao léu
numa borrasca infinita diluviana e astral
em busca do altar dos sacrifícios e do bordel
Respiro ardor e fervor na fé santa
quente moldura de um santo pagão
na envolvente nuvem mitológica da guirlanda
enquanto anjos tocam seus alaúdes em oração
Eis que o dia acalma em toda plenitude
de ser belo e forte como a fortaleza inquebrantável
onde ninguém se arvora a ser infinitude
mas que humildes se prostam no chão imutável
Lancei o funeral neste palácio diamantado
onde o rei é degolado pelas feras
e o escravo é alforriado
numa libertação de mazelas
09/01/2009 Gustavo Bastos
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FLORILÉGIO DO IMENSO MUNDO
Estou no costume de entender o florilégio
das noites fabris em meu doce mel
dizer sobre o assombro da máquina do mistério
eternal como o fogo e a vida de fel
Nas cascatas em que habita o indizível
vou à maior chama me tomar de indolência
e me sentir liberto e pleno do leme sensível
ao toque da cítara e do címbalo em plena consciência
Harmos do meu fatal leque de visões
ataques prontos da música no som da bateria
são os haustos exauridos das monções
em que serei o feto original da ambrosia
O toque é forte e serpenteia no peito varonil
de que as aves são as bênçãos e o voo a leveza
e a leveza o céu íntimo da ideia no fio
alma pronta e fustigada pela alta defesa
Não sei decifrar a musa do mistério
se é este o mistério profundo
o meu gládio e magistério
Aprendo na forca a sobreviver do furibundo
sobrevida de poeta e seu monastério
mistério meditabundo do imenso mundo
09/01/2009 Gustavo Bastos
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A MENSAGEM DO FORTE
Ardendo o sol silencia na torre
e uns papéis voam de poemas proscritos
na leve paisagem de um vingador torpe
que não fez o seu intento de ventos varridos
Uma clareira se aninha no pórtico
e a luz assombra a vida na noite terrível
e o vinho questiona seu sabor exótico
enquanto a chama azul vacila num bruxulear aprazível
Ardendo os campos doentes em que se entrega
a vida do poeta pelos idos anos da luxúria
este poeta se entrega na véspera da queda
pelo dia adventício da calma contra a fúria
Vindo de onde está o cavaleiro não descansa
somente pede um pouco de água sagrada
e não quer sentir a dor insuportável da lança
mas apenas refugiar-se no templo com a mão desatada
A torre então já mira para a lua
e o poeta que é o cavaleiro da miragem
corre a galope com o seu cavalo em vida crua
tal como o governo dos céus faz a sua viagem
Ardendo o poeta pede passagem
e a calma da plenitude já sofre de antemão
uma vida que pode ser apenas uma doce imagem
ou uma cena desvanecida de ilusão
E nas casas em que a solidão corrói
tudo evapora depois da chuva intensa
que o poeta traz em si e não destrói
mas apenas faz desta a sua oferenda
E lá se vão todos os anos da vida
que não são somente vultos de alegria
e nem tampouco expiações de uma ferida
mas uma visão completa de harmonia
Eis que é o vinho da morte
o brinde em que se sacia a vida do forte
06 de janeiro de 2009
Gustavo Bastos
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O DESPERTAR DO BARDO (RIMAS SERENAS)
O que o bardo explora quando dorme
é um sonho intenso de fogueira e torpor
cais onde desce o paraíso em possuído horror
na dama que desfalece em seus braços de cobre
O que a vida cintila na visão da moldura
é a sinalização para um corpo refulgente
em que a cidade de seu sonho fortemente
se refugia no mosteiro da clausura
O bardo então acorda com o som dos pássaros
passando a vida em tom de melodia maviosa
em que a dor e a alegria são o branco da rosa
rosa branca em tudo altiva para os nossos lábaros
Não teme a chama indômita do verão astuto
nas oliveiras e gramíneas verdejantes
e tem a vida nos seus vitrais pulsantes
tanto quanto antes tem o vinho em seu leito puro
O bardo já está posto defronte ao temor
e tudo que ele abarca é de sonho enorme
sonho tão livre que nos leva ao rio forte
onde as almas são leves e não temem a flor
06 de janeiro de 2009
Gustavo Bastos
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Das Coisas Belas
Antes os poemas que não faço,
das coisas que calo,
pois não me servem mais.
Antes o pranto sagrado,
a alma lavada,
o dia aproveitado.
Antes tudo que tem o poder
de me fazer feliz
qual um sorriso franco.
Antes o sol depois da chuva
do que as trevas da morte.
Poesia não se ensina
ao leigo que não viaja
com a própria cabeça.
Poesia toda inteira
é uma questão
de inteligência
aplicada à emoção.
Não se sirva do que corrompe,
faça puro o teu coração!
10/12/2010 Delírios
(Gustavo Bastos)
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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
MANTA NEGRA
Mais escura é a noite das feras
em que o passo recorda
a sutil vida que vai embora
na labareda dos sonhos de quimeras
O ardor sequioso em que me chama
a fronte sadia dos férteis campos
são os meus sonhos de acalantos
Vai o viajor perder-se em vagas enormes
deste rancor insiste em tonitruante fuga
em tudo que o labor poético segura
da vil tempestade em que tu dormes
Mais escura é a pantera em seu negror
lutando com o chacal na borrasca
e o sol latejando nas horas de couraça
é o meu terror e o teu no mesmo pranto e fervor
Traz para mim o encanto fugaz da servil noite
em que tu me chamas de cavaleiro disforme
em que tu me aconselhas de ser sempre forte
porque a vida é a força que tudo traz no açoite
Belas e pueris sereias são os dias chorosos
na manta negra de tua vida de esplendor
traz comigo o veneno de que sou pecador
e vem subitamente me tomar os dias ditosos
03 de janeiro de 2009
Gustavo Bastos
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PENSAMENTO ILUSÓRIO
Póstumas são tais miragens
do poeta a planar sobre as urtigas
ali voam as estampas das imagens
em que veem os astros suas feridas
De além-mar os corsários
fogem em mantos diáfanos
em mortes sutis nos mostruários
de uns cavalheiros de lábaros
Queimei o céu em palco degredado
com um pouco de vinho ao meu amor amargo
que em épocas remotas são pastos de um roçado
na veste púrpura do frio afago
Vem de ventre hirto pelo frio consumado
vagar pelo corpo delineado pela unção
de cadáveres mortais em seus ares de mago
o sol pestilento em tais águas de ilusão
Póstumas miragens do poeta pagão
foge da maldita Circe no inverno
e traz de um ignoto verão
a sua delícia de estar no mar eterno
Da vida o pouco que resta
é a noite vil de um barco solitário
que cai em um florão e em uma peça
o seu último ato de fiel sacrário
Póstumas as virtudes do poeta
que são as algas aventureiras
de um mar soturno em que se encerra
as miragens de seus cantos em poeiras
Pois é o fim da vida
para o velho monsenhor
na sua renascida orquídea
iluminada no farol do pecador
30 de dezembro de 2008
Gustavo Bastos
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REVELAÇÕES SOB A NOITE ESTRELADA
I
Me consome a vida infeliz
com o pranto marcado
de uma noite com uma meretriz
O meu desejo alado
foi em busca da leveza
em que se foi o meu dia calado
E numa noite de torpeza
fui o belo vinho rebuscado
de uma risonha certeza
Me consome o alvo irisado
fui o teu chamariz
numa noite de vidas senis
II
O retábulo canta aos santos
e os sonhos são vários
nas vidas dos silêncios brandos
em sonoros livros sagrados
A vida infeliz se fez com calma
de uma felicidade já perdida
em que o dia vive na alma
de uma dor incontida
O vinho faz o sonho puro
de uma leve saudade no escuro
III
Oh céu turvo em busca da felicidade
meu corpo arqueja
pela vida farsesca
de um riso de maldade
Tanta dor na vida kármica
é um passo dolorido
na busca do canto revivido
de uma alma metálica
IV
O sol já se foi na barca da esperança
eu andei numa febre devota
cantar as minhas orações de criança
pela senda vazia do coração da derrota
Canto vazio o sol já se foi na nuvem
que vem me acompanhar na escuridão
das vidas perdidas nos leões que rugem
a liberdade das rosas no caramanchão
V
Bela flor é a alma encantada
que vem depois numa sonata
Bela flor de uma vida que um dia
será a tal felicidade
da canção perdida
nos tempos de uma saudade
30 de dezembro de 2008
Gustavo Bastos
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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
domingo, 5 de dezembro de 2010
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